segunda-feira, 10 de março de 2008

A leitura

A leitura, que é um testemunho oral da palavra escrita de diversos idiomas, com a invenção da imprensa, tornou-se uma actividade extremamente importante para o homem civilizado, atendendo múltiplas finalidades.

Podemos vincular o conceito de leitura ao processo de letramento, numa compreensão mais ampla do processo de aquisição das habilidades de leitura e escrita e principalmente da prática social destas habilidades. Deste modo, a leitura nos insere em um mundo mais vasto, de conhecimentos e significados, nos habilitando inclusive a decifrá-lo; daí a noção tão difundida de leitura do mundo.

A escrita precisa ter um sentido para quem lê, pois saber ler não pode ser representar apenas a descodificação de signos, de símbolos. Ler é muito mais que isso; é um movimento de interacção das pessoas com o mundo e delas entre si e isso se adquire quando passa a exercer a função social da língua, ou seja, quando sai do simplismo da descodificação para a leitura e reelaboração dos textos que podem ser de diversas formas apresentáveis e que possibilitam uma percepção do mundo.

A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra. O acto de ler vai ocorrendo ao longo de suas experiências existenciais. Desde sua concepção, a criança vai se exercitando nas tantas “leituras” que o seu pequeno mundo lhe permite, por meio de sua percepção sensorial; depois, a leitura da palavra vai se consolidando, ao longo da sua escolarização, sobrepondo-se à leitura do mundo.

Segundo Fanny Abramovich, é por meio de narrativas que se pode descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, de outra ética, outra óptica... É ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula... Porque, se tiver, deixa de ser literatura, deixa de ser prazer e passa a ser Didáctica, que é outro departamento (não tão preocupado em abrir as portas da compreensão do mundo).

Dois bons motivos para se ler (entre tantos outros):
  • É uma actividade básica na formação cultural da pessoa. Além disso, é uma excelente actividade de lazer. A leitura de uma narrativa bem urdida, de um conto, de uma crónica e de diversos outros géneros literários, constitui uma valiosa actividade a ser incluída em nossos momentos de lazer.
  • Ler é benéfico à saúde mental, pois é uma actividade neuróbica. A actividade da leitura faz reforçar as conexões entre os neurónios. Para a mente, ainda não inventaram melhor exercício do que ler atentamente e reflectir sobre o texto.
Segundo Fernanda Leopoldina Viana:

1. Qual é o melhor método de ensino da leitura e da escrita?
  • Esta pergunta já é um bom sinal. É sinal que os candidatos a professores sabem que existem métodos de leitura e querem saber qual o melhor, provavelmente para o usarem… Não, não estou a ser irónica. É que, em pleno século XXI há muitos professores que, tendo por missão ensinar a ler, não sabem como o fazer, simplesmente porque ou nunca ouviram falar de métodos, ou porque de métodos de leitura pouco mais sabem que o nome (Viana, 2005).
2. Será o método que quero utilizar adaptado às crianças a quem vou ensinar?
  • A resposta a estas questões não é linear. Em primeiro lugar porque as metodologias e as estratégias utilizadas ou a utilizar não podem ser encaradas e avaliadas separadamente de um contexto educativo mais geral. Em segundo lugar porque uma coisa são os métodos, outra são as estratégias utilizadas para os operacionalizar e, outra coisa ainda, (de enormíssima importância) é o professor, ser humano, com todas as suas características, que vai servir de mediador.
De tudo isto concluímos o óbvio, a importância da leitura e a importância do método de ensino!
Posso escrever sobre a importância pela minha própria experiência pessoal… Sou um fã da leitura desde uma idade muito precoce, aliás é por esse facto que não posso escrever sobre a importância do método de ensino, aprendi de uma forma algo sui generis, na década de 60 do século passado os orçamentos familiares eram por norma insuficientes para as necessidades mais básicas, a aquisição de livros era um luxo a que muitos poucos se podiam dar, a minha família não era excepção à regra… O único artigo impresso que entrava lá em casa de uma forma renovada era a aquisição semanal que o meu pai fazia do jornal desportivo “A Bola”, foi por aí que começou a minha descoberta da leitura com o apoio inevitável dos professores improvisados que foram os meus pais!
A leitura implica a escrita e na mesma sequência a matemática, por isso quando em 1971 entrei na escola  primária os professores entenderam que eu estava a mais na primeira classe e no fim do primeiro período lectivo levaram-me a um exame extraordinário que me permitiu a imediata transição para a segunda classe.

Mas o meu gosto pela leitura não esmoreceu, antes pelo contrário, com a entrada na escola primária passei a ser utilizador da visita mensal da biblioteca móvel da Fundação Calouste Gulbenkian.
Em 1974 ingresso na Escola Preparatória Ciprião de Figueiredo, na sede do concelho, acabaram-se as leituras? Nem pensar, as deslocações diárias à sede do conselho facultavam-me além do acesso à biblioteca da escola também o acesso à biblioteca fixa da Fundação Calouste Gulbenkian e até uma pequena batota em relação à biblioteca móvel, em vez de aguardar pela visita mensal da mesma à minha freguesia, deslocava-me ao depósito/garagem da mesma para trocas antecipadas dos livros.
Com o decorrer dos anos e o crescimento, o facto de começar a trabalhar implicou capacidade financeira para a óbvia aquisição de inúmeros livros.
Com a mudança para o Litoral Alentejano o hábito manteve-se, consoante as mudanças de residência fui-me tornando utilizador de quase todas as bibliotecas do Litoral Alentejano…
Tendo começado a dedicar-me à informática numa fase em que a formação prática ao alcance do cidadão comum era muito pouca, mais uma vez foi a leitura a minha fonte de apoio/formação, o que levou á aquisição de inúmeras revistas da área, hábito que ainda hoje conservo embora mais reduzido, em primeiro lugar porque as revistas portuguesas atingiram a um nível muito superior e em segundo lugar porque muita da informação internacional se encontra disponível, de uma forma mais célere e económica, através da internet.
Mas também no lazer os meus hábitos de leitura me permitiram desenvolver algumas tarefas que de outra forma seriam difíceis, de referir a colaboração na Página Alerta do Jornal A União, no jornal de campo do VI Jambori Açoreano, no jornal AlÔ, no jornal SOS Prisões e no jornal Rabo Torto.
Até na vertente desportiva a leitura permite-me acesso a informação que de outra forma seria de difícil obtenção.

1 comentário:

NICOLAU disse...

Boa noite, boa tarde conforme o seu fuso horária, gostei imenso de ler o texto da literatura, apenas descordo a exebição de imagens de armas.
um abraço.
Nicolau - Lisboa