sexta-feira, 11 de abril de 2008

Fundamentos Ambientais III

Em dois locais, crosta superficial de solo, formada a partir da 
reacomodação de partículas sólidas, impermeabiliza o solo.

Com o desenvolvimento da flora (espécies de plantas), também se desenvolveu a fauna (espécies de animais) associada a ela; por exemplo, a embaúba e o bicho preguiça no Brasil, o eucalipto e o coala na Austrália, o bambu e o urso panda na China. Nesses ambientes-clímax, encontramos solo permeável, lençol freático recarregado com água das chuvas, nascentes, cobertura vegetal permanente (de plantas vivas e seus resíduos – serapilheira ou cobertura morta, e com actividade de suas raízes), cadeia alimentar (plantas, animais herbívoros, carnívoros, omnívoros, humanos e decompositores), biodiversidade (diversidade de seres vivos), redução das oscilações diárias de temperatura (mínimas e máximas), estabilização da humidade relativa do ar em níveis mais elevados (pela estrutura vaporizadora das plantas, em especial das árvores que não perdem folhas na época seca), ciclo longo da água (chove – infiltra – transpira – chove – infiltra - transpira...). Estas são condições favoráveis inclusive para a vida humana - ou você prefere viver num deserto seco e quente, a 50ºC e com 5% de humidade relativa do ar? A maior parte dos desertos no mundo foi criada pela actividade do ser humano, no decorrer dos últimos 10.000 anos. Os únicos desertos naturais são o da Ásia Central, o do sudoeste da África (África do Sul) e o do sudoeste da América do Sul (Chile e Peru). O Saara, os desertos norteamericanos, os da Austrália e do Oriente Médio foram todos criados pelo ser humano, iniciando pela destruição da cobertura vegetal permanente (corte de árvores para fazer, por exemplo, barcos e navios) e pelo uso do fogo, muito fogo. No Brasil não havia nenhum deserto. Estão aparecendo e crescendo. As dunas que avançam são um tipo de deserto. Paradoxalmente, são até ponto turístico.

A prática dos cortes da vegetação nativa, que envolve a eliminação da cobertura permanente (florestas, cerrados) e a queima dos restos, utilizada para “desenvolver” economicamente uma região, deixa o solo exposto à acção das chuvas e do sol tropical, prejudicando o equilíbrio delicado que foi alcançado ao longo do tempo de vida da Terra. Essas actividades levam à formação de uma crosta no solo, compactada, que não permite a recarga do lençol freático e facilita a erosão, e por fim levam o solo a apresentar as mesmas características da rocha e do piso cimentado, num fenómeno chamado de REGRESSÃO ECOLÓGICA: transformação de um ambiente hospitaleiro em inóspito e árido para a vida.

Essa ocorrência pode dar-se ao nosso redor ou em nossa casa, como o escorrimento de água de chuva do canteiro de flores, porque a terra está muito dura e encrostada, semelhante a um piso cimentado. Você pode começar a deixar folhas, galhos e restos de capim cobrindo o solo, para protegê-lo.

É preciso encontrar o manejo equilibrado - o caminho do meio - entre o ambiente natural primário (rochas e similares) e o clímax (até florestas), para manter os serviços ambientais essenciais à vida, e assim podermos conduzir os ambientes agrícolas e urbanos de maneira sustentável.

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