terça-feira, 21 de outubro de 2014

Gelochelidon nilotica, Tagaz, Gaivina-de-bico-preto


Taxonomia
Aves, Charadriiformes, Sternidae.

Tipo de ocorrência
Estival nidificante.

Classificação
EM PERIGO -– EN (B2ab(i,ii,iii,iv)c(i,ii,iii,iv); D)
Fundamentação: Espécie com área de ocupação muito reduzida (cerca de 50 km2), com nidificação conhecida em apenas quatro locais; tem sofrido declínio continuado da qualidade do habitat, podendo ainda sofrer declínio continuado da sua extensão de ocorrência, área de ocupação e do número de localizações; verifica-se flutuação acentuada da população reprodutora, que é muito reduzida (inferior a 250 indivíduos maturos).

Distribuição
Apresenta uma distribuição cosmopolita, mas descontínua. A subespécie nominal nilotica nidifica na Europa, África Ocidental, Médio Oriente, Manchúria, Paquistão e possivelmente no Sri Lanka (Hagemeijer & Blair 1997). Na Europa nidifica sobretudo na região do mediterrâneo (sobretudo Espanha, país europeu onde a espécie é mais abundante) e do mar Negro. A população europeia inverna em África: as aves da Europa Ocidental invernam possivelmente entre a Mauritânia e o Chade e as aves da Europa Oriental entre o Sudão e o Botswana (Hagemeijer & Blair 1997).

Em Portugal, ocorre no estuário do Tejo e em barragens no Alentejo (Farinha & Costa 1999), ocupando uma área inferior a 100 km2. A albufeira de Alqueva assume actualmente grande importância para a espécie (ICN dados não publicados).

População
Nos anos 30 nidificava na Ria de Aveiro e nos estuário do Sado e Mira (Tait 1924, Coverley 1939). Em anos seguintes, tornou-se possivelmente extinta como nidificante.

Na década de 80, a espécie foi detectada em alguns locais do sul do país, mas a sua nidificação não foi confirmada (Rufino 1989). Em 1999 foi confirmada a nidificação no Alentejo (Catry 1999).

A sua população será certamente inferior a 250 indivíduos maturos. O número total de indivíduos observados em zonas húmidas de Portugal (embora em diferentes anos) é de 55, valor obtido a partir dos noticiários ornitológicos da revista Pardela, publicada pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves; em trabalhos na região do Alqueva foram contabilizadas duas colónias com cerca de 70-80 indivíduos (F Moreira, com. pess.).

Admite-se que esta espécie apresenta fragmentação elevada, dado o elevado grau de isolamento entre os núcleos nidificantes. As observações sugerem ainda flutuações acentuadas no número de indivíduos. Não há evidências da sua população ter declínio continuado.

Em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa, a espécie é considerada Vulnerável, embora ainda provisoriamente (BirdLife International 2004).

Habitat
Nidifica em zonas húmidas costeiras, em barragens e arrozais. A cobertura vegetal é um factor importante como habitat de nidificação, pois os ninhos são construídos junto a um tufo de vegetação. Alimenta-se voando a baixa altitude sobre a superfície da água ou em zonas abertas e secas.

Factores de Ameaça
As principais ameaças são a destruição de locais de nidificação em arrozais e barragens no interior. A perturbação humana, principalmente por embarcações e pescadores, afectará também esta espécie durante a época de reprodução. Por outro lado, a perturbação, seca e pesticidas nas zonas de invernada podem também ser factores importantes (Tucker & Heath 1994).

Medidas de Conservação
É necessário um inventário de todos os arrozais e barragens onde nidifica. A caracterização dos habitats de nidificação e a monitorização da população são essenciais para propor medidas de gestão adequadas. A  interdição do acesso a ilhas onde a espécie nidifica (por exemplo definindo um perímetro com bóias de sinalização) nas grandes albufeiras, como o Alqueva poderá ser uma medida eficiente para aumentar o seu sucesso reprodutor, à semelhança do que ocorreu na albufeira do Caia.

Com excepção do estuário do Tejo, as pequenas barragens onde a espécie ocorre no Alentejo não estão designadas como Zona de Protecção Especial.

in Livro Vermelho dos Vertebrados


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