terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Anas clypeata; Pato-colhereiro, Pato-trombeteiro

Taxonomia
Aves, Anseriformes, Anatidae.

Tipo de ocorrência
Residente.
 
Classificação
População  residente:  EM PERIGO  –  EN*  (D)
Fundamentação: População extremamente reduzida (inferior a 50 indivíduos maturos). No entanto, devendo a população regional portuguesa ser dependente de imigração, que previsivelmente não diminuirá, na adaptação à escala regional desceu uma categoria.

Distribuição
Esta espécie tem uma distribuição alargada no Hemisfério Norte, ocupando a maior parto do Paleártico e do Neártico, com excepção do Norte do Árctico; no inverno encontra-se distribuída pela bacia mediterrânica, pelo Oeste, Este e Nordeste de África, Médio Oriente, Sul e Sudeste da Ásia, Sul dos E.U.A. e América Central; embora seja uma ave migradora, podem ser encontrados indivíduos durante todo o ano em alguns locais da Europa (del Hoyo et al. 1992).

Em Portugal existe um pequeno núcleo populacional residente que ocorre em menos de 10 localizações conhecidas, na metade sul do país, ocupando uma área que poderá ser inferior a 20 km2. No Inverno, altura em que há um acréscimo populacional com aves provenientes do Leste e Nordeste europeu, e região ocidental da Sibéria, apresenta uma distribuição mais alargada, ocorrendo em zonas húmidas tanto no litoral como no interior do país, embora seja mais abundante na metade sul e principalmente na faixa litoral.

População
Os censos de anatídeos realizados durante a época de reprodução no âmbito do Novo Atlas das Aves Nidificantes de Portugal (Encarnação V dados não publicados) indicam que a população nidificante de pato-colhereiro é inferior a 50 indivíduos maturos e que estará estável.

De  acordo  com  os  censos  anuais  de  aves  aquática  invernantes  em  Portugal  (Rufino 1993,  Costa  &  Guedes  1996,  Costa  &  Rufino  1993,  1996  e  1997,  Encarnação  V  & Guedes RS dados não publicados), a população invernante deste pato é muito mais numerosa, sendo superior a 10.000 indivíduos. A análise dos resultados destes censos indica uma tendência populacional incerta, mas apresentou um declínio continuado que em cinco anos foi igual ou superior a 20% (Sousa 2002b).

Em  termos  de  estatuto  de  ameaça  a  nível  da  Europa,  a  espécie  é  considerada Em Declínio, embora ainda provisoriamente, apresentando um declínio recente moderado (BirdLife International 2004). Em Espanha, o pato-colhereiro é classificado como Quase-Ameaçado (NT) (Madroño et al. 2004) mas é referida uma evolução positiva da sua população (Corbacho 2003a), o que leva a admitir um risco de extinção em Portugal mais reduzido, tendo-se descido uma categoria na adaptação regional.

Habitat

Ocorre em diferentes tipos de zonas húmidas de água doce com carácter permanente e normalmente bastante produtivas, e evita águas marinhas. Prefere áreas de pequenas dimensões para nidificar. Durante o Inverno é habitual em estuários, onde se verificam as maiores concentrações, mas também em lagoas costeiras, pauis, açudes e barragens. Utiliza os mesmos habitats para se alimentar e descansar.

Factores de Ameaça
A perda de habitat, em resultado da drenagem e destruição de zonas húmidas, e a degradação  da  sua  qualidade  devido  a  poluição  da  água  por  efluentes  domésticos, industriais e agrícolas, são a sua maior ameaça.

Começam a registar-se alguns surtos de mortalidade elevada durante o Verão em resultado da alimentação em lagoas das estações de tratamento de águas residuais, muito eutrofizadas.

Também a perturbação provocada pelo homem ameaça a sua fixação em locais apropriados à nidificação, normalmente pequenos açudes e pauis fora de Áreas Protegidas.

Medidas de Conservação
Esta espécie, tal como a maioria das aves aquáticas, beneficiaria com a manutenção dos níveis de água nas áreas onde nidifica, bem como com a minimização da perturbação nos locais quer de nidificação quer de invernada e, principalmente, com o controlo da caça ilegal.

Por outro lado, é uma espécie que beneficia largamente da melhoria da eficácia do controlo e tratamento das descargas de efluentes.

Importa também assegurar a monitorização dos efectivos invernantes.
 
Notas
Em Portugal Continental tem também uma população invernante numerosa e com distribuição alargada, em situação Pouco Preocupante (LC).

in Livro Vermelho dos Vertebrados

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