terça-feira, 3 de agosto de 2010

Chioglossa lusitanica, Salamandra-lusitânica

Taxonomia
Amphibia, Caudata, Salamandridae.

Tipo de ocorrência
Residente. Endémica da Península Ibérica.

Classificação
VULNERÁVEL . VU (B2ab(ii,iii,iv,v))
Fundamentação: Espécie com área de ocupação inferior a 1.000 km2, admitindo-se que apresente fragmentação elevada e declínio continuado da área de ocupação, da qualidade dos habitats, do número de localizações e do número de indivíduos maduros.

Distribuição
Espécie endémica da Península Ibérica, com distribuição restrita à região nor-ocidental.

Em Portugal ocorre em todo o Noroeste, apresentando como limite sul o rio Tejo.

A distribuição da espécie em Portugal corresponde a cerca de 50% da sua distribuição global (Teixeira et al. 2001, Vences 2002).

População
Calcula-se que o número total de indivíduos maduros se situe acima dos 10.000, uma vez que, nos locais onde ocorre, esta espécie é em geral abundante (Lima 1996, Teixeira et al. 1998).


A espécie encontra-se severamente fragmentada em zonas densamente povoadas, que constituem uma parte substancial da sua área de distribuição, dado o elevado nível de poluição da maior parte dos cursos de água e de destruição dos seus habitats. No entanto, em zonas com pouca perturbação humana, caso por exemplo das Serras do Gerês, Montemuro, Caramulo, Arada e Lousã, ainda ocorrem núcleos populacionais com bons efectivos.

Habitat
Ocorre principalmente em zonas montanhosas, junto a ribeiros de água corrente com vegetação abundante nas margens e atmosfera saturada de humidade. Este urodelo não possui pulmões funcionais, respirando sobretudo através da pele, o que contribui significativamente para as suas elevadas exigências ecológicas em termos de saturação de humidade do ar.

De uma maneira geral, os biótopos circundantes são constituídos por bosques caducifólios ou lameiros, podendo também ocorrer noutros biótopos tais como campos agrícolas (Teixeira et al. 1998).

Factores de Ameaça
A perda, fragmentação e degradação do habitat por acção do Homem são consideradas as maiores ameaças para esta espécie, sobretudo devido: (i) à poluição dos cursos de água por efluentes industriais, domésticos e agrícolas; (ii) à destruição dos habitats circundantes dos rios e ribeiros, em particular a vegetação ribeirinha; (iii) à agricultura intensiva; (iv) à substituição das florestas caducifólias por florestas de produção de espécies não indígenas e (v) à urbanização desordenada (Teixeira et al. 1998). Para além destes factores, a salamandra-lusitânica apresenta uma capacidade de dispersão limitada (Arntzen 1981, Lima 1996), o que a torna particularmente sensível a quaisquer alterações dos seus habitats.

Medidas de Conservação
As medidas de conservação devem concentrar-se na manutenção dos seus habitats, particularmente os pequenos ribeiros de água limpa das regiões montanhosas. É também relevante conservar as áreas florestais autóctones, nomeadamente as florestas de caducifólias e os bosques ribeirinhos, bem como empreender acções eficazes para a prevenção dos incêndios florestais. Para além disto, deverá ser dada uma atenção especial à conservação das minas e galerias muito utilizadas como locais de reprodução desta espécie.

No Sítio da Rede Natura 2000 .Valongo. foi desenvolvido um projecto de conservação direccionado para esta espécie, que consistiu na monitorização das populações, em acções de maneio do habitat, nomeadamente a eliminação dos eucaliptos da área circundante dos principais ribeiros, e na divulgação e sensibilização ambiental das populações locais.

Notas
Na área de distribuição desta espécie estão descritos dois grupos populacionais geneticamente distintos, separados pelo rio Mondego, aos quais deverão ser atribuídos estatutos de subespécie, estando a maior diversidade genética concentrada a sul do rio Mondego (Ferrand de Almeida et al. 2001, Alexandrino et al. 2000, 2002, Sequeira et al. 2005).

Julga-se que esta espécie seja o único representante actual do seu género, ocorrendo os seus mais próximos afins na região do Cáucaso e Ásia Menor.


Outra bibliografia consultada
Alexandrino et al. (1997), Lima et al. (2000); Teixeira & Arntzen (2002).

in Livro Vermelho dos Vertebrados

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