terça-feira, 26 de novembro de 2013

Sterna albifrons, Chilreta, Andorinha-do-mar-anã


Taxonomia
Aves, Charadriiformes, Sternidae.

Tipo de ocorrência
Estival nidificante.

Classificação
VULNERÁVEL -– VU (B2ab(iii); D1)
Fundamentação: Espécie com área de ocupação reduzida (inferior a 1.000 km2), que ocorre em 10 localizações e tem sofrido declínio continuado da qualidade do habitat; a sua população é reduzida (menor que 1.000 indivíduos maturos).

Distribuição
Ocorre em zonas temperadas e tropicais, entre a Finlândia e Tasmânia. As maiores populações europeias ocorrem em Itália, Espanha e Reino Unido (Hagemeijer & Blair 1997). A maioria da população europeia inverna em África entre a Guiné e os Camarões (Hagemeijer & Blair 1997).

Em Portugal nidifica em colónias localizadas nas rias de Faro-Olhão, Aveiro e Alvor, estuários do Tejo, Sado e Mondego, nas lagoas de Santo André e Melides, no sapal de Castro Marim e numa barragem em Elvas, perfazendo uma área de ocupação reduzida (inferior a 1.000 km2, segundo cálculos de áreas apresentados por Farinha e Trindade 1994). A área de distribuição no litoral tem permanecido constante, mas a nidificação no interior do país parece ser recente. As zonas ocupadas dentro da área de distribuição do litoral sofreram uma redução, tal como atestam os ovos recolhidos no finais do século XIX em Estarreja (Themido 1948), área onde actualmente não nidifica.

População
Esta espécie foi sujeita a censos dirigidos, que abrangeram todo o território em 1976/1980, 1981/1983 e 2000/2002. A estimativa mais recente aponta para cerca de 440 casais (Catry et al. 2004). A população nidificante apresenta-se mais ou menos estável desde os anos 70 mas, em termos de habitat de nidificação, houve uma deslocação das praias e áreas dunares para salinas (Catry et al. 2004).

Em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa, a espécie é considerada Em Declínio, apresentando um declínio continuado moderado (BirdLife International 2004).

Habitat
A reprodução ocorre, entre finais de Abril e Julho, em praias e dunas com cobertura de vegetação reduzida, sapais, salinas, pisciculturas e em ilhas situadas em lagoas ou barragens. Alimenta-se em lagoas costeiras e rias mas também no mar, sobretudo no Algarve.

Factores de Ameaça
A alteração e degradação das zonas costeiras e dunares, que têm ocorrido por intensificação turística, constituem as maiores ameaças à conservação da espécie. A predação por cães assilvestrados e aves (nomeadamente alcaravão Buhrinus oedicnemus, no cordão dunar da Ria Formosa (Catry et al. 2004)) e a perturbação por pessoas constituem os principais factores de insucesso reprodutor. Marés altas e ventos fortes podem ser factores limitantes importantes em algumas colónias. O crescente abandono das salinas e transformação em pisciculturas são também ameaças relevantes.

Desconhece-se o impacto de actividades pesqueiras artesanais e da aquacultura praticada em lagoas costeiras sobre os recursos alimentares desta espécie.

Medidas de Conservação
As maiores colónias situam-se em áreas protegidas tais como a Ria Formosa e o Sapal de Castro Marim. A maioria das outras áreas onde ocorre já foram designadas como Zonas de Protecção Especial.

A espécie tem beneficiado de acções pontuais de intervenção nos habitats de nidificação (Catry 2000, Catry et al. 2000), mas medidas de ordenamento do litoral e a implementação de planos de gestão são necessárias para assegurar a conservação das áreas costeiras em que nidifica. A sensibilização do público em geral, e em particular dos veraneantes, que terão de ser impedidos de utilizar determinadas praias durante a estação reprodutora, é uma medida de conservação prioritária. Esta espécie tem beneficiado de uma monitorização regular em todo o país, a qual deverá continuar.

in Livro Vermelho dos Vertebrados


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