terça-feira, 17 de março de 2015

Larus audouinii, Gaivota de Audouin


Taxonomia
Aves, Charadriiformes, Laridae.

Tipo de ocorrência
Estival nidificante.

Classificação
VULNERÁVEL - VU* (D1)
Fundamentação: Espécie com população muito reduzida (entre 50 e 250 indivíduos maturos). Na adaptação à escala regional desceu uma categoria, por se admitir que a população em Portugal poderá ser alvo de imigração significativa e não ser de esperar que a imigração das regiões vizinhas possa vir a diminuir.

Distribuição
Distribui-se nas zonas costeiras do Mediterrâneo, designadamente no Sul da Turquia, Líbano, Tunísia, Chipre, Grécia, Itália, França, Espanha, Argélia e Marrocos (Cramp & Simmons 1982, Oro et al. 2000) e mais recentemente em Portugal. Fora da época de reprodução, distribui-se pelas costas do Noroeste de África, até à Senegâmbia.

Em Portugal, nidifica exclusivamente na zona Sul do país, tendo a colonização desta área sido recente (estima-se que as primeiras tentativas de nidificação se tenham iniciado entre 1998 e 2000 (NM Lecoq, com. pess.)).

População
A população nacional está actualmente estimada em 50-250 indivíduos, com base em observações directas nas colónias de nidificação (MN Lecoq, com. pess.). Uma vez que se trata de uma colonização recente, possivelmente resultante de uma expansão das colónias do Delta do Ebro, é provável que venham a ocorrer variações significativas da dimensão das colónias e da sua área de distribuição.

Admite-se que esta população apresenta fragmentação elevada, dado o elevado grau de isolamento que apresenta relativamente aos outros núcleos nidificantes.
A nível mundial, registou-se um aumento muito significativo da população nos últimos 10 anos, e em 1997 a população mundial estava estimada em ca. 18.500-19.000 indivíduos (referências em Vilalta & Oro 2003).

É uma espécie globalmente classificada como Quase-Ameaçada (NT) (IUCN 2004a), que em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa é considerada Localizada (BirdLife International 2004).

As colónias existentes resultam provavelmente de uma expansão a partir de áreas de nidificação do país vizinho. Em Espanha, a gaivota de Audouin foi classificada como Vulnerável (VU) (Madroño et al. 2004). No entanto, o seu efectivo tem-se mantido estável na maior parte das áreas e sofrido aumentos muito significativos em algumas localidades desse país (Martínez 2003), o que leva a admitir um risco de extinção mais reduzido da população nacional, tendo-se descido uma categoria na adaptação regional.

Habitat
Nidifica em zonas costeiras de topografia variada, designadamente em ilhas rochosas e em zonas com vegetação de sapal (Cramp & Simmons 1982, Oro et al. 2000). No Delta do Ebro, onde esta espécie nidifica em grande número, ocupa zonas arenosas com vegetação dispersa (Oro et al. 2000). Após a reprodução e durante a migração e inverno, ocorre em zonas costeiras arenosas e baías.

Factores de Ameaça
As ameaças a esta espécie incluem a alteração ou destruição dos habitat de nidificação, a perturbação nos locais de cria, a predação por predadores terrestres e aéreos (designadamente Gaivotas de patas amarelas Larus cachinnans). Não é também de excluir a possibilidade de interferência com actividades de pesca, designadamente mortalidade em artes de pesca (Oro et al. 2000, Vilalta & Oro 2003). Sendo uma espécie relativamente rara pode ser alvo de pilhagem de ovos, designadamente para colecções.

Medidas de Conservação
Os núcleos de nidificação conhecidos encontram-se no interior de áreas protegidas, em zonas de acesso relativamente difícil. Dada a pequena dimensão dos núcleos conhecidos, torna-a especialmente sensível a factores de ameaça, sendo fundamental manter um nível vigilância elevado, especialmente durante a postura, altura em que as aves adultas e os seus ovos estão mais vulneráveis. É fortemente aconselhado um seguimento atento da evolução da dimensão da população e do sucesso reprodutor durante os próximos anos.

Notas
Trate-se de uma espécie com colonização relativamente recente (cerca de 5 anos). A decisão de incluí-la neste exercício de avaliação deveu-se ao facto de, por um lado, existirem registos de nidificação históricos, e por outro lado pelo o facto de possuir um estatuto próximo de ameaça a nível mundial.

Existem diversos registos referentes a passagem migratória desta espécie, designadamente na zona sul do país, envolvendo um número relevante de indivíduos, provavelmente com origem em Espanha e Mediterrâneo.

in Livro Vermelho dos Vertebrados

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