terça-feira, 25 de março de 2014

Porzana porzana, Franga-d’água-malhada, Franga-d’água-grande


Taxonomia
Aves, Gruiformes, Rallidae.

Tipo de ocorrência
Invernante.

Classificação
INFORMAÇÃO INSUFICIENTE - DD
Fundamentação: Não existe informação adequada para avaliar o risco de extinção. Com efeito não são conhecidos parâmetros básicos referentes a esta espécie, como a dimensão e tendência da população, distribuição e requisitos de habitat.

Distribuição
Encontra-se distribuída durante o período reprodutor pelo continente Euro-asiático, desde o Atlântico até à China. No inverno ocupa desde o Mediterrâneo ao Médio Oriente e ao Mar Cáspio, bem como grande parte da África (del Hoyo et al. 1996).

Em Portugal, a informação existente relativa à população invernante durante as duas últimas décadas é bastante escassa. Não se conhecem mais do que cerca de uma dezena de registos maioritariamente realizados em zonas húmidas costeiras (Ria de Alvor, Lagoa de Sto. André, Paul de Budens, Baixo Mondego), mas também de interior (Montemor-o-Novo) (Bolton 1990 in Neves 1990, Freire et  al. 1993  in Neves 1993, Moore 1995  in Neves & Costa 1995, Moore 1996 in Grupo de Trabalho das Raridades 1996, Pereira 2000 in Elias 2000, Noticiário Ornitológico, SPEA).

População
Segundo as referências bibliográficas de autores clássicos, a franga-d’água-malhada deverá ter sido bastante mais abundante e bem distribuída em Portugal do que na actualidade e deverá ter sofrido um declínio acentuado entre finais do século XIX e a primeira metade do século XX (Bocage 1862 e 1869, Coverley 1932, Paulino d’Oliveira 1896, Tait 1924). Actualmente não se conhece com rigor a dimensão da população invernante mas, mesmo tendo em conta que é uma espécie de muito difícil detecção, pode-se afirmar-se que o efectivo envolvido é seguramente de reduzidas dimensões. Nas últimas duas décadas apenas foi possível recolher cerca de uma dezena observações durante o período  de  invernada  (Novembro  a  Fevereiro)  envolvendo  sempre  indivíduos  isolados (Bolton 1990 in Neves 1990, Freire et al. 1993 in Neves 1993, Moore 1995 in Neves & Costa 1995, Moore 1996 in Grupo de Trabalho das Raridades 1996, Pereira 2000 in Elias 2000, Noticiário Ornitológico, SPEA).

Em Espanha é classificada como com Informação Insuficiente (DD) (Madroño et al. 2004). A nível europeu a espécie é considerada como Não Ameaçada, provisoriamente; apesar de as relevantes populações da Rússia, Bielorússia e Roménia se apresentarem estáveis ou em crescimento, registam-se declínios em alguns países da sua área de distribuição europeia (BirdLife International 2004).

Habitat
Em Portugal a franga-d’água-malhada aparece geralmente associada a zonas húmidas costeiras de tipos diversos (caniçais, pauis, lagoas), desde que possuam vegetação aquática emergente densa (e.g. caniço Phragmites australis, junco Juncus maritimus, bunho Scirpus spp., junça Carex sp.). Frequenta zonas encharcadas ou de água pouco profunda, alimentando-se nas clareiras entre a vegetação.

Factores de Ameaça
Pouco se sabe acerca dos factores de ameaça para esta espécie no nosso país, uma vez que é grande o desconhecimento da sua situação populacional e requisitos ecológicos.

Aparentemente, encontra-se ameaçada principalmente pela perda e modificação dos seus habitats. A contaminação do meio aquático por pesticidas e efluentes industriais e domésticos terá também um efeito pernicioso, tal como referenciado para a franga-d’água-pequena (Dies & Dies 2003).

Medidas de Conservação
Dadas as lacunas de conhecimento sobre a situação da franga-d’água-malhada em Portugal, é difícil identificar medidas concretas para a sua conservação. Uma prioridade é conhecer a sua situação populacional e requisitos ecológicos. Por outro lado, a protecção das zonas húmidas com habitat favorável é também essencial. Uma parte significativa das zonas húmidas com habitat favorável encontram-se na rede nacional de áreas protegidas e/ou ZPE’s. No entanto, deveriam ser classificadas como áreas protegidas algumas zonas húmidas actualmente sem qualquer estatuto de protecção. A integração de medidas de gestão adequadas nos planos de gestão existentes ou a realizar, como a manutenção de níveis de água apropriados durante a primavera e a manutenção da vegetação palustre emergente, e a sua implementação, afiguram-se essenciais.

Notas
Esta espécie ocorre também em Portugal Continental como migrador de passagem.

in Livro Vermelho dos Vertebrados

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