terça-feira, 3 de março de 2015

Lanius collurio, Picanço-de-dorso-ruivo, Picanço-de-dorso-vermelho


Taxonomia
Aves, Passeriformes, Laniidae..

Tipo de ocorrência
Estival nidificante.

Classificação
QUASE AMEAÇADO -– NT* (D1)
Fundamentação: Espécie com população reduzida (que se admite poder ser inferior a 1.000 indivíduos maturos). Na adaptação à escala regional desceu uma categoria, por se considerar que a população em Portugal poderá ser alvo de imigração significativa das regiões vizinhas e por não ser previsível que essa imigração venha a diminuir.

Distribuição
Como nidificante apresenta distribuição paleártica, ocorrendo na Europa e Ásia Ocidental; a norte, ocorre desde o Sul da Escandinávia até à Sibéria Ocidental, e a sul desde o Noroeste da Península Ibérica até ao mar Cáspio; inverna na África Meridional, do Quénia à Africa do Sul (Cramp & Perrins 1993).

Em Portugal, apresenta uma distribuição restrita ao Norte do país, que actualmente estará em expansão. Concentra-se num núcleo central na Serra do Barroso e em bolsas localizadas em Castro Laboreiro, serra da Cabreira, Alvão, Corno do Bico, Vila Verde (M Pimenta & ML Santarém, com. pess.), na Nogueira (Patacho 1998) e em Montesinho (Reino 1994). Mais recentemente a sua nidificação foi confirmada num vale entre o Marão e o Alvão, re-descoberta nas zonas de Vila Pouca de Aguiar, Chaves e Boticas onde já existiam registos anteriores ao primeiro Atlas Nacional (Reino 2005). Em 2003, foi confirmada pela primeira vez a sua nidificação a Sul do rio Douro na área da Serra de Montemuro (Cardia et al. 2003) e em Junho de 2004 foi observada uma fêmea na Serra da Estrela (R Guerreiro, com. pess.).

População
A população nacional tem uma dimensão reduzida; não foram feitos censos actuais dirigidos para esta espécie, mas não será de excluir a possibilidade de o seu efectivo ser inferior a 1.000 indivíduos maturos (M Pimenta, com. pess.).

Em Montesinho, entre 1992 e 1993, o picanço-de-dorso-ruivo foi detectado em 6 quadrículas de 5x5 km, tendo sido quantificados para essa área 6 casais (Reino 1994); na Nogueira, entre 1995 e 1997, a espécie foi detectada em 6 quadrículas de 2,5x2,5 km e quantificaram-se 3 casais (Patacho 1998); no Parque Nacional da Peneda-Gerês, em 1996, a espécie foi detectada em 54 quadrículas de 2x2 km e estimaram-se na altura 600 a 800 casais (Pimenta & Santarém 1996). Actualmente, no decorrer dos trabalhos do Novo Atlas, o picanço-de-dorso-ruivo foi detectado em 41  quadrículas de 10x10 km (ICN dados não publicados). Os dados existentes sobre a espécie indicam que a sua densidade pode ser muito variável conforme as áreas, não havendo evidências de estar a sofrer declínio populacional continuado (M Pimenta & ML Santarém, com. pess.).

Em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa, a espécie é considerada Depauperada, embora ainda provisoriamente, tendo apresentado um declínio histórico acentuado (BirdLife International 2004).

Atendendo a que em Espanha, está classificada como Pouco Preocupante (LC) (Madroño et al. 2004), admitiu-se um risco de extinção em Portugal mais reduzido, tendo-se descido uma categoria na adaptação à escala regional.

Habitat
Frequenta lameiros, prados com sebes e carvalhais arbustivos, quase sempre entre os 800 e os 1.000 metros de altitude.

Factores de Ameaça
A perda e degradação do seu habitat, nomeadamente por abandono do pastoreio extensivo, intensificação agrícola ou florestação, constituem a principal ameaça desta espécie. A implantação de parques eólicos nas áreas serranas, ao concorrerem para a degradação do seu habitat, constitui uma ameaça potencial à conservação desta espécie em Portugal. O aumento de uso de biocidas, a concentração parcelária, o abandono do pastoreio extensivo que pode fomentar o aumento de áreas com mato, são factores de ameaça referenciados para Espanha (Martí & del Moral 2003), sendo de supor que se exercem os mesmos factores em Portugal.

As alterações climáticas são também referidas como possível causa do declínio e contracção da distribuição desta espécie na Europa (Tucker & Heath 1994).

Como ave migradora, está ainda sujeita a factores de ameaça que operem nas áreas de invernada em África.

Medidas de Conservação
Parte significativa da sua área de distribuição está incluída em Áreas Protegidas e em Rede Natura 2000.

A conservação do habitat desta espécie deve ser assegurada nos Planos de Ordenamento das Áreas Protegidas em que ocorre. Deve ser fomentada a pastorícia extensiva e a manutenção de sebes e evitada a intensificação agrícola e concentração parcelária.

in Livro Vermelho dos Vertebrados


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