quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O Guia de Patrulha

Guia, é todo indivíduo que, graças à sua personalidade, dirige um grupo social, com a participação espontânea dos seus membros.

O guia é a pessoa que procura dirigir com a cooperação, a participação espontânea e a boa vontade das pessoas que ele dirige. O guia não diz: - faça isto, faça aquilo, mas sim - é preciso fazer isto, quer-me fazer um favor, nós temos necessidade de levar este trabalho para frente, etc.

O guia considera o grupo mais capacitado em resolver os problemas do que ele sozinho. Respeita os membros e crê neles. Consegue a cooperação do grupo, pela sua competência, paciência e tolerância. Não dá ordens: dá o exemplo, estimulando, em vez de ralhar.

As características citadas são qualidades que, seguramente, encontramos em todo e qualquer Escuteiro, não se exigindo, portanto, que o Guia seja alguém tão especial.

Inúmeras outras funções poderiam ser acrescentadas à nossa lista, todas relacionadas com características comuns, despidas de qualquer marca extraordinária. Para evitar que a lista se torne muito longa, vamos citar só mais uma função do Guia, capaz de englobar todas aquelas que já citamos, além de muitas outras que ficaram fora da lista.
A principal função do Guia de Patrulha é dar o exemplo. Uma Patrulha é o retrato mais fiel do seu Guia. É porque se identifica com ele, admira as suas atitudes e pretende esforçar-se para copiá-las que uma Patrulha escolhe um determinado elemento para ser o seu Guia. Uma vez feita a escolha, o mais importante dever do escolhido é aprimorar aquelas características que despertaram tal sentimento na Patrulha, pois melhorando a si próprio, o Guia estará levando toda a Patrulha a melhorar.

Reconhecer e assumir essa responsabilidade é a única forma de desempenhar a contento o encargo de ser um Guia de Patrulha.

QUAIS SÃO OS TIPOS DE GUIA


O Autocrático - aqueles que não se importam com o que seu subordinado pensa. Ele os trata como simples servidores (faça isto, faça aquilo). Em geral é uma pessoa irritável, brutal, egoísta e incapaz de compreender os outros. Muitas vezes trata os outros assim, porque, ele mesmo foi criado dessa mesma maneira.

O Maquiavélico
- Utiliza-se de intrigas: nunca reúne os membros do grupo para trocar ideias; mas conversa em particular com cada um deles. É um mestre em mexerico.

O Vaidoso e Ambicioso
- Torna-se guia por causa da idade e das etapas que tem o escutismo. Não consegue ser imparcial, pois tem tendência a favorecer os que o bajulam.

O Instável - Os seus subordinados não conseguem seguir as suas instruções diferentes ou contrárias, enquanto ainda estão executando as primeiras ordens.

O Paternalista
- Como o nome indica, é o guia que tem com o seu pessoal um relacionamento de pai para filho; é um guia que usa a bondade para obter o que quer dos seus subordinados. Dar presentes distribui somente tarefas agradáveis pensando que: "Eu fui bom para você, então espero que você seja bom para mim".

O deixar fazer
- são aqueles que deixam ficar para ver como está. Em geral este tipo de pessoa é muito insegura, e tem receio de assumir responsabilidade. Ao contrário do outro que dava ordens, este não dá instrução nenhuma, cada um de seus auxiliares faz o que quer e como bem entende. Na divisão do trabalho, na repartição das responsabilidades, a confusão é completa.

GUIA - LÍDER DA PATRULHA

A liderança é a direcção na qual se procura concentrar toda a atenção sobre as atitudes e interesses dos subordinados, que não são tratados como simples auxiliares, mas, sim, como colaboradores.

AS FUNÇÕES DO LÍDER


Como para nós, a liderança é muito mais um encargo do que uma qualidade, não tem sentido falar de características do líder. O líder, para nós, é uma pessoa absolutamente igual às outras, e não nos interessam suas características pessoais e sim, analisar o papel que lhe está reservado dentro do grupo por ele liderado. Assim, em lugar de características do líder, eis aqui as funções do líder:

Estar presente
O líder acompanha muito de perto toda e qualquer actividade do grupo. A sua presença é ponto importante para que haja a necessária convergência de esforços.

Manter uma atmosfera adequada ao andamento dos trabalhos
O líder deve fazer com que todos se sintam bem trabalhando.

Reconhecer as capacidades e as limitações de cada um dos integrantes do grupo
Esta é a única forma do líder direccionar cada um para a tarefa mais adequada e de orientar cada um no sentido de buscar o seu auto-aprimoramento.

Conquistar a confiança

O líder deve conquistar a confiança de todos aqueles que se relacionam com as actividades do grupo, mesmo que não o integrem directamente, como o caso das famílias dos membros de uma Patrulha. Os integrantes do grupo, directamente empenhados no cumprimento das tarefas, e quaisquer outras pessoas cujas atitudes possam influenciar os resultados alcançados pelo grupo, devem depositar no líder uma grande dose de confiança, a qual deve ser conquistado pôr ele.

Colocar os interesses do grupo acima de interesses menores

Isto é, dedicar-se, sem exageros prejudiciais, aos interesses do grupo. Não são raros os líderes que caem no exagero de colocar os interesses do grupo acima de quaisquer outros interesses, terminando por causar prejuízos ao grupo em decorrência dos prejuízos que causam a si próprios e aos demais integrantes.

Estar disponível
O líder deve estar disponível nos momentos em que o grupo dele necessita, sem buscar desculpas para eximir-se de suas responsabilidades.

Cooperar para o sucesso do grupo
O líder deve limitar-se a mandar fazer, mas metendo, ele próprio, a "mão na massa". Um líder que se considera acima dos demais e que assume, diante das tarefas, uma atitude superior, julgando que executá-las pode prejudicar sua imagem de grande autoridade, estará demonstrando mais preocupação com as honras do cargo do que com os legítimos interesses do grupo cuja liderança lhe foi confiada.

Não dar colher de chá

Sem grosserias, sem exigências absurdas, respeitando as limitações de cada um dos integrantes do grupo, agindo sempre com cortesia e educação, marcando suas atitudes pela ponderação e pelo bom senso, o líder não se descuida de sua função principal, qual seja a de levar o grupo até o objectivo fixado.

Reconhecer que não é o tal
O líder está, como qualquer outra pessoa, sujeito a erros e limitações. Deve reconhecer que não é um sabe-tudo nem o dono da verdade. Em lugar de buscar impor ao grupo suas decisões, é função do líder escutar o grupo, na certeza de que todos os seus integrantes querem, tanto quanto ele, que o grupo alcance o sucesso.

Organizar os esforços do grupo

As dificuldades para a realização de qualquer tarefa crescem assustadoramente na medida em que aqueles que vão realizá-la não se organizem para o trabalho. É muito fácil imaginar-se, por exemplo, como será desconfortável uma noite numa barraca que, por desorganização da Patrulha foi armada antes que o terreno fosse limpo, deixando no seu fundo, pedras e raízes que deveriam ter sido previamente removidas.

Ouvir queixas, reclamações, ponderações e sugestões
Acatando e procurando soluções para as que forem procedentes e descartando as demais, sem ferir aquele que as apresenta e sem permitir que as mesmas interfiram com o andamento dos trabalhos. Qualquer pessoa é capaz de executar esta função, desde que disponha a desenvolver a paciência.

Cumprir e fazer cumprir os horários estabelecidos
Esta é uma função bastante simples, pois depende, apenas, de exercitar uma virtude que não pode ser separada da boa educação, a pontualidade.

Observe que citamos 12 funções do líder, cada uma delas associada a uma característica. As funções não foram mencionadas em ordem de importância, pois todas são igualmente importantes. Elas estão citadas na sequência das características a que estão associadas: assiduidade, bom humor, compreensão, confiabilidade, dedicação, disponibilidade, espírito de cooperação, firmeza, humildade, organização, paciência e pontualidade.

A ESCOLHA DO GUIA

O Guia de uma Patrulha de Escuteiros é, normalmente, o elemento mais velho e mais treinado de sua Patrulha e na maioria das vezes um líder natural.

Por normas e por ser considerado um auxiliar da chefia, ele deve ser nomeado pela chefia que deverá levar em consideração seu adestramento, interesse, dedicação e principalmente a sua lealdade aos ensinamentos que de B.P. nos deixou.

O Conselho Patrulha deve indicar o seu guia, que normalmente (mas não obrigatoriamente) é aceito pela chefia para exercer o cargo.

O Conselho de Patrulha elege o seu guia, e caso ele não corresponda aos anseios da Patrulha, o mesmo "Conselho" poderá destituí-lo do cargo.
 
adaptado do "Manual do Curso Técnico do Ramo Escoteiro"
da União de Escoteiros do Brasil

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