terça-feira, 15 de setembro de 2015

Monticola saxatilis, Melro-das-rochas

Taxonomia
Aves, Passeriformes, Turdidae.
 
Tipo de ocorrência
Estival nidificante.
 
Classificação
EM PERIGO -– EN  (C2a(ii))
Fundamentação: Espécie com população reduzida (entre 250 e 2.500 indivíduos maturos), que provavelmente se encontra em declínio continuado e com todos os indivíduos concentrados numa única subpopulação.

Distribuição
Distribui-se por grande parte das regiões mais meridionais do Paleárctico. Na Europa, encontra-se sobretudo nas regiões mediterrânicas, mas penetra também  na  Europa Central (Cramp 1992).

Em Portugal nidifica apenas nas terras altas do Norte e do Centro do país. Os núcleos principais encontram-se nas regiões montanhosas mais elevadas e extensas, como sejam o Parque Nacional da Peneda-Gerês e a Serra da Estrela.
 
População
Estima-se que o número de indivíduos maturos esteja compreendido entre 250 e 2.500.

No decorrer dos trabalhos do Novo Atlas, foi detectado em 34 quadrículas de 10x10 km (ICN dados não publicados). A experiência de campo com esta espécie sugere que em cada quadrícula o número de indivíduos será, em média, superior a 7 indivíduos, mas não ultrapassará os 70. No Alvão-Marão a população foi estimada em apenas 3 a 8 casais em 2000 (Travassos 1998). No Parque Nacional da Peneda-Gerês foi detectado em 29 quadrículas de 4 km quadrados (Pimenta & Santarém 1996), o que sugere a existência de uma população de várias dezenas de casais. Também na Serra da Estrela deverá existir uma população com várias dezenas de casais (C Pacheco, com. pess., G Elias, com. pess.).
 
Embora não existam dados quantitativos que permitam avaliar com rigor as tendências populacionais da espécie, existem vários indícios que nos levam a acreditar que a população se encontra num processo de declínio que se arrasta desde há longa data.

Nos finais do século XIX e início do século XX, o melro-das-rochas frequentava zonas de menor elevação, como vários pontos das margens escarpadas do Douro e dos seus afluentes (Tait 1887, 1924, Reis Júnior 1931), de onde hoje se encontra ausente.

Também terá nidificado mais para sul do que actualmente, como o prova a colheita de um ninho na Serra de Aire em 1888 (Vieira 1904). Mais recentemente, a comparação dos dados do primeiro atlas (Rufino 1989) com os do Novo Atlas (ICN/SPEA dados não publicados) sugere que poderá ter havido uma contracção da área de distribuição em Trás-os-Montes. Em Espanha existem também indícios de uma contracção da área de distribuição e de um declínio populacional (Tucker & Heath 1994).

Em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa, a espécie é considerada Depauperada, embora ainda provisoriamente, tendo apresentado um declínio histórico moderado (BirdLife International 2004).

Habitat
Em Portugal, é uma espécie típica de montanha, raramente se encontrando a nidificar abaixo dos 800 metros de altitude. É mais numerosa nos estratos mais elevados das serras nacionais, frequentando zonas rochosas com matos relativamente esparsos e, por vezes, pastagens (Rufino 1989, Reino 1994, Pimenta & Santarém 1996, Patacho 1998).

Factores de Ameaça
As causas do decréscimo generalizado que esta espécie tem sofrido na Europa são mal compreendidas. A alteração dos habitats de nidificação, devido à mudança dos usos do solo tradicionais nos habitats de montanha, é, provavelmente, um dos factores de ameaça mais importantes (Tuckexr & Heath 1994). Em Portugal, as alterações mais notórias nos usos da montanha são uma redução do pastoreio e a progressiva florestação de áreas elevadas.
 
Nada se sabe sobre os possíveis impactos de alterações de habitat nas zonas de invernada em África.

Medidas de Conservação
É urgente conhecer melhor esta espécie em Portugal, nomeadamente através de programas de recenseamento e monitorização, assim como através de estudos da selecção do habitat e da identificação de possíveis factores de ameaça. O desenvolvimento de acções de florestação ou a construções de infra-estruturas devem ser condicionados nas áreas de nidificação. Embora uma parte importante da população nacional nidifique dentro de áreas protegidas, a maior parte destas carece ainda de planos de gestão e de ordenamento, cientificamente sustentados e devidamente implementados, que tenham em linha de conta as necessidades desta e de outras espécies ameaçadas.

in Livro Vermelho dos Vertebrados


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