terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Oenanthe hispanica, Chasco-ruivo


Taxonomia
Aves, Passeriformes, Turdidae.
 
Tipo de ocorrência
Estival nidificante.
 
Classificação
VULNERÁVEL -– VU (A2c+3c+4c; C2a(ii))
Fundamentação: A contracção da área de distribuição da espécie (e possivelmente também uma redução da extensão e da qualidade do habitat) registada nas últimas décadas, leva a admitir que tenha ocorrido, nos últimos 10 anos, uma redução do tamanho da população que poderá ter sido superior a 30%; as causas dessa redução não terão cessado, prevendo-se que possam continuar a fazer sentir-se no futuro próximo. A população tem um tamanho reduzido (provavelmente inferior a 10.000 indivíduos maturos) e encontra-se em declínio continuado, com todos os indivíduos concentrados numa única subpopulação.

Distribuição
A área de reprodução do chasco-ruivo estende-se desde Marrocos e da Península Ibérica, ao longo do Mediterrâneo e do Médio Oriente, até ao Irão e ao Cazaquistão; migrador transariano, que inverna em África (Cramp 1992).

Esta espécie tem uma distribuição muito ampla no território continental nacional, estando no entanto praticamente ausente das regiões litorais para norte de Lisboa.

População
A população nacional foi estimada como contendo mais de 2.500 indivíduos maturos.

Esta espécie foi detectada em cerca de 300 quadrículas de 10x10 km durante a realização dos trabalhos do Novo Atlas (ICN dados não publicados), sendo de admitir que em cada quadrícula existirão, em média, pelo menos 9 indivíduos adultos.

Na região de Mértola e de Castro Verde, encontraram-se densidades em pousios com cistáceas que variaram entre 0 e 0,6 casais/ha (Santos 2000). Em vários habitats onde a espécie ocorre, as densidades médias variaram entre 0,26 e 1,77 casais por km2 (Pina et al. 1990). Próximo da fronteira portuguesa, na província de Salamanca, a densidade primaveril em montados de azinho com gado (4 áreas de estudo) foi de 0,43 indivíduos/10 ha (Alvarez & Noceda 1992).
A comparação entre os dados do primeiro Atlas das Aves que nidificam em Portugal Continental (Rufino 1989) e da distribuição referida para o Parque Nacional da Peneda-Gerês em 1996 (Pimenta & Santarém 1996) com os dados do Novo Atlas (ICN dados não publicados) sugere uma possível regressão na distribuição do chasco-ruivo no Minho, na parte ocidental de Trás-os-Montes e, possivelmente, na Estremadura. Em Espanha, esta espécie encontra-se em declínio continuado bastante acentuado (Mestre et al. 1987). Assim, embora não existam dados quantitativos relativos às populações nacionais, parece ser indiscutível que o chasco-ruivo se encontra em declínio populacional, declínio esse que poderá eventualmente ser muito acentuado.

Em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa, a espécie é considerada Depauperada, embora ainda provisoriamente, tendo apresentado um declínio histórico acentuado (BirdLife International 2004).

Habitat
Encontra-se em espaços abertos, variando os detalhes do seu habitat de região para região. Factor importante para a sua ocorrência é a existência de áreas de solo nu ou de rocha. Frequenta alqueives, pousios, aceiros, caminhos, plantações jovens e uma grande diversidade de outros habitats com características similares. Prefere zonas de baixa altitude e com clima quente e seco.

Factores de Ameaça
Os factores de ameaça incluem a seca nas áreas de invernada no Sahel, assim como, nalgumas áreas, a intensificação da agricultura (por exemplo, por irrigação) e, noutras, o abandono dos campos, resultando numa regeneração natural dos matos ou em reflorestações (Mestre et al. 1987, Tucker & Heath 1994).

Medidas de Conservação
A manutenção de certas práticas agrícolas tradicionais poderá ser importante para esta espécie. No entanto, pouco se sabe sobre quais as práticas específicas mais favoráveis para o chasco-ruivo, pelo que é necessária alguma investigação neste domínio.

Igualmente relevante será compreender qual a importância das alterações nos habitats de invernada em África para a conservação desta espécie.

in Livro Vermelho dos Vertebrados


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