domingo, 18 de abril de 2010

286

O processador 286 foi lançado em Fevereiro de 1982, apenas 6 meses após a IBM ter lançado o seu primeiro PC. Porém, o 286 passou a ser utilizado apenas em 1984, quando a IBM lançou o seu PC AT. Esta demora é justificável, pois, para lançar um computador usando o novo processador da Intel, foi preciso desenvolver toda uma nova arquitectura. Da placa de gráfica à placa mãe, praticamente tudo foi mudado, o que somado à burocracia e a longos períodos de testes antes do lançamento, demandou um certo tempo.

Actualmente, o período de desenvolvimentos dos periféricos é muito mais curto. Quase sempre quando um novo processador é lançado, já temos placas mãe para ele disponíveis quase que imediatamente, pois o desenvolvimento é feito de forma simultânea.
O 286 trouxe vários avanços sobre o 8088. Ele utilizava palavras binárias de 16 bits tanto interna quanto externamente, o que permitia o uso de periféricos de 16 bits, muito mais avançados do que os usados no PC original e no XT. O custo destes periféricos desta vez não chegou a ser um grande obstáculo, pois enquanto o PC AT estava sendo desenvolvido, eles já podiam ser encontrados com preços mais acessíveis.
 
O principal avanço trazido pelo 286 são seus dois modos de operação, baptizados de “Modo Real” e “Modo Protegido”. No modo real, o 286 se comporta exactamente como um 8086 (apesar de mais rápido), oferecendo total compatibilidade com os programas já existentes. Já no modo protegido, ele manifesta todo o seu potencial, incorporando funções mais avançadas, como a capacidade de aceder até 16 Megabytes de memória RAM (usando os 24 bits de endereçamento do 286), multitarefa, memória virtual em disco e protecção de memória.
Assim que ligado, o processador opera em modo real, e com uma certa instrução, passa para o modo protegido. O problema é que trabalhando em modo protegido, o 286 deixava de ser compatível com os programas escritos para o modo real, inclusive com o próprio MS-DOS. Para piorar, o 286 não possuía nenhuma instrução que fizesse o processador voltar ao modo real, isto era possível apenas fazendo o reset do computador. Isso significa que um programa escrito para rodar em modo protegido, não poderia usar nenhuma das rotinas de acesso a dispositivos do MS-DOS, tornando inacessíveis o disco rígido, placa de vídeo, drive de disquetes memória, etc., a menos que fossem desenvolvidas e incorporadas ao programa todas as rotinas de acesso a dispositivos necessárias. Isso era completamente inviável para os programadores, pois para projectar um simples jogo, seria praticamente preciso desenvolver todo um novo sistema operativo. Além disso, o programa desenvolvido rodaria apenas em computadores equipados com processadores 286, que ainda eram minoria na época, tendo um público alvo muito menor. De fato, apenas algumas versões do UNIX e uma versão do OS/2 foram desenvolvidas para utilizar o modo protegido do 286.
 
Basicamente, os computadores baseados no 286 eram usados para rodar aplicativos de modo real, que também podiam ser executados em um XT, aproveitando apenas a maior velocidade do 286. Falando em velocidade, a primeira versão do 286 funcionava a apenas 6 MHz, sendo lançada logo depois uma nova versão de 8 MHz, que foi usada no PC AT. Posteriormente, foram desenvolvidas versões de até 20 MHz.
 
Devido às várias mudanças na arquitectura, destacando o acesso mais rápido à memória e alterações no conjunto de instruções do processador, que permitiam realizar muitas operações de maneira mais rápida e eficiente, um 286 consegue ser quase 4 vezes mais rápido que um 8088 do mesmo clock.

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