sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Fotografia Digital – O Passado e o Futuro

Esta ilustração mostra o tamanho proporcional das
fotografias captadas com as primeiras câmaras digitais
(pequena) e com os modelos mais recentes (grande).
Não foi há muito tempo que muitos de nós ficaram ao corrente da existência da fotografia digital (cerca de 1995). Esse foi o ano em que a Apple QuickTake 100 e a Kodak DC40 foram lançadas para o mercado, com preços relativamente acessíveis. Estas câmaras, ainda parecidas com as de filme, captavam imagens muito pequenas, mas foram um sucesso imediato. Algumas pequenas empresas, agentes imobiliários e de seguros, e outros consumidores ávidos por novidades, rapidamente se interessaram por elas. Elas tornaram-se de tal forma populares que, a estes modelos iniciais, logo se seguiu o lançamento de câmaras de outros fabricantes como a Casio, a Sony, a Olympus, entre outros. A corrida continuou e esta “enchente” de novas câmaras está cada vez mais acelerada. As coisas evoluíram tão rapidamente que, pelo mesmo dinheiro que anteriormente podíamos comprar uma daquelas novidades, agora é possível comprar câmaras com um rol infindável de características e especificações, como vídeo, som e controlos de nível profissional, que captam imagens vinte vezes maiores.

A câmara digital Canon EOS DCS 3,
foi lançada em Julho de 1995 e
captava imagens de 1,3 megapíxeis.
Custava cerca de 17 000 dólares.
Estas primeiras câmaras de consumo não evoluíram isoladamente. As câmaras profissionais, baseadas nas câmaras de filme, mas com sensores de imagem para captar imagens digitais, cresceram em popularidade no meio profissional. No entanto, os preços eram demasiado elevados, o que as tornava acessíveis apenas a uma elite. A Kodak lançou também o Photo CD, permitindo aos fotógrafos digitalizar as suas colecções de negativos e diapositivos a baixo custo. O processo fez sucesso entre os profissionais mas entre os amadores não foi tão bem aceite como a Kodak previra. Entretanto, as áreas editorial, da publicidade, da medicina, e muitas outras, adoptaram o digital. As imagens digitais rapidamente conquistaram esses ramos, por poderem ser instantaneamente visualizadas, enviadas por e-mail, ou inseridas em documentos. Inicialmente, foram sobretudo os profissionais que conduziram à mudança da película para o digital, mas não tardou até que a maioria dos consumidores seguissem a mesma direcção. Actualmente, a indústria de película já não está no seu auge, ao invés, está a esmorecer continuamente.

A câmara digital Canon PowerShot 600, foi lançada em Julho de 1996 e captava imagens com 500 pixeis. Custava mais de 1 000 dólares.
Mas, dada a escala desta mudança, como é que tudo isso passou a pertencer ao passado?

Willard Boyle (à esquerda) e George Smith (à direita). Cortesia da Lucent Technologies.
Agora, com as câmaras integradas em telemóveis,
como o Apple iPhone, é possível captar fotos
e enviá-las a um amigo, ou publicá-las
numa página Web. Imagem cortesia da Apple.
George Smith e Willard Boyle, do Bell Labs, foram os co-inventores do sensor CCD (chage-coupled device) e os grandes responsáveis pela mudança mas, na verdade, nunca tiveram o merecido reconhecimento público. Na altura estavam a tentar criar um novo tipo de memória semicondutor para computadores. Secundariamente, havia a necessidade de desenvolver uma câmara com circuito integrado para utilizar em serviços de vídeo-telefone. No espaço de uma hora, a 17 de Outubro de 1969, fizeram o esboço da estrutura básica do CCD, definindo os seus princípios operacionais e aplicações gerais, incluindo a formação da imagem e a memória.

Por volta de 1970, os investigadores dos Bell Labs incorporaram o CCD na primeira câmara de vídeo com circuito integrado. Em 1975, deram a conhecer a primeira câmara CCD com uma qualidade de imagem suficientemente boa para emissão televisiva. Os sensores CCD rapidamente viriam a revolucionar o fax, o scanner, as fotocopiadoras, os códigos de barras e os campos da fotografia médica. Uma das aplicações mais representativas e exigentes foi a astronomia. Desde 1983, quando os telescópios foram pela primeira vez equipados com câmaras de circuito integrado, os sensores CCD permitiram aos astrónomos estudar objectos mais aperfeiçoadamente. Com eles, era possível obter uma nitidez milhares de vezes superior à das chapas fotográficas mais sensíveis, bem como, capturar em segundos imagens que levariam horas a ser registadas em película.

Actualmente, todos os observatórios ópticos, incluindo o Hubble Space Telescope, contam com sistemas de informação digital, construídos com base nos mosaicos dos sensores CCD.

Os investigadores de outras áreas integraram os CCD em aplicações tão diversas como na observação de reacções químicas em laboratórios e no estudo da fraca luminosidade emitida pelos jorros de água quente, expelidos pelas aberturas da crosta oceânica. As câmaras CCD também foram utilizadas na observação da Terra via satélite, para controlo ambiental, inspecção e vigilância.

A fotografia digital começou por ser aplicada em astronomia, e continua a
ser utilizada nessa área. Aqui está uma imagem fantástica das colunas
de gás, em Eagle Nébula. O pilar maior (à esquerda) está a cerca de quatro
anos-luz de distância da base. No interior estão a formar-se estrelas embrionárias.
Crédito: Jeff Hester e Paul Scowen (Universidade do Estado de Arizona) e NASA
(http://hubblesite.org).
A qualidade de imagem foi incrivelmente melhorada ao longo dos anos e, actualmente, a maioria das pessoas está satisfeita com a qualidade e com a nitidez das suas fotos. Por esta razão, a batalha do marketing, sobretudo no que respeita às câmaras de apontar-e-disparar ou câmaras de bolso, centra-se sobretudo nas características e especificações. Visto que as câmaras digitais são semelhantes a computadores, os fabricantes podem programá-las para fazer todo o tipo de coisas que as antigas câmaras mecânicas jamais poderiam fazer. Elas são capazes de identificar rostos numa cena para focá-los, detectar e eliminar olhos vermelhos, ou permitir ao utilizador ajustar as cores e os tons das suas imagens. Algures na infindável lista de possíveis características, haverá um ponto de viragem em que a complexidade das funcionalidades será tal que ultrapassará a utilidade das mesmas, tornando-as desnecessárias. Provavelmente já chegamos a esse ponto, ou até já o tenhamos ultrapassado. Quando se informa sobre o rol de funcionalidades, experimente perguntar a si mesmo se usará realmente essas funções e qual o grau de controlo que pretende ter sobre a sua câmara. Ao avaliar as funções, tenha em mente que muitas das fotografias mais marcantes da história da fotografia foram registadas com câmaras que apenas permitiam controlar o foco, a abertura do diafragma e a velocidade do obturador.


Sem comentários: