Taxonomia
Aves, Charadriiformes, Sternidae.
Aves, Charadriiformes, Sternidae.
Tipo de ocorrência
Continente: Estival nidificante.
Açores: Estival nidificante.
Madeira: Estival nidificante.
Classificação
Continente: EM PERIGO - EN* (D)
Fundamentação: Espécie com população muito reduzida (inferior a 50 indivíduos maturos), que ocorre em apenas 2 localizações. Na adaptação à escala regional desceu uma categoria, por se admitir que a população em Portugal poderá ser alvo de imigração significativa das regiões vizinhas e por não ser de esperar que essa imigração possa vir a diminuir.
Açores: VULNERÁVEL - VU (B2ab(ii,iii,iv); D2)
Fundamentação: Espécie colonial que ocorre numa área de ocupação reduzida (provavelmente inferior a 20 km2) e num número restrito de localizações (9-15 colónias), apresentando ainda declínio continuado da área de ocupação, da extensão e qualidade do habitat e do número de localizações.
Fundamentação: Espécie colonial que ocorre numa área de ocupação reduzida (provavelmente inferior a 20 km2) e num número restrito de localizações (9-15 colónias), apresentando ainda declínio continuado da área de ocupação, da extensão e qualidade do habitat e do número de localizações.
Madeira: VULNERÁVEL - VU (D1+2)
Fundamentação: Espécie colonial com população reduzida (que se admite poder ser inferior a 1.000 indivíduos maturos) e que ocorre numa área de ocupação muito restrita (inferior a 20 km2).
Distribuição
Espécie com distribuição muito alargada. A área de nidificação é continua desde o noroeste europeu, através da Eurásia até à Península de Kamchatka. Portugal encontra-se no limite sul da área de distribuição da população nidificante europeia (Hagemeijer & Blair 1997). Nidifica igualmente na costa Leste da América do Norte. Inverna na América do Sul até ao Sul da Argentina, ao longo da costa Africana e no Leste da Austrália (Hagemeijer & Blair 1997).
Em Portugal Continental nidifica em números muito reduzidos, nos estuários do Tejo e Sado.
No arquipélago dos Açores nidifica em todas as ilhas em pequenas colónias, cujo
número total varia de ano para ano (9-15 colónias).No arquipélago da Madeira distribui-se de uma forma dispersa e em colónias de reduzidas dimensões ao longo de todas as ilhas; contudo, a nidificação não tem sido confirmada na Selvagem Grande, pelo menos nos últimos 4 anos (Oliveira P dados não publicados).
População
No passado existem registos de nidificação na ria de Aveiro (Vieira 1904) e no estuário do Sado (Coverley 1939). A partir dos anos 90 a sua nidificação tem sido observada regularmente nos estuários do Tejo e Sado, mas sempre em pequenos números (menos de 10 casais, Gonçalo & Elias 1992; T Catry, com. pess.).
No passado existem registos de nidificação na ria de Aveiro (Vieira 1904) e no estuário do Sado (Coverley 1939). A partir dos anos 90 a sua nidificação tem sido observada regularmente nos estuários do Tejo e Sado, mas sempre em pequenos números (menos de 10 casais, Gonçalo & Elias 1992; T Catry, com. pess.).
Nos Açores, as crónicas históricas do século XVI, de Gaspar Frutuoso, referem a existência de colónias de garajaus no Faial, Pico, Terceira, Graciosa e Santa Maria e mencionam a colheita de ovos (Instituto Cultural de Ponta Delgada 1998). Actualmente, a espécie nidifica em todas as ilhas do arquipélago, sendo mais abundante nas Flores, Terceira, Graciosa, Faial e Santa Maria. Censos completos de toda a zona costeira realizados em 1989 permitiram estimar uma população de 4.015 casais (Monteiro et al. 1996b).
No arquipélago da Madeira a sua população foi estimada entre 250 e 2.500 indivíduos, com base em visitas não sistemáticas a muitos locais com potencial para a espécie e/ou onde a sua ocorrência é conhecida.
Em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa, a espécie é considerada Não Ameaçada, embora apresente declínios populacionais pontuais dentro da sua área de distribuição europeia (BirdLife International 2004). Em Espanha, é classificada como Pouco Preocupante (LC) (Madroño et al. 2004) e apresenta populações estáveis ou em aumento (Dies et al 2003), o que levou a considerar um risco de extinção em Portugal continental mais reduzido, descendo de categoria de ameaça na adaptação à escala regional.
Habitat
É uma espécie costeira, mas nidifica frequentemente ao longo de rios e em zonas húmidas no interior. Alimenta-se sobretudo de pequenos peixes, mas também de crustáceos e insectos.
Em Portugal continental nidifica em salinas e pisciculturas (Elias & Leitão 1992).
Nos Açores nidifica em praias de areia ou calhau associadas a falésias costeiras e ilhéus.
No arquipélago da Madeira ocorre fundamentalmente em zonas de falésia costeira e ilhéus; contudo, na Selvagem Pequena e Ilhéu de Fora nidifica em praias de areia onde existem plataformas muito próximas da zona intertidal (Oliveira & Menezes in press).
Factores de Ameaça
A principal ameaça à conservação desta espécie é a destruição do habitat de nidificação.
A pequena população nidificante de Portugal Continental pode sofrer efeitos adversos de abandono de salinas e de perturbação elevada nas pisciculturas.
Nos Açores, esta destruição do habitat de nidificação ocorre directamente através da ocupação humana da zona costeira e indirectamente com a introdução de plantas e animais não indígenas. Neste arquipélago, outras ameaças estão relacionadas com a perturbação devido à presença humana perto das colónias na época de nidificação, com a presença de predadores naturais, como a gaivota Larus cachinnans atlantis e com a competição por presas alimentares com as pescarias locais (Monteiro et al. 1996b).
No arquipélago da Madeira, a perda e degradação de habitat constituem ameaças históricas que se mantêm nos nossos dias. A perturbação humana é também factor limitante, que continuamente tem vindo a crescer Medidas de Conservação No Continente, as áreas onde a espécie nidifica são Áreas Classificadas (Áreas Protegidas e Zonas de Protecção Especial). A sensibilização do público em geral e, em particular, de salineiros e piscicultores para a conservação desta e de outras espécies com ecologia semelhante é uma medida de grande prioridade.
Nos Açores, a maior parte das colónias desta espécie ocorre em Zonas de Protecção Especial tendo o regime de protecção dessas Zonas sido reforçado através da elaboração de planos de gestão e da sinalização e vigilância das mesmas. No entanto, a sua conservação depende da implementação no terreno desses planos de gestão. Nesta região, as prioridades de conservação incluem a erradicação de mamíferos não indígenas e o restauro dos habitats naturais dos ilhéus e também a monitorização contínua das populações do arquipélago. Em termos de investigação, constituem prioridades a obtenção de dados de produtividade e a avaliação do impacto das diferentes ameaças na distribuição das colónias, e na sua produtividade e sobrevivência. Ao abrigo do projecto LIFE Gestão integrada de zonas costeiras e marinhas dos Açores decorreu um programa experimental de recuperação do habitat natural através da erradicação de espécies não indígenas invasoras. O mesmo programa permitiu ainda investigar a biologia e a ecologia das aves marinhas dos Açores, definir as medidas prioritárias de conservação e assegurar a monitorização da distribuição e das tendências populacionais. Foram também realizadas acções de sensibilização ambiental sobre as aves marinhas que nidificam nos Açores para as quais foram produzidos materiais promocionais e didácticos.
No arquipélago da Madeira não foram implementadas medidas dirigidas a esta espécie; contudo, parte da sua área de ocorrência está incluída em distintas áreas protegidas.
Notas
Como migrador de passagem, é uma espécie comum ao longo da costa de Portugal Continental.
in Livro Vermelho dos Vertebrados
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