Uma imagem com demasiados pontos de interesse, acaba por não atrair a atenção para nenhum. Por isso uma composição simples é, muitas vezes, mais eficaz para transmitir uma ideia ou sensação, do que uma panorâmica confusa, que mostra tudo sem realçar nada. A selecção consciente daquilo que, se vai incluir numa fotografia, é um passo fundamental para obter um bom resultado. Um fotógrafo tem que ser capaz de articular aquilo que quer mostrar. Se não conseguir explicar porque quer tirar uma determinada fotografia, mais vale pensar melhor e escolher outro enquadramento.
Depois de definir, com exactidão, o que se vai fotografar, é preciso escolher a máquina, o filme e a objectiva. Alguns assuntos ficam melhor a preto-e-branco, para outros a cor é fundamental e é preciso um filme que a reproduza fielmente. A escolha da objectiva também é importante, pois determina a perspectiva da fotografia: as objectivas de grande angular aumentam as distâncias aparentes e as teleobjectivas reduzem-nas. Em seguida, há que escolher o local a partir do qual se fotografa. Qual será o melhor ponto de vista, ao nível dos olhos, da cintura ou junto ao chão? Nas películas de 35mm podemos ainda escolher a orientação da imagem, na horizontal ou na vertical. Apesar de ser mais fácil fotografar com a imagem horizontal, todos os comandos da máquina foram feitos a pensar nessa posição, vale muitas vezes a pena experimentar a outra opção, pois o ambiente da fotografia resulta muito diferente.
Por último, é preciso posicionar os objectos dentro do rectângulo. Muitas vezes, a primeira tendência é colocar aquilo que vai fotografar ao centro. É onde as máquinas modernas têm o sensor de focagem automática e é a composição mais simples, puramente descritiva. Mas uma fotografia viva não se limita a descrever, interpreta, pelo que devem ser exploradas outras hipóteses de posicionamento. Uma pista geralmente útil, consiste em colocar as linhas da imagem sobre linhas imaginárias, que dividem a fotografia em três partes horizontais e verticais. A linha do horizonte, por exemplo, pode ser colocada sobre a linha que delimita o terço superior ou inferior do enquadramento, e não ao meio. Um posicionamento assimétrico do assunto obriga a olhar ao longo da fotografia e contribui para que, quem vê, sinta aquilo que o fotógrafo quis mostrar.