terça-feira, 15 de outubro de 2013

Sylvia conspicillata, Toutinegra-tomilheira, Cigarrinho (Madeira)

Taxonomia
Aves, Passeriformes, Sylvidae

Tipo de ocorrência
Continente: Estival nidificante.
Madeira: Residente.
 
Classificação
Continente: QUASE AMEAÇADO - NT* (D1)
Fundamentação: Espécie com população reduzida (admite-se que pode ser inferior a 1.000 indivíduos maturos). Na adaptação à escala regional desceu uma categoria, por se admitir que a população em Portugal poderá ser alvo de imigração significativa das regiões vizinhas e por não ser de esperar que essa imigração possa vir a diminuir.
Madeira: VULNERÁVEL - VU (D1+2)
Fundamentação: Espécie com população reduzida (que se admite ser inferior a 1.000 indivíduos) e que pode ocorrer num número restrito de localizações.

Distribuição
Durante a época de reprodução ocorre de forma muito fragmentada na região mediterrânica. (Hagemeijer & Blair 1997). Nas ilhas da Macaronésia está ausente dos Açores, ocorrendo nos outros arquipélagos como uma subespécie residente endémica S. c. orbitalis (ver notas/observações).

Em Portugal Continental é uma espécie relativamente rara, com distribuição localizada sobretudo no Algarve, Baixo Alentejo e Beira Alta.

No Arquipélago da Madeira ocorre nas ilha da Madeira e do Porto Santo. Na primeira pode ser encontrada de uma forma dispersa, mas fundamentalmente nas suas vertentes sul até pelo menos os 1.600 metros de altitude. Na segunda ocorre também de uma forma dispersa, ao longo de toda a Ilha (Nunes et al. 2002).

População
No Continente, no decorrer dos trabalhos do Novo Atlas, a espécie foi detectada em 60 quadrículas 10x10 km (ICN dados não publicados). Assumindo uma variação de densidade populacional de 2 a 20 casais por quadrícula, a população estará compreendida entre 250 e 2.500 indivíduos maturos.

No Arquipélago da Madeira a população desta espécie estará compreendida entre 250 e 2.500 indivíduos maturos. Estes números resultam de uma estimativa baseada num total de 68 transectos efectuados durante as épocas reprodutoras de 1999, 2000 e no Inverno de 2000 (Nunes et al. 2002).

Em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa, a espécie é considerada Não Ameaçada, embora ainda provisoriamente (BirdLife International 2004).

Esta espécie em Espanha está classificada como Pouco Preocupante (LC) (Madroño et al. 2004), o que leva a admitir um risco de extinção da população portuguesa do Continente mais reduzido, tendo-se descido uma categoria na adaptação regional.

Habitat
Em Portugal continental ocorre em matos pouco desenvolvidos com clareiras e moitas altas (Rufino 1989).

Na Madeira ocorre em zonas estruturalmente semelhantes, sem que seja determinante a existência de clareiras, pelo que esta ave pode ser encontrada em áreas cobertas por vegetação densa, onde é habitual a presença quer de espécies indígenas (e.g. urzais Erica spp) quer de exóticas (e.g. giestas Genista tenera). No Porto Santo, para além deste tipo de habitats ocorre em zonas reflorestadas, compostas quase exclusivamente por pinheiros Pinus spp. Ocorre fundamentalmente em zonas com pouca perturbação e com uma cobertura arbustiva bastante densa e regra geral composta por espécies não-indígenas.

Factores de Ameaça
No Continente o abandono agrícola e do pastoreio, levando ao desenvolvimento de manchas contínuas de matos, constituem a principal ameaça identificada para esta espécie.

Na Madeira não estão identificados factores de ameaça determinantes, mas o facto de ocorrer fundamentalmente em habitats que inerentemente têm um baixo valor de conservação e sem qualquer tipo de protecção legal, pode vir a constituir uma ameaça a longo prazo.

Medidas de Conservação
A promoção do pastoreio extensivo em matos mediterrânicos é uma medida importante para assegurar a conservação da espécie no continente.

Na Madeira e no Porto Santo não estão preconizadas qualquer tipo de medidas de conservação directas, apesar da espécie poder vir a beneficiar com a classificação de algumas áreas onde ocorre como Zona de Protecção Especial e/ou Zona Importante para as Aves.

Notas
Tem sido proposto por vários autores que as populações da Madeira e Porto Santo pertencem a uma subespécie endémica desta duas ilhas S. c. bella. (e.g. Bannerman e Bannerman 1965, Câmara 1997). Pelas implicações conservacionistas deste facto era pertinente o desenvolvimento de futuras investigações com vista à clarificação desta questão.

in Livro Vermelho dos Vertebrados


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