terça-feira, 1 de outubro de 2013

Tachymarptis melba, Andorinhão-real

Taxonomia
Aves, Apodiformes, Apodidae.

Tipo de ocorrência
Estival nidificante.

Classificação
QUASE AMEAÇADO - NT* (D1)
Fundamentação: Espécie com população invernante reduzida, admitindo-se que possa ser inferior a 1.000 indivíduos maturos. Na adaptação à escala regional desceu uma categoria, por se admitir que a população em Portugal poderá ser alvo de imigração significativa e não ser de esperar que a imigração das regiões vizinhas possa vir a diminuir.

Distribuição
Distribui-se como reprodutora desde a península Ibérica e restantes países mediterrâneos até à Ásia Menor, Paquistão, Índia, e Sri Lanka, havendo ainda populações isoladas na Península Arábica, Este e Sul de África e Madagáscar (del Hoyo et al. 1999). As zonas de invernada situam-se no Este e no Oeste da África Equatorial (del Hoyo et al. 1999).

A sua distribuição no período de nidificação está condicionada pela disponibilidade de escarpas rochosas de grande dimensão, de qualquer tipo, onde nidifica (del Hoyo et al. 1999). Em  Portugal, encontra-se apenas em áreas onde este tipo de habitat ocorre, nomeadamente na costa rochosa do Algarve, Alentejo e Estremadura, nas zonas alcantiladas do rio Douro (principalmente na região do Douro Internacional) e, pontualmente, em escarpas serranas no centro do país (Rufino 1989; ICN, dados não publicados). Está ausente de zonas com habitat aparentemente favorável como o Parque Nacional do Gerês e o Parque Natural da Serra da Estrela.

População
Em Portugal, a informação sobre a abundância é muito escassa. No período de 1978-84, Rufino (1989) estimou grosseiramente que a população deveria situar-se entre 100 a 1.000 casais.

Apesar da clara falta de dados populacionais fiáveis, observou-se na última década o abandono de alguns locais tradicionais de cria (e.g. Tejo Internacional) e uma redução do número de efectivos em algumas colónias (e.g. Vale do Poio – serra de Sicó) (C Pacheco, com. pess.) pelo que se infere que a população se encontra em declínio. Na vizinha Espanha, a população encontra-se aparentemente estável (Gámez 2003).

Em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa, o andorinhão-real é considerado Não Ameaçada (BirdLife International 2004). Esta espécie em Espanha está classificada como Pouco Preocupante (LC) (Madroño et al. 2004), o que leva a admitir um risco de extinção em Portugal mais reduzido,  tendo-se descido uma categoria na adaptação regional.

Habitat
Nidifica em escarpas rochosas de grande dimensão ou em estruturas humanas apropriadas, cuja disponibilidade condiciona genericamente a sua distribuição no país (Rufino 1989). Ocorre principalmente abaixo dos 1.700 metros (Carmona 2003). Na costa rochosa do Algarve, Alentejo e Estremadura, nidifica em falésias costeiras de arenito, xisto e calcário, enquanto que nas zonas alcantiladas do rio Douro as escarpas são graníticas. Nas regiões serranas onde se conhecem colónias actualmente (serras dos Candeeiros e Sicó) nidifica em maciços calcários e as construções humanas onde está referenciada nidificação no nosso país são a ponte romana internacional sobre o rio Erges, junto à povoação de Segura (C Pacheco, com. pess.) e uma ponte rodoviária sobre o rio Douro próximo de Sobreda (V Encarnação, com. pess.). As aves alimentam-se em diversos tipo de habitats, geralmente a grande altitude e por vezes a grande distância dos locais de nidificação. Contudo, é frequente observar as aves a caçar a baixa altitude sobre arrozais na região Algarvia e no Baixo Alentejo (JM Pereira & C Pacheco, com. pess.).

Factores de Ameaça
A perturbação dos locais de nidificação por actividades humanas (e.g. escalada, pesca desportiva) pode ser localmente importante. Dado que se alimenta exclusivamente de insectos alados, por vezes sobre áreas agrícolas (arrozais), a contaminação com pesticidas é um problema que pode ser potencialmente relevante para a espécie. Em algumas áreas (Algarve e Alentejo) é possível que haja predação de ovos e crias por outras aves (e.g. gralha-de-nuca-cinzenta Corvus monedula), embora se desconheça se o seu eventual impacto é significativo.

Medidas de Conservação
Será necessário aprofundar o conhecimento sobre a dimensão do efectivo populacional e sua tendência, bem como investigar eventuais ameaças às populações. A adopção de medidas que visem uma redução do uso de pesticidas e de produtos fito-sanitários na agricultura deverão ter um impacto positivo sobre a espécie. Condicionar as actividades humanas potencialmente perturbadoras junto das áreas de nidificação contribuirá para que se minimize o risco de insucesso reprodutor.

in Livro Vermelho dos Vertebrados


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