sábado, 29 de dezembro de 2012

Pontos sobre o método dos Cursilhos

Às vezes critica-se os Cursilhos de Cristandade e não se critica a ideia original, mas sim uma paródia dos mesmos que fez à força de atrocidades algum Secretariado Nacional, onde mais que estudar e compreender a sua essência, que esta é a razão da sua criação e da sua actividade, tentou-se mudar as coisas ao ritmo e à disposição dos que, sem entendê-los, quiseram meter a sua marca.

O que evidência que não se tem clara a ideia original, ou que se pretende desviar o Movimento até outras metas, são as "actualizações" que modificam ou prescindem de elementos do Cursilho, manipulando-os de tal forma, que dificilmente podem servir ao seu fim genuíno.

Por exemplo:

O pré-cursilho não pode fazer-se em série, por umas pessoas que ensinam e outros que aprendem. O pré-cursilho é simplesmente o início de uma amizade que geram, quando não se distorcem, a Reunião de Grupo e a Ultreia.

A disposição com que acodem os cursilhistas hoje, é mais humana e mais sincera que antes, mas em pequenas nuances.

A óptica religiosa sempre aborrece, há que falar aos que vão a um Cursilho desde a óptica da fé.

O retiro introdutório não pretende ser uma exposição básica da fé cristã.
A primeira Meditação é uma paragem no viver de cada um, para que reflexione e se encontre consigo mesmo. Na segunda meditação trata-se de tentar reunir os fazeres dispersos que o que vai a um Cursilho pode ter do transcendente, e polarizá-los até à imagem do Pai, que sabe fundir num abraço de compreensão, de perdão e de ternura todo um distanciamento, algumas vezes culpado, e outras fruto de superficialidades executadas mais por distracção e despiste, que por maldade.

A palavra "acolhida", além de paternal, é tremendamente sentimental; o que acolhe ao cursilhista é Cristo, o que se deixa acolher por outros, evidentemente, geralmente não será o mais apto para ir a um Cursilho.

Certas apresentações que, além do nome e os apelidos, acrescentam profissões ou títulos, produzem uma certa incomodidade aos que não tem nem um nem o outro.

O rolho de "Ideal", mais que abrir o caminho ao Transcendente, tem que abri-lo ao transcendente.

É uma falta de sentido comum e de caridade, avassalar o primeiro dia ao cursilhista com quatro rolhos pios, sobretudo temos visto alguns que no melhor estariam bem para um retiro de noviças confusas, mas não para uns homens que, por viver a sua vida de outro modo, tem uns conceitos e uns valores, que peneiram as verdades à sua maneira, sempre muito distanciada do mundo clerical.

Se se pesca no mar da vida, da vida que vivem os demais, os "peixes" que acodem à nomeação para um Cursilho, a não ser que o recrutamento tenha apontado a "pessoas da Igreja", acodem com as suas entranhas e com as suas espinhas que, se, de entrada, se lhes procura uma circunstância onde cada um pode manifestar ao seu modo estas entranhas e estas espinhas, se soltam dúvidas e se contam façanhas, o que cria um clima incómodo, por haver pensado que a liberdade de dizer o que se pensa, favorece o clima que se pretende criar no Cursilho.

O Cursilho, hoje mais do que nunca, tem que estar firmemente fundado, na fé que vivem, querem viver ou lhes doí enormemente não viver os dirigentes, que tem que dirigir necessariamente o Cursilho até à sua finalidade. Dirigidos por sua vez estes por um reitor que, em todo o momento, em união estreita, cordial e amistosa com todos, mas principalmente com os Directores Espirituais e os demais dirigentes, tem de orientar, sem autoritarismo nenhum, com união, com santo real medo, com assombro continuado, com a sobrenatural naturalidade, não de crer saber, mas sim de saber crer.

Os dirigentes não tem de dedicar-se a aclarar e dissipar dúvidas, é muito corrente em clausura ouvir dizer a mais de um cursilhista: "Vim carregado de problemas, de dúvidas, de dificuldades, aqui eliminei bastantes, vou-me com uma confiança enorme para as ir superando."

O encontro dos que não tem fé, ou não sabem ver a que tem, ao contacto e ao contágio de umas pessoas que a vivem e a encarnam, que lhes servem sem servilismos, que os atendem com entusiasmo, não só com desinteresse, mas sim sendo para eles um gosto, que se portam em todo o momento como amigos, e que querem sê-lo de verdade, e não só nos três dias de Cursilhos, é o estímulo mais premente, atractivo e interessante que podemos brindá-los.

É de todo necessário que o cursilhista saiba que todos na Igreja nos vamos convertendo. É uma verdade básica que nos irmana a todos pela base.

Chamar aos dirigentes responsáveis é uma expressão além de pouco afortunada, inexacta, porque responsáveis o somos todos na Igreja.

Resulta muito cristão que um homem de humilde profissão possa no Cursilho ser Chefe de um que sempre o foi e o é na sua vida profissional. Mais do que uma cura de humildade, é uma cura de verdade que necessitamos todos.

Não preencher as folhas de passatempos e suprimir os periódicos murais, é deitar pela borda fora duas maneiras muito eficazes para conhecer muito melhor "a João".

A palavra "compromisso" é palavra incómoda. Alguém disse que "Crer é comprometer-se", e não somente crer, mas sim ainda o simples acto de viver é já comprometer-se. E para que um homem feito e direito, lhe dá a realíssima gana de comprometer-se, há que saber bem porquê.

Há palavras no que hoje chamamos comportamento cristão que pelos méritos contraídos em sentido contrário do que significam, costumam despistar e confundir, já que o dicionário nos diz o que a palavra significa e a vida nos mostra, ao vivo e em directo o que a coisa ou o acontecimento é.

Um homem normal, desde a sua calçada, vê ao “cristão comprometido” sempre entre aspas, como o homem sobrecarregado por compromissos secundários que sempre o tem enredado e que lhe fica muito pouco tempo para estar com a sua família, sair com a esposa, falar com os filhos ou jogar com as crianças, porque tem sempre uma multitude de actividades que solicitam a sua presença e a sua dedicação.

Chamar "formação" ao rolho de "Estudo" é enfraquecer a sua finalidade, não se trata de nenhum tipo do que entendemos por formação, mas sim a simples aplicação da inteligência para captar da maneira mais simples possível o dom de Deus e a sua projecção no seu ambiente.

A celebração comunitária da Penitência é um acto cem por cento clerical, que não faria mais do que estorvar o processo do Cursilho. Há muita gente que leva muito tempo na Igreja e segue sendo alérgica ao folclore das celebrações desta classe. Pretender que o entendam os novatos, é tão arcangélico como crer que com a exposição friamente ordenada de umas verdades se vai conseguir que ordenem a sua vida com elas no momento.

Uma conversão crescente não se pode ensinar nem realizar.

Nem no segundo, nem no terceiro dia é oportuno avassalá-los com expressões triunfais sobre a Igreja. A amamos demasiado para pensar que seja fácil assimilar uns conceitos que somente a fé, a esperança e a caridade em acto, vivida, encarnada e expressada podem contagiar.

A história dos Cursilhos nos veio demostrando que a autêntica conversão, que tem de ser perene e contínua em todo o cristão, não necessita nem de três dias, já com meio segundo, tem Deus mais do que bastante.

A Graça não actua mais além de todo o projecto, mas sim que como é algo vital, da nervatura e calibração evangélica ao projecto.

O "Secular na Igreja" se afastou, precisamente o rolho chave que melhor aclara que o secular não é para fazer coisas, fazer fazer coisas, assistir a actos, fazer assistir a actos, mas sim para que crescendo e desenvolvendo-se onde Deus o plantou, com fé, com esperança e com caridade, feita vida pela sua conexão com Cristo, possam ser manancial inesgotável de sentido, emissores de autenticidade, e impulsores de energia e alegria evangélica na sua família, no seu trabalho e na sua diversão.

Isto é a contribuição germinal, radical, básica, essencial e vital que o homem secular tem de trazer ao mundo. Unicamente desde esta raiz que deve de ser o indispensável ponto de partida, pode chegar-se a todo o demais.

Precisamente o Cursilho não é nem pode ser de maneira alguma uma "comunidade fugaz", pois de sê-lo, tudo o descoberto no Cursilho seria mentira. Os Cursilhos não foram jamais individualistas, nem estiveram jamais na defensiva.

Os moldes dos Cursilhos os quebraram os Secretariados Nacionais não fiéis ao compromisso de ser fiéis à finalidade e ao método.

Assinado:

Rvdo. Don Francisco Suárez
Delegado episcopal

Juan Aumatell
O Presidente

Rvdo. Don Antonio Pérez
Director Espiritual de Cursilhos de Cristandade, Presidente do Cabildo. Catedral.

Do Grupo de Iniciadores do Movimento:

Eduardo Bonnín
Rector do 1º. Cursilho de Cristandade

Bme. Riutort
Dirigente do 1º. Cursilho de Cristandade

Gmo. Estarellas
Dirigente do 1º. Cursilho de Cristandade

© Fundación Eduardo Bonnín Aguiló
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