Taxonomia
Aves, Accipitriformes, Accipitridae.
Aves, Accipitriformes, Accipitridae.
Tipo de ocorrência
Estival nidificante.
Classificação
VULNERÁVEL - VU (D1)
Fundamentação: Espécie com população reduzida (inferior a 1.000 indivíduos maturos).
Distribuição
A sua área de nidificação estende-se por grande parte da Europa, excepto no extremo norte e fora do Paleárctico Ocidental vai até ao Irão e para além dos Urais (Cramp 1998).
Inverna nas regiões central e ocidental da África Equatorial (Cramp 1998).
A distribuição em Portugal continental é bastante alargada, acompanhando na metade Sul a distribuição do sobreiro Quercus suber e no Centro interior e no Norte a distribuição dos carvalhos negral Q. pyrenaica e alvarinho Q. robur (Pimenta & Santarém 1996, Silva 1998, Onofre & Palma 1986, Palma et al. 1999a).
População
Tal como acontece para a maioria das aves de rapina florestais não existem estimativas populacionais precisas desta espécie. A única existente é de Palma et al. (1999a), que estimaram a população portuguesa em 100-150 casais, com uma tendência provavelmente estável. De acordo com a informação resultante dos trabalhos do Novo Atlas (ICN dados não publicados), e considerando que a sua distribuição no país será certamente mais contínua do que esses dados indicam, fruto quer do seu comportamento pouco conspícuo, quer do período tardio e curto em que por cá permanece, assume-se que a população nacional estará compreendida entre 250 e 1.000 indivíduos maturos.
Em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa, a espécie é considerada como Não ameaçada, provisoriamente (BirdLife International 2004).
Habitat
O habitat da espécie no Sul do país é constituído por montados de sobro relativamente densos, onde nidifica, e por montados mais ou menos abertos, clareiras, várzeas e vales agrícolas, com culturas arvenses, pastagens, pousios e matos baixos, onde procura alimento (Onofre & Palma 1986, Onofre N dados não publicados). No Centro e Norte, o habitat típico é constituído por bosques de carvalhos ou sobreirais, por vezes também manchas de pinhal Pinus spp. e eucaliptal Eucalyptus spp., intercalados por várzeas, terrenos agrícolas, lameiros, matos e pastagens de altitude (Pimenta & Santarém 1996, Silva 1998, Palma et al. 1999a, Onofre N dados não publicados).
Factores de Ameaça
Há semelhança do que acontece em Espanha (cf. Prieta 2003), não existe informação suficiente que permita indicar ameaças sérias à espécie no nosso país. Os incêndios nas regiões Centro e Norte e as alterações na agricultura tradicional, em particular no Sul, e o aumento da carga de pastoreio por parte de bovinos, poderão ser factores que afectem a sua conservação.
As alterações climáticas poderão ser um factor de ameaça a longo prazo, visto Portugal estar situado no extremo sudoeste da sua área de distribuição e a espécie parecer evitar ou não ocorrer em zonas de clima mediterrânico de maior xericidade.
Embora sejam conhecidos casos de roubo de ninhos, nomeadamente de crias, durante as operações de descortiçamento ou resinagem (Onofre & Palma 1986; Onofre N dados não publicados), estas acções ilegais também não parecem fazer perigar a população.
O mesmo se poderá dizer do abate a tiro, sendo muito raros os casos de espécimes embalsamados expostos a público.
Em Portugal desconhece-se o efeitos dos pesticidas nesta espécie, pois é muito insuficiente a informação sobre indicadores de contaminação, sucesso reprodutivo e preferências de habitat de caça da população portuguesa de P. apivorus.
Medidas de Conservação
As medidas para esta espécie prendem-se com a conservação do habitat, que no caso do montado de sobro e, aparentemente, das áreas de carvalho-negral parece garantida no médio-longo prazo.
As medidas de apoio aos sistemas de agricultura e ovinicultura tradicionais (através da generalização do recurso a Medidas Agro-Ambientais), o reordenamento da floresta portuguesa de modo a promover espaços florestais diversificados (tanto ao nível dos cobertos arbóreos como de outros), e a prevenir a ocorrência dos grandes incêndios florestais são certamente favoráveis à conservação do bútio-vespeiro em Portugal. Adicionalmente, o Manual de Boas Práticas Florestais deve incluir medidas com vista à conservação das aves de rapina, para além de outros valores naturais, em particular relativamente às espécies com estatuto de ameaça.
À semelhança das restantes espécies de rapinas florestais, é desejável a realização de campanhas de sensibilização viradas para as populações rurais (e.g. caçadores, guardas e gestores de caça, trabalhadores e proprietários agrícolas).
Importa também a realização de estudos sobre a biologia e ecologia da espécie, nomeadamente sucesso reprodutivo, utilização de habitat e toxicidade e bio-acumulação, bem como de censos periódicos e programas de monitorização.
Notas
Esta espécie surge também em Portugal continental como migradora de passagem, cuja migração é aliás bem notória no Outono, na zona do Cabo de S. Vicente e Ponta de Sagres, onde chegam a ser observadas largas dezenas de indivíduos, principalmente juvenis (Tomé et al. 1998).
Esta espécie surge também em Portugal continental como migradora de passagem, cuja migração é aliás bem notória no Outono, na zona do Cabo de S. Vicente e Ponta de Sagres, onde chegam a ser observadas largas dezenas de indivíduos, principalmente juvenis (Tomé et al. 1998).
in Livro Vermelho dos Vertebrados
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