quarta-feira, 24 de junho de 2009

O método escutista II

O Método Escutista é assim um método natural, que funciona um pouco por si mesmo; oferece ás nossas crianças, aos nossos adolescentes e aos nossos jovens, um espaço de liberdade, de criatividade e de crescimento, permitindo-lhes viver a sua vida dentro da sua idade, tudo isso jogando o Jogo Escutista, que no livro Baden Powell Hoje, 1975 é assim definido: 
“O jogo permite ao jovem descobrir pouco a pouco a sua personalidade, a sua identidade, fazendo-o experimentar situações, funções diferentes; incitando a criança a descobrir as suas possibilidades e os seus gostos, mostrando-lhe que é capaz de construir e de, com os outros, levar a bom termo uma acção ou um projecto. O jogo permite à criança viver a experiência insubstituível da criação de uma comunidade, onde cada um tem o seu lugar e deve respeitar os outros. Pelo jogo a criança explora o mundo que a rodeia. Os objectos e as situações adquirem um sentido, do mesmo modo que as regras e funções sociais. O jogo favorece assim a abstracção da realidade, permite a construção dum espaço simbólico interior, necessário à elaboração do pensamento.”
IMPORTÂNCIA DA MÍSTICA E SIMBOLOGIA NO PROJECTO ESCUTISTA

Todo o Projecto Escutista é desenvolvido em cada uma das secções tendo como pano de fundo uma Mística própria e diversos Símbolos. Falar da simbologia de uma Secção implica forçosamente falar da mística dessa mesma Secção.

 
Podemos definir mística como:

• Capacidade de pensar e agir de uma forma nova, à luz de uma escala de valores que foca as realidades, independentemente da sua utilidade;

• Espaço em que o homem se empenha na vivência dos valores propostos no Evangelho cuja força libertadora leva à intervenção social.  
Ora, tratando-se da educação de crianças e jovens através do Escutismo, há que recorrer abundantemente à simbologia como linguagem ou expressão que ajuda à vivência da mística em cada Secção. Pode-se, mesmo, afirmar que a simbologia alimenta o imaginário. “Assim, o símbolo vai imprimir à sensibilidade da criança um dinamismo afectivo novo, capaz de a levar a intuir, a captar, a ir mais além na apreensão do sentido profundo das coisas. É, pois, urgente estarmos alerta para «explorarmos» e aplicarmos a toda a vida das Unidades a função formativa do símbolo. E tudo isto para que os valores que contam sejam assumidos progressivamente, de forma vivencial, e a Vida tenha sentido. Efectivamente, o homem encontra-se num mundo onde não lhe são fornecidos sentidos acabados. Precisa de criar sentidos sempre novos e mais profundos, a fim de integrar a sua existência dentro de uma unidade universal. O símbolo é uma forma de linguagem que conduz o homem a uma compreensão mais profunda e englobante. Vai muito mais longe que a racionalidade do conceito. A linguagem simbólica precisa de ser interpelada. Não se impõe objectivamente. Atinge a pessoa na sua interioridade.
Os símbolos, sinais, gestos, mitos e outros que identificam a Secção à qual o jovem pertence são a expressão exterior de algo muito mais profundo que se passa no interior de cada um. O reconhecimento de uma conquista ou de algo bem feito, através de um gesto ou de um desenho, podem ter um forte impacto nos jovens. São imagens difíceis de esquecer. Daí a importância de valorizar estes símbolos à sua real dimensão. O jovem conhece e assume a realidade através de actividades que ele mesmo propõe ou elege, mas há qualquer coisa nelas que lhes dá um sentido especial. É algo de mágico, segredo e cumplicidade, ingredientes muito apropriados quando utilizados na medida certa e no sentido correcto.  
A simbologia e toda a mística a ela associada, gera um ambiente educativo apropriado, motivador e desafiante, que podemos chamar «pano de fundo».”  
Daí a necessidade não só de conhecermos bem a simbologia de cada Secção, mas também a capacidade de explorarmos os símbolos e de os aplicarmos nas mais variadas situações do dia-a-dia de uma Unidade e do Agrupamento.

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