terça-feira, 20 de outubro de 2015

Muscicapa striata, Taralhão-cinzento, Papa-moscas-cinzento


Taxonomia
Aves, Passeriformes, Muscicapidae.

Tipo de ocorrência
Estival nidificante.

Classificação
QUASE AMEAÇADO - NT* (D1)
Fundamentação: Espécie  com  população  que  se  admite  poder  ser  inferior  a  1.000 indivíduos  maturos.  Na  adaptação  à  escala  regional  desceu  uma  categoria,  por  se admitir que a população em Portugal poderá ser alvo de imigração significativa e não ser de esperar que a imigração das regiões vizinhas possa vir a diminuir.

Distribuição
Distribui-se como reprodutora pelo Paleártico central e ocidental, desde a Escandinávia até ao Norte de África e do Irão até à Mongólia e o Oeste dos Himalaias (Cramp & Perrins 1993, Tucker & Heath 1994). Inverna na África subsariana (Cramp & Perrins 1993).

Em Portugal, embora presente de norte a sul do país, o papa-moscas-cinzento distribui-se essencialmente pela região Sul da Estremadura e Alto Alentejo e serras algarvias. No resto do país apresenta uma distribuição fragmentada, ocorrendo de forma dispersa nas serras do Centro e Norte, geralmente abaixo dos 1.000 metros. Encontra-se ausente da quase totalidade do Baixo Alentejo, regiões costeiras, terras baixas do centro e Noroeste (Rufino 1989, ICN dados não publicados).

População
Em Portugal, a informação sobre a abundância é muito escassa. No período de 1978-84, Rufino (1989) estimou grosseiramente que a população deveria situar-se entre 100 a 1.000 casais. Não houve desde então qualquer actualização destes valores.

Apesar da clara falta de dados populacionais precisos, observa-se um declínio continuado do seu habitat, devido essencialmente a incêndios florestais, desaparecimento de florestas autóctones maduras e aumento das plantações florestais de produção de pinheiro e eucalipto, pelo que se infere que a população se encontra em declínio. Esta é igualmente a tendência observada numa parte significativa da Europa (BirdLife International 2004), incluindo provavelmente também a vizinha Espanha (Huertas 2003).

Em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa, o papa-moscas-cinzento é considerado Depauperada, tendo apresentado um declínio histórico moderado; no entanto, actualmente apresenta-se estável ou em aumento na maior parte da sua área de distribuição europeia, apresentando apenas um ligeiro declínio global (BirdLife International 2004). Esta espécie em Espanha está classificada como Pouco Preocupante (LC) (Madroño et al. 2004), o que leva a admitir um risco de extinção em Portugal mais reduzido, tendo-se descido uma categoria na adaptação regional.

Habitat
Prefere zonas com arvoredo pouco denso, como margens de bosques e clareiras, montados e soutos. Evita zonas desflorestadas e com densidades arbóreas muito altas (Huertas 2003).

Nas serras algarvias, Alto Alentejo e Estremadura frequenta principalmente montados de sobro bem desenvolvidos, enquanto que nas regiões norte e centro frequenta maioritariamente soutos, carvalhais e bosques ripícolas (Rufino 1989, ICN dados não publicados).

Factores de Ameaça
Nas regiões Norte e Centro e nas serras algarvias tem havido alguma perda e degradação do habitat devido à ocorrência de incêndios, que têm destruído extensas áreas florestais autóctones, soutos e montados e também à substituição destas por plantações florestais de produção de pinheiro e eucalipto. A proliferação do uso de pesticidas em zonas agrícolas e a contaminação das águas parecem ser também ameaças relevantes, dada a dependência total de insectos voadores (Martínez et al. 1996). Alguns autores referem ainda que as suas populações podem ser afectadas por secas ou por temporais de frio, que limitam a disponibilidade alimentar (Tucker & Heath 1994).

Medidas de Conservação
Será necessário aprofundar o conhecimento sobre a dimensão do efectivo populacional, sua tendência e requisitos de habitat. A adopção de medidas que visem uma redução do uso de pesticidas e de produtos fito-sanitários na agricultura parece ser uma medida importante. De igual modo, a manutenção de áreas de habitat que possuam zonas abertas intercaladas com bosquetes e uma política florestal equilibrada são importantes para a conservação dos habitats de que depende. Promover a florestação com espécies autóctones (sobreiro, carvalhos, castanheiro), criar faixas de folhosas entre manchas extensas de florestas de produção e adoptar medidas de prevenção de fogos florestais certamente beneficiariam a espécie.
 
in Livro Vermelho dos Vertebrados


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