sábado, 13 de setembro de 2008

A década de 80

Intel 8086
Como profetizado por Gordon Moore, os processadores vem dobrando de desempenho a cada 18 meses desde o início da década de 70. Uma década é uma verdadeira eternidade dentro do mercado de informática, o suficiente para revoluções acontecerem e serem esquecidas.
Gordon Moore
Depois dos dinossauros da década de 70, os computadores pessoais finalmente começaram a atingir um nível de desenvolvimento suficiente para permitir o uso de programas sérios. Surgiram então os primeiros programas de processamento de texto, folhas de calculo e até mesmo programas de edição gráfica e desenho.

O primeiro PC foi lançado pela IBM em 1981 e tinha uma configuração bastante modesta, com apenas 64 KB de memória, dois drives de disquetes de 5¼, um monitor MDA somente texto (existia a opção de comprar um monitor CGA) e sem disco rígido. O preço também era salgado, 4000 dólares da época.

Esta configuração era suficiente para rodar o DOS 1.0 e a maioria da programas da época, que por serem muito pequenos, cabiam em apenas uma disquete e ocupavam pouca memória RAM. Mas, uma vantagem que existe desde este primeiro PC é a arquitectura aberta, que permite que vários fabricantes lancem acessórios e placas de expansão para ele. Foi questão de meses para que começassem a ser vendidos discos rígidos, placas de expansão de memória, placas de vídeo, etc. de vários fabricantes.
Apple III
A Apple havia lançado o Apple III poucos meses antes do PC. Os dois equipamentos bateram de frente, pois disputavam o mesmo mercado e o Apple III acabou levando a pior, apesar da sua configuração não ficar devendo à do PC e o preço dos dois ser quase o mesmo. O Apple III vinha com 128 ou 256 KB de memória, dependendo da versão, um processador Synertek 6502A de 2 MHz e drive de disquetes de 5¼. O grande pecado foi o uso de um barramento de expansão proprietário, o que limitou as possibilidades de upgrade aos acessórios oferecidos pela própria Apple, uma característica que acabou sendo a grande responsável pela supremacia do PC.

Em 1983 a Apple apareceu com uma grande novidade, o Lisa. Na sua configuração original, o Lisa vinha equipado com um processador Motorola 68000 de 5 MHz, 1 MB de memória RAM, duas drives de disquetes de 5.25” de 871 KB, HD de 5 MB e um monitor de 12 polegadas, com resolução de 720 x 360. Era uma configuração muito melhor do que os PC's da época, sem falar que o Lisa já usava uma interface gráfica bastante elaborada e já contava com uma suite de aplicativos de escritório à lá Office. O problema era o preço, 10.000 dólares. Isso em valores da época, em valores corrigidos seria quase o dobro.
Apple Lisa
O Lisa era muito caro, por isso novamente não fez muito sucesso, mas o projecto serviu de base para o Macintosh lançado em 1984. Este sim fez um grande sucesso, chegando a ameaçar o império dos PC's. A configuração era compatível com os PC's da época, com um processador de 8 MHz, 128 KB de memória e um monitor de 9 polegadas. A grande arma do Macintosh era o MacOS 1.0, um sistema inovador de vários pontos de vista.

Ao contrário do MS-DOS ele já utiliza interface gráfica e rato, o que o tornava muito mais fácil de ser operado. O MacOS continuou evoluindo e incorporando novos recursos, mas sempre mantendo a mesma ideia de interface “user friendly”. Actualmente, é possível rodar as versões antigas do MacOS mesmo num PC, usando emuladores como o vMac (http://leb.net/vmac) e o SoftMac (http://www.emulators.com).
MacOS 1.0
Em 1984 já existia também a primeira versão do Windows, que era uma opção para os utilizadores de PC's interessados em utilizar uma interface gráfica.

O Windows 1.0 rodava sobre o MS-DOS e podia executar tanto aplicativos para Windows como os programas para MS-DOS. O problema era a memória.

Os PC's da época vinham com quantidades muito pequenas de memória RAM e na época ainda não existia a possibilidade de usar memória virtual (que viria a ser suportada apenas a partir do 386).

Para utilizar o Windows, era preciso primeiro carregar o MS-DOS. Os dois juntos já consumiam praticamente toda a memória de um PC básico da época. Mesmo nos PC's mais potentes não era possível utilizar muitos aplicativos ao mesmo tempo, novamente por falta de memória.

Como os programas para Windows eram muito raros na época, poucos utilizadores viram necessidade de utilizar o Windows para usar os mesmos programas que usavam (com muito mais memória disponível...) no MS-DOS. Sem contar que a versão inicial do Windows era bastante lenta e tinha vários bugs.

O Windows começou a fazer algum sucesso na versão 2.1, quando os PC's 286 com 1 MB ou mais de memória já eram comuns. Com uma configuração mais poderosa, mais memória RAM e mais programas, finalmente começava a fazer sentido utilizar o Windows. O sistema ainda tinha vários bugs e bloqueava com frequência, mas alguns utilizadores começaram a migrar para ele.
Windows 2.0
O Windows arrancou mesmo a partir da versão 3.1, que muitos de nós chegaram a utilizar. O Windows 3.1 era relativamente leve, mesmo para os PC's da época e já suportava o uso de memória virtual, que permitia abrir vários programas, mesmo que a memória RAM se esgotasse.

Já existiam também vários programas para Windows e os utilizadores tinham a opção de voltar para o MS-DOS quando desejassem.

Foi nesta época que os PC's começaram a recuperar o terreno perdido para os Macintoshs da Apple. Convenhamos, o Windows 3.1 bloqueava com muita frequência, mas tinha muitos programas e os PC's eram mais baratos que os Mac's.

Na época começaram a surgir os primeiros concorrentes para o Windows, como o OS/2 da IBM.
OS/2
Desde o início da era PC, a Microsoft e a IBM trabalhavam juntas no desenvolvimento do MS-DOS e outros programas para a plataforma PC. Mas, em 1990 a IBM e a Microsoft se desentenderam e cada uma ficou com uma parte do trabalho feito, com o qual tentaram tomar a liderança do mercado de sistemas operativos.

Alguns brincam que a IBM ficou com a parte que funciona e a Microsoft com o resto, mas a verdade é que apesar do OS/2 da IBM ser tecnicamente muito superior ao Windows 95 da Microsoft, foi o sistema das janelas quem levou a melhor, pois era mais fácil de usar e contava com a familiaridade dos utilizadores com o Windows 3.1.

O OS/2 ainda é utilizado por alguns entusiastas e existem até mesmo movimentos para continuar o desenvolvimento do sistema, mas faltam programas e drivers.

Um sistema muito mais bem sucedido, que começou a ser desenvolvido no início da década de 90 é o Linux, que todos já conhecemos. O Linux tem a vantagem de ser um sistema aberto, que actualmente conta com a colaboração de centenas de milhares de programadores voluntários espalhados pelo globo, além do apoio de empresas de peso, como a IBM. Mas, no começo o sistema era muito mais complicado que as distribuições actuais e não contava com as interfaces gráficas exuberantes que temos hoje em dia.
Linux
O desenvolvimento do Linux foi gradual, até que houve a explosão do acesso à Internet em 95, quando o sistema começou a ser usado por um número cada vez maior de servidores Web, pois era estável e gratuito. Hoje o IIS da Microsoft consegue brigar de igual para igual (pelo menos em número de utilizadores), mas no início Linux era sinónimo de servidor Web.

A Microsoft continuou melhorando seu sistema. Foram lançados o Windows 95, depois o 98, depois o ME, depois o XP e finalmente o Vista, com todos os problemas que conhecemos mas com a boa e velha interface fácil de usar e uma grande safra de programas que garantiram a popularização destes sistemas.

Paralelamente, a Microsoft desenvolvia uma família de sistemas Windows destinadas a servidores, o Windows NT, que chegou até a versão 4, antes de ser transformado no Windows 2000.
Actualmente, as duas famílias Windows fundiram-se no Windows XP, um sistema destinada tanto ao uso doméstico quanto em estações de trabalho e servidores, e que pode ser considerado um sistema estável (ao contrário do Windows 98 e ME) pois é baseado no Windows 2000.

Enquanto isso, o Linux continua avançando. Por enquanto o sistema é usado apenas em 2% dos computadores de mesa (fora os utilizadores casuais e os que mantém Windows e Linux em dual-boot), mas tem a possibilidade de crescer bastante no futuro, com a ajuda de programas como o Gimp e o StarOffice, que substituem o Photoshop e o Office, mas isso tudo já é uma outra história!

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