quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Cerrado do Castelo

A exposição "História Arqueológica de Grândola", veio despertar-me para o facto de, apesar de viver à duas décadas no Litoral Alentejano, o que conhecia do seu passado arqueológico limitava-se às várias visitas às ruínas de Miróbriga e à leitura de alguma reportagem jornalística sobre as ruínas de Tróia.
Uma primeira pesquisa revelou-me que a informação disponível, quer online quer em documentação física, ao cidadão comum, não é assim tão abundante.

Escrevo sobre o pouco que consegui apurar, na certeza de no futuro ir aprofundar as minhas pesquisas sobre a matéria.

Hoje falo sobre o Cerrado do Castelo, um espaço situado no centro da vila de Grândola, junto à escola primária, no que se pressupõe terem sido umas termas romanas.

Escavações arqueológicas puseram a descoberto um balneário e fornos de produção de cerâmica de construção
DESCRIÇÃO
No primeiro núcleo foi descoberto, do período romano, um conjunto de estruturas, possivelmente antigas termas formando compartimentos entre si, com muros pavimentados em opus signium, formadas por 4 pequenos tanques, uma piscina e duas salas. Sob a piscina, descobriram-se dois fornos circulares para o fabrico de imbrices (telhas de canudo), tendo sido utilizados na sua construção lateres tubulares. Num terreno contíguo, apareceu uma sepultura de inumação, formada por lateres, donde foi exumado um colar de ouro, engastado, moedas de bronze de Augusto, de Alexandre Severo, de Constantino e uma de Emérita.

ÉPOCA CONSTRUÇÃO
Séculos I / III / IV

CRONOLOGIA
  • Século I - Construção; 
  • Século III / IV - continuação da ocupação, mas com algumas modificações; 
  • 1914 - referido pela primeira vez por José Leite de Vasconcelos; 
  • Século XX, anos 40 - a construção da escola primária no local destrói ou danifica muitos vestígios arqueológicos; 
  • 1989 - 1990 - escavações, dirigidas por Marisol Ferreira e João Faria, identificam alguns restos arqueológicos no recinto da escola;  
  • 1996 - Por despacho de 12 de Agosto foi determinada a classificação do imóvel.
CARACTERÍSTICAS PARTICULARES
As termas devem ter sido abandonadas antes da exploração agrícola e, por isso, embora a residência tenha sido abandonada pelo proprietário, continuou a ser trabalhada pelos servidores. A proximidade da ribeira de Grândola, assim como a existência de uma barragem romana situada sensivelmente, a 2 km a Sul, a uma cota mais elevada, proporcionava uma fácil irrigação dos terrenos de cultivo e facilitava o abastecimento de águas às termas romanas; a existência neste local das termas pode indiciar a existência de um pequeno povoado, possivelmente integrado no conjunto de uma villa, que ficaria entre duas importantes cidades: Salacia (Alcácer do Sal) e Miróbriga (Santiago do Cacém); o mesmo poderia servir como estação de muda e local de descanso (FERREIRA, 1991).

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Ardea cinerea, Garça-real

Taxonomia
Aves, Ciconiiformes, Ardeidae.

Tipo de ocorrência
Açores:  Invernante.
 
Classificação
Açores:  INFORMAÇÃO  INSUFICIENTE  -  DD
Fundamentação: Não existe informação adequada para avaliar o risco de extinção. Com efeito não são conhecidos parâmetros básicos referentes a esta espécie, como o tamanho da população e tendências de declínio.
 
Distribuição
A distribuição mundial da espécie inclui Europa, Ásia e África. A população europeia é abundante e tem uma distribuição muito alargada (Cramp & Simmons 1977).

Nos  Açores  a  garça-real  é  observada  em  várias  as  ilhas  do  arquipélago,  não  sendo conhecida com detalhe a sua distribuição.

População
Nos Açores, a espécie nunca foi alvo de estudos ou censos dirigidos e nesse sentido não existem dados sobre a sua abundância a nível regional.

Em  termos  de  estatuto  de  ameaça  a  nível  da  Europa,  a  espécie  é  considerada  Não Ameaçada, embora apresente declínios populacionais pontuais dentro da sua área de distribuição europeia (BirdLife International 2004). Em Espanha, está classificada como Pouco Preocupante (LC) (Madroño et al. 2004).

Habitat
Ocorre em lagoas e em zonas costeiras.
 
Factores de Ameaça
A destruição de zonas húmidas e a ocupação humana da zona costeira constituem as principais ameaças para esta população.

Medidas de Conservação
A espécie encontra-se protegida por legislação nacional e internacional no âmbito das normas  gerais  de  protecção  das  aves  e  dos  seus  habitats,  não  tendo  sido  alvo  de acções específicas de conservação.

As prioridades de conservação incluem a clarificação do estatuto fenológico da população de garça-real que ocorre nos Açores, assim como a obtenção de dados sobre a sua distribuição e abundância a nível regional.

Notas
Nos Açores a garça-real é uma espécie migratória invernante. No entanto, e apesar de não existir confirmação da nidificação, a regularidade com que a espécie é observada nas  várias  ilhas  do  arquipélago  sugere  que  esta  possa  ser  residente  (Bannerman  & Bannerman 1966). Em Portugal Continental ocorrem populações residentes e invernantes, abundantes e com distribuição alargada, que foram classificadas com estatuto Pouco Preocupante (LC).

 in Livro Vermelho dos Vertebrados

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

G&P Sniper V.P.R. (GBB)

Marca G&P
Código do Produto WOC38
Hop-Up Ajustável
Peso 5,055 kg
Comprimento 1000.0 mm
Capacidade 39 rds
Potência 400.0 fps
Fonte de Energia Gás
Blowback Sim
Modo de tiro Semi, Automático
Características:
- Fully/Semi Automatic Airsoft Custom Gun
- Magpul PTS MOE Rifle Length Handguard Kit, PRS Carbine Stock, 39rds Gas Magazine (PMAG) and Polymer Rail Section
- Come With 3.5-10x40mm Illuminate Scope With QD Mount
- Full Metal Upgrade include internal & external parts
- Full Metal Gas Operated 39rd Magazine
- New Adjustable HOPUP Dial located inside Handguard
- Aluminum Made 14mm Clockwise barrel extension tube
- Sling mount can be installed with any single, 2- or 3- point tactical sling
Inclui:
- Magpul PTS MOE Rifle Length Handguard Kit (Dark Earth)
- MAGPUL PTS MOE Polymer Rail Section
- MAGPUL PTS PRS Carbine Stock
- Magpul Gas Blowback 39rds Magazine
- WA Vltor Type Metal Body (MUR) (Sand)
- Type II Flashider (GP874)
- WA M16 Sniper Grip (WP54S)
- Reinforced Bipod (GP-OTH003L)
- Troy Style Rear Sight (Sand)
- Vltor Type Front Sight
- WA Polymer Trigger Guard (WP165S)
- WA M16A2 Aluminum Outer Barrel (WP50)
- 30mm Quick Lock QD Scope Mount (L) (GP-MOT001)
- 3.5-10x40mm Illuminate Scope
- WA SPR Type Cocking Handle (Laser Type) (WP52C)
- WA Steel Bolt Stop (WP51)
- WA M4 Hammer Lock (WP57)
- WA Steel Magazine Catch (WP65)
- WA Steel Selector (WP69)
in Redwolf Airsoft
 

domingo, 27 de novembro de 2011

Pormenores de flores

Use objectivas macro para conseguir imagens abstractas com impacto.

Depois de captar uma grande extensão da cena, pode aproximar-se e obter incríveis fotografias de grande aproximação, usando o modo macro da sua objectiva.

Quer esteja a fotografar sob luz forte, quer numa zona de sombra, é essencial destacar o assunto num cenário confuso.

Controlar a profundidade de campo com uma objectiva macro pode ser difícil - teste varias aberturas até descobrir a que concede o efeito desejado. 

Seleccione a maior abertura, como f/2.8, para poder focar um pormenor e, em simultâneo, suavizar planos de fundo distractivos. Se quer que todo o assunto fique focado, vai precisar de uma maior profundidade de campo - opte por f/22.
Focagem manual

Como as campânulas tem poucos detalhes nas pétalas, na nossa sessão o autofoco da câmara teve problemas em fixar-se no ponto que pretendíamos.

Mudar para o modo de focagem Manual permitiu enquadrar a imagem e depois escolher o ponto de foco com toda a precisão - foque manualmente a objectiva para assegurar a máxima nitidez.
in O Mundo da Fotografia Digital - Junho 2010

sábado, 26 de novembro de 2011

Spitfire x Morgan

O core Spitfire foi a primeira encarnação do AMD Duron. Com seus 128 KB de cache L1 e 64 KB de cache L2 (contra os 256 KB do Athlon), o Duron sempre foi capaz de superar facilmente um Celeron da mesma frequência, apesar de sempre ficar um pouco atrás do Athlon e do Pentium III.

A vantagem era que o Duron sempre foi muito mais barato, ideal para computadores de baixo custo. Com o core Spitfire, o Duron foi lançado em frequências de até 950 MHz mas, ao começar a se aproximar dos limites da arquitectura, a AMD melhorou seu projecto, chegando ao core Morgan, usado nos Durons de 950 MHz de produção mais recente e em todos os de 1.0 GHz em diante.

A principal novidade da nova arquitectura é a compatibilidade com as instruções SSE do Pentium III (que a AMD chama de 3D-Now! Professional), o que traz pequenos ganhos de desempenho na maioria das aplicações. O core Morgan também foi projectado para consumir menos electricidade e dissipar menos calor, mas não se anime, pois para compensar o novos Durons também usavam uma tensão mais alta (1.75v contra 1.6v dos antigos) e operavam a frequências mais altas. Somando os três factores, os novos processadores consumiam MAIS energia que os antigos. A vantagem acabava sendo apenas o melhor desempenho.

Mesmo visualmente existiam algumas diferenças entre os dois. No Spitfire o núcleo do processador fica na horizontal, enquanto no Morgan fica na vertical. Veja que também mudou a disposição dos gold fingers do processador (usados para alterar o multiplicador ao fazer overclock):
Duron Spitfire
Duron Morgan

Graças às instruções SSE e mais algumas melhorias no projecto do processador conseguia ser de 5 a 7% mais rápido (comparando dois processadores da mesma frequência) que o core Spitfire usado nos modelos antigos.

Teoricamente, o Duron Morgan funcionaria em qualquer placa sockett A, pois usava bus de 100 MHz e tensão de 1.75v, o mesmo que o Athlon Thunderbird. Mas, na prática, alguns utilizadores queixavam-se que algumas placas antigas simplesmente não arrancavam com os novos processadores. É uma situação semelhante à do lançamento do Celeron com cache a alguns anos atrás, quando algumas placas, como a Abit BX6 simplesmente não arrancavam com o novo processador. Era preciso conseguir um Pentium II ou Celeron antigo para ligar o computador e actualizar o BIOS e só depois utilizar o Celeron.

Claro que isso se aplica apenas às placas antigas. Os modelos fabricados posteriormente já vinham com o BIOS actualizado. O facto dos Durons com core Morgan serem compatíveis com as placas antigas, reforçava que o Athlon XP, baseado no core Palomino também era compatível. Claro que no caso do Athlon XP seria necessário que a placa suportasse bus de 133 MHz. O Duron Morgan não é tão overclocável quando o Athlon, pois era fabricado com filamentos de alumínio, ao contrário dos Thunderbirds que usavam filamentos de cobre, mas mesmo era possível conseguir bons resultados.

in Manual de Hardware Completo
de Carlos E Marimoto

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

De Scouting a Escutismo

Por razões de operacionalidade discursiva, optou-se por aludir às diferentes associações escutistas fundadoras através de terminologia coeva, usando os vocábulos aduarismo, escotismo, escutismo e guidismo (expressões derivadas de adueiro, escoteiro, escuta e guia); considerou-se que, por metonímia, melhor se distinguem as diferentes agremiações identificadas. Todavia, e em sentido inverso, perante a necessidade de nomear, de forma global, ao fenómeno resultante da aplicação do scouting em Portugal, constatou-se que, à época, nenhum vocábulo em língua nacional traduzia tal conceito de forma pacífica. Procurou-se, por isso, nas raízes e mutações etimológicas do jargão da especialidade – ilustrativas do próprio processo de criação e expansão inicial do método – resposta a tal problema.
Em complemento à sua carreira militar, Robert Stephenson Smith Baden-Powell foi correspondente em viagem de vários títulos da imprensa britânica, publicou obras relativas a caça desportiva e a episódios de combate, e elaborou programas de instrução militar no âmbito do reconhecimento e exploração do território. A exploração, ou scouting, a partir da divulgação feita nas suas palestras e opúsculos, sobretudo através de Aids to Scouting (1899), extravasou o âmbito de competência militar, cativando jovens estudantes e adultos britânicos de vários quadrantes sociais e geográficos. Entre 1900 e 1908 Robert Baden-Powell concebeu um método auto-educativo na forma de jogo para rapazes, daí em diante conhecidos por boy scouts. A pressão social para a adaptação específica do método ao género feminino levou Baden-Powell a conceber e publicar, no ano de 1909, um esquema dedicado às raparigas, a partir de então designadas girl guides. A referência ao movimento internacional e ao método utilizado foi daí em diante feita através da expressão scouting.
Tomando apenas por amostra uma parte da Europa Ocidental, o contraste entre a adaptação das duas designações não podia ser maior. Girl guide foi, de forma consensual e literal, traduzido para todas línguas germânicas e latinas, incluindo a portuguesa – passou, neste caso, de girl guide a guia. Já o termo boy scout (e, por derivação, o termo scouting) conheceu diferentes versões nacionais, desde a importação directa do anglicismo à tradução idiomática do mesmo.A título de exemplo, em Espanha, boy scout foi traduzido por esculta, explorador, minyon e scout; em Itália por scout, scaut, esploratore; em França, por scout e éclaireur .
Em Portugal, a primeira associação criada, a AEP, nascida em 1913, promoveu consulta pública prévia, n’O Século (entre Agosto e Outubro de1912), para a escolha da mais indicada versão lusa de boy scout e scouting, usados literalmente aquando das experiências iniciais decorridas entre 1911 e 1912. Vingaram os vocábulos escoteiro e escotismo, tanto pela aproximação fonética às expressões inglesas originais quanto pelo seu valor em português. A significação contida em Escoteiro, aquele que viaja sem bagagem, pagando por escote, servia bem o propósito e princípios subjacentes ao método, no qual se acentua o espírito de sacrifício e desprendimento em favor de Deus e da Pátria, em várias ocasiões definido pelo próprio Robert Baden-Powell como uma cavalaria dos tempos modernos. Apesar de usado até à actualidade, tal sentido associado ao termo Escotismo ficou circunscrito ao uso pelos seus praticantes; este não conseguiu impor-se como significado alternativo ou suplementar ao já estabelecido, o de sinónimo da doutrina e escola de pensamento inspiradas em Santo Agostinho e criadas por João Duns Escoto (1265-1308), filósofo e teólogo escocês.
Inspirado na valência específica de preparação pré-militar contida no programa de Robert Baden-Powell, Artur Barros Basto, fundador da UAP, extraiu da antiga terminologia castrense portuguesa as palavras adueiro e adaíl, de raíz etimológica árabe, fazendo-as corresponder a boy scout, o rapaz, e scout master, o dirigente. A dissemelhança entre esta terminologia e a cunhada pela AEP derivou da necessidade de diferenciação do aduarismo, cuja fundação ocorreu apenas um ano depois da AEP, bem como do propositado acentuar da originalidade e tónica nacionalista da UAP.
Após as primeiras tentativas de organização sob a forma de Corpo de Scouts Católicos Portugueses (1923) e Liga Portuguesa de Scouts (1924), o Corpo Nacional de Scouts (CNS), oficializado em 1925, seguiu o exemplo do escutismo católico francês e italiano, adoptando literalmente os termos ingleses scout (elidindo boy, somente utilizado e relevante em língua inglesa, para distinguir o batedor ou explorador do exército do rapaz praticante do método de Robert Baden-Powell) e scouting. Ao fim de vários anos de debate interno promovido pela A Flor de Lis, órgão oficial do CNS, da utilização informal dos anglicismos referidos e, por vezes, da própria terminologia da AEP, foi em 1934 decidida a naturalização do termo scout. A oficialização ocorreu aquando da reformulação do regulamento geral da associação, também ela rebaptizada. Foi feita a lusificação fonética literal das expressões inglesas, e forjadas as palavras escuta (cuja afinidade com a significação da divisa, “Alerta”, a tornou relativamente consensual) e escutismo, e transformado o CNS em Corpo Nacional de Escutas (CNE).
Nos anos seguintes os termos escutismo e – curiosa fusão das expressões usadas pelas duas associações mais representadas no país (a AEP e o CNE) – escuteiro consagraram-se no discurso social generalizado e na produção de referência da língua portuguesa (dicionários, vocabulários e enciclopédias). O mesmo mas não sucedeu com o jargão restrito às próprias associações, o qual permaneceu imutável até ao presente.
No contexto semântico da terminologia inventariada, optou-se pelos últimos vocábulos referidos, os quais se nos afiguraram os mais adequados para a tradução desejada de boy scout e scouting. Escuteiro e escutismo transportam não apenas sentido referente a um fenómeno histórico especificamente nacional, como também um significado associável à globalidade das experiências ocorridas.
in LUSITÂNIA SACRA XVI
A INTRODUÇÃO DO ESCUTISMO EM PORTUGAL
 de ANA CLÁUDIA S. D. VICENTE

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Lynx pardinus, Lince-ibérico

Taxonomia
Mammalia, Carnivora, Felidae.

Tipo de ocorrência
Residente. Endémica da Península Ibérica.

Classificação
CRITICAMENTE EM PERIGO - CR (A2c+3c+4c; C2a(ii); D)
Fundamentação: A espécie teve uma redução do tamanho da população que pode ter atingido 80% nos últimos 15 a 27 anos, de acordo com a avaliação do declínio da sua área de ocupação, extensão de ocorrência e qualidade do habitat por causas que podem não ter cessado, não ser compreendidas ou não ser reversíveis, e que se supõe persistir e prolongar-se no futuro; população extremamente reduzida e com declínio continuado; admite-se que nos últimos 15 anos 90% dos indivíduos se encontrassem numa das subpopulações.

Distribuição
Até meados do século XIX, a área de distribuição do lince-ibérico cobria praticamente toda a Península Ibérica (Cabrera 1914, Kratochvíl 1968, Delibes 1979, Palma 1980, Rodríguez & Delibes 1992). Na década de 1980, a espécie apresentava uma distribuição localizada na zona Central e Sudoeste da Península Ibérica (Rodríguez & Delibes 1992). Estima-se que, entre 1960 e 1990, houve uma regressão de cerca de 80% na área de distribuição, tendência essa que parece manter-se. Actualmente, a distribuição do lince-ibérico em Espanha pode estar restrita a Doñana e Andújar-Cardeña - duas áreas onde existem populações reprodutoras - e às regiões de Montes de Toledo Oriental, Sistema Central Ocidental e algumas áreas da Sierra Morena (Guzmán et al. 2002).

A distribuição em Portugal, aferida a partir de dados relativos a 1987-1996, apresentava-se fragmentada, definindo-se cinco principais áreas de ocorrência: Malcata, S. Mamede, Vale do Guadiana, Vale do Sado e Algarve-Odemira. A presença da espécie foi ainda registada em Mira, Montesinho, Serra de Ossa e Gerês (Ceia et al. 1998). Sarmento et al. (2004) apontam para um declínio continuado na área de ocupação.

População
Em 1996, o tamanho populacional muito diminuto foi calculado em menos de 40 indivíduos, fragmentados em pequenas subpopulações. No entanto, nos últimos anos, apesar de terem sido feitos esforços de prospecção local e monitorização nacional, não há evidência de animais residentes (Pinto 2000, Sarmento & Cruz 2000, Fernandes et al. 2001, ICN 2002). Mais recentemente, existem indicações de presença de animais em território português (Fernandes et al. 2001, Pires & Fernandes 2003, Santos-Reis 2003). Apesar disso, considera-se que o cenário actual deverá ser de pré-extinção (Sarmento et al. 2004).

Habitat
O lince-ibérico selecciona bosque, matagais e matos densos de características mediterrânicas (Palomares et al. 1991, Beltrán et al. 1992, Castro 1994, Monteiro 1998, Palma et al. 1999, utilizando preferencialmente estruturas em mosaico, com biótopos fechados para abrigo e outros abertos para capturar presas (Rodríguez & Delibes 1992). Uma área com linces residentes caracteriza-se, em geral, por uma cobertura arbustiva superior a 40% e uma proporção de matagal entre 60 e 70% do habitat disponível (Palomares 2001). Os linces parecem evitar habitats artificializados, nomeadamente plantações florestais e campos agrícolas extensos, mas estes habitats podem ser utilizados na fase de dispersão (Palomares 2001).

Factores de Ameaça
As principais ameaças que têm afectado as populações de lince-ibérico são: a redução e a fragmentação da área de habitat favorável, a regressão das populações de coelho-bravo Oryctolagus cuniculus e a mortalidade não natural. Os factores estocásticos terão tido também um papel determinante nas populações pequenas e isoladas.

Desde a década de 1970, a instalação de grandes manchas de floresta de produção reduziram de forma significativa as áreas onde o lince-ibérico encontrava refúgio. Posteriormente, também a implantação de infra-estruturas como as barragens e a rede viária, transformaram áreas de habitat favorável em zonas de reduzida adequabilidade para a espécie.

O lince-ibérico é vulnerável ao atropelamento, em particular durante movimentos dispersivos. O abate ilegal por tiro e com recurso a armadilhas foi outra causa importante de mortalidade. A espécie poderá ainda estar a ser afectada por patologias e problemas de fertilidade.

Medidas de Conservação
Medidas de conservação específicas para a espécie estão previstas em vários documentos elaborados na última década. À escala global, e por recomendação do Comité Permanente da Convenção de Berna, foi adoptado o "Plano de Acção Europeu para a Conservação do lince-ibérico" (Delibes et al. 2000). Em Espanha, foi publicada em 1999 pela Comision Nacional de Protección de la Naturaleza, a "Estratégia para la Conservación del Lince Ibérico en España" e em 2001 foi aprovado um plano de reprodução em cativeiro. Em Portugal, o Plano de Acção para a Conservação do lince-ibérico (ICN 2003) prevê acções preparatórias para a reintrodução da espécie. Estas acções baseiam-se na recuperação dos habitats e do coelho-bravo, na protecção específica da espécie (incluindo criação de legislação específica), na investigação, monitorização e reintrodução da espécie, e na divulgação e educação ambiental. Algumas destas medidas estão a ser implementadas na Reserva Natural da Serra da Malcata, tendo decorrido também um programa de monitorização à escala nacional.

Desde 1999, Portugal participa no Grupo de Trabalho de lince-Ibérico em Espanha, responsável pela implementação da Estratégia de Conservação para a espécie.

Na Reserva Natural da Serra da Malcata prepara-se a estrutura de um centro de acolhimento de linces a ser integrado no Programa Ibérico de Reprodução em Cativeiro.

 in Livro Vermelho dos Vertebrados

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Salmo salar, Salmão do Atlântico

Taxonomia
Actinopterygii, Salmoniformes, Salmonidae.
 
Tipo de ocorrência
Migradora anádroma.
 
Classificação
CRITICAMENTE EM PERIGO - CR (A2bce+3ce+4bce; C1+2a(ii)b; D)
Fundamentação: Considera-se que a redução da população nos últimos 10 a 21 anos atingiu 98% do número de indivíduos maduros e prevê-se que possa continuar a verificar-se nos próximos 10 a 21 anos ou em qualquer período com a mesma amplitude que abarque o passado e o futuro. As causas da redução, embora geralmente compreendidas, não são reversíveis nem cessaram. A avaliação da redução é baseada em dados de abundância, nos declínios da área de ocupação, da extensão de ocorrência e da qualidade do habitat e também na expansão de espécies não-indígenas. Calcula-se que existam menos de 250 indivíduos maduros e que pelo menos 90% dos indivíduos maduros se encontram na subpopulação do rio Minho. Sabe-se que tem havido um declínio continuado (embora se desconheça a percentagem) durante as últimas três gerações e admite-se a existência de flutuações acentuadas no número de indivíduos maduros.

Distribuição

Ocorre no Atlântico Norte, desde a região do Círculo Polar Árctico, Islândia, Mar Báltico, até ao norte da Península Ibérica e desde o Mar de Barents até à Nova Inglaterra (Scott & Crossman 1973, Kazakov 1992).

Em Portugal ocorre nos rios Minho e Lima (Antunes & Weber 1990, IZAN 1990, Valente et al. 1991) com uma área de ocupação total inferior a 20 km2.

População
De acordo com os dados de capturas e informações de pescadores dos rios Minho e Lima, o número de indivíduos maduros é extremamente reduzido, sofre flutuações acentuadas e está em declínio continuado. A maior subpopulação é a do rio Minho. É provável que a população do rio Lima, já residual na década de 90, se tenha extinguido com a construção do açude de Ponte de Lima.
 
Habitat
Os salmões reproduzem-se em rios com caudal permanente de características salmonícolas, geralmente caracterizados por águas bem oxigenadas, ausência de poluição orgânica ou inorgânica, com substracto de cascalho ou gravilha. As características típicas das áreas de desenvolvimento de juvenis incluem zonas de baixa profundidade (inferior a 20 cm), substrato de cascalho e velocidades de corrente entre 50-70 cm/s (Environment Agency 1998, Mills 1989). Após um a dois anos em águas doces e salobras, os juvenis sofrem um processo de 'smoltificação' e migram para o mar onde passam o período de crescimento. Quando atingem a maturação sexual regressam aos locais de nascimento para se reproduzirem, comportamento que se designa por "homing".

Factores de Ameaça

As ameaças mais graves para o salmão são as que incidem na fase continental do seu ciclo de vida, das quais se destacam a construção de barragens e açudes, que alteram as zonas de desova ou impedem o seu acesso. A área disponível para a reprodução está extremamente reduzida e continua a diminuir devido aos factores de ameaça sobre o seu habitat. Outros impactos nas águas doces são a poluição, a exploração de inertes, a alteração do regime natural de caudais (devido à exploração dos recursos hídricos e ao regime de exploração das barragens) e a sobrepesca. Embora não se possa considerar que as duas populações existentes em Portugal estejam completamente isoladas, já que indivíduos erráticos de outras bacias mais a norte poderão eventualmente recolonizar estas bacias, a probabilidade de recolonização é reduzida devido ao comportamento de "homing".

Na fase marinha, e devido à sua raridade, não existe uma pesca dirigida a esta espécie mas muitos salmões são capturados juntamente com outras espécies, sendo aproveitados e registados nas estatísticas de pesca.

Medidas de Conservação

O salmão está abrangido pela legislação nacional e internacional de conservação (WWF 2001). Os rios Minho e Lima foram designados para a lista nacional de sítios de acordo com a Directiva Habitats devido à presença da espécie, entre outros valores, mas carecem ainda de medidas de ordenamento e gestão dirigidos à espécie. Tem sido alvo de alguns estudos relativos ao seu efectivo populacional, distribuição, biologia e ecologia, estado do habitat e ameaças. Foram feitos também alguns ensaios de reintroduções (IZAN 1990).

É necessário implementar as medidas preconizadas nos diversos planos de ordenamento territorial recentemente elaborados (e.g. Planos de Bacia Hidrográfica) e ainda na Directiva-Quadro da Água que deverão atingir a melhoria permanente da qualidade dos habitats aquáticos. É urgente avaliar e monitorizar as populações dos rios Minho e Lima, impedir a construção de novos obstáculos nestes rios e implementar dispositivos de transposição nas barragens e açudes existentes que possibilitem a livre circulação desta espécie no rio Lima até à barragem de Touvedo e em todo o troço internacional do rio Minho. Também é urgente o controlo estrito da pesca e da qualidade da água, nomeadamente a reclassificação dos rios Lima e Minho como salmonícolas, a reabilitação dos regimes hidrológicos naturais e a recuperação e monitorização das áreas de desova e crescimento de juvenis.

Eventualmente poderão ser necessários programas de repovoamento recorrendo a ovos ou alevins de populações próximas. Deve ser efectuada uma campanha de sensibilização do público, em geral, e das comunidades piscatórias, em particular, para a importância da sua conservação.

Outra bibliografia consultada
Valente & Alexandrino (1990); Bardonnet & Baglinière (2000).
 in Livro Vermelho dos Vertebrados

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Espingarda Tanaka Kar98K WWII

Marca Tanaka
Código do Produto TNK-98K
Hop-Up Ajustável
Peso 4,0 kg
Comprimento 1100.0 mm
Capacidade 10 bb's
Potência 420.0 fps
Fonte Energia HFC134
Blowback Não
Modo de tiro Simples
Uma relíquia da era da II Guerra Mundial, esta espingarda a gás da Tanaka Works tem uma armação em madeira real e a maioria das peças em metal.
A qualidade é muito boa e a potência é de uns excelentes 1,7J com HFC134a standard. Extremamente precisa com miras metálicas ajustáveis.
A madeira da armação é de excelente qualidade com um granulado refinado. Um item especial para coleccionadores.
in Redwolf Airsoft

sábado, 19 de novembro de 2011

Profundidade de campo

Por mais impressionante que uma grande extensão de flores possa parecer ao seu olhar, não é fácil captar todo esse impacto numa imagem. A posição a partir da qual fotografa pode influenciar muito o resultado final. Se o fizer a partir de um ponto demasiado alto, é provável que o primeiro plano pareça fundir-se com o fundo, criando uma imagem muito plana e uniforme. Por isso, o ideal é enquadrar a partir de um ponto mais baixo, de forma a obter uma perspectiva mais interessante. Tem duas opções: fotografar de pé, com uma abertura pequena (f/16), para captar uma imagem com flores nítidas em toda a cena; ou tentar algo mais criativo, baixando-se e utilizando a abertura mais ampla da objectiva - f/2, por exemplo. Ao fixar o ponto de foco perto do centro do enquadramento, desfocará as flores do primeiro plano e as do fundo.

Quer a abertura do diafragma (ver caixa em cima) quer o ponto de foco tem influência sobre a profundidade de campo.
Estas duas imagens captadas a f/2.8 mostram de que forma a focagem em áreas diferentes pode alterar os resultados.
Use o modo de prioridade à abertura para controlar a abertura da objectiva, que define a profundidade de campo da imagem. Teste vários pontos de foco.
in O Mundo da Fotografia Digital - Junho 2010

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Desempenho

Como se disse no início deste tópico, a maioria das inovações trazidas pelo Pentium 4 visam diminuir a queda de performance causada pelo uso do Pipeline de 20 estágios. Este é o grande problema do Pentium 4: apesar de estar disponível em versões de relógio velozes, o processador perde tanto para o Pentium III quanto para o Athlon em uma base relógio por relógio em praticamente todos as aplicações.

É preciso um Pentium 4 de 1.4 GHz para conseguir superar o Pentium 3 de apenas 1 GHz por uma margem considerável, e mesmo assim, em algumas poucas aplicações o Pentium 4, mesmo operando a uma frequência 40% superior chega a ficar muito próximo do seu antecessor.
Comparado com um Athlon de 1.2 GHz, novos vexames: mesmo operando a uma frequência 200 MHz superior, o Pentium 4 de 1.4 GHz, perde na maioria das aplicações. Na verdade, as únicas aplicações da época em que o Pentium 4 mostrou um desempenho convincente foi no Quake 3 (apenas no Quake 3, não em outros jogos) e na compressão de vídeo.

No futuro este cenário continuou repetindo-se, pois devido à sua arquitectura, o Pentium só consegue superar os Athlons e Pentiums III (ou Celerons, que ainda continuaram sendo produzidos durante algum tempo) numa base relógio por relógio em aplicações extremamente optimizadas para o SSE2, ou em aplicações que sejam muito dependentes da velocidade de acesso à memória, como as aplicações de compressão de vídeo e jogos que manipulem uma quantidade muito grande de texturas, com o Quake 3, já que graças ao uso de dois canais de memória Rambus, o Pentium 4 é o campeão neste requisito.
Como se disse, a arquitectura do Pentium foi claramente desenvolvida para operar a altas frequências, e não necessariamente para competir com processadores do mesmo relógio. Isto significa que o Pentium 4 sempre operará a frequências superiores às dos concorrentes, mas não necessariamente os superará em desempenho. O pior é que a estratégia pode dar certo já que ainda hoje muita gente acredita que “quanto mais Megahertz, mais rápido”.

Para não ficar para trás, a AMD adoptou um índice de desempenho a partir do Athlon XP, que compara o desempenho do processador ao alcançado pelo Pentium 4. Um Athlon XP 1800 por exemplo, opera a apenas 1.533 GHz, mas tem, segundo a AMD, um desempenho igual ou superior a um Pentium 4 de 1.8 GHz.

in Manual de Hardware Completo
de Carlos E Marimoto