terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Manual de fotografia I

Profundidade de campo

Mas não é indiferente escolher qualquer uma destas combinações. Por um lado, é preciso escolher cuidadosamente o tempo de exposição, de forma a "congelar" o movimento daquilo que se está a fotografar ou, pelo contrário, deixar que esse movimento se veja na fotografia. Por outro, a abertura que se escolher determina a profundidade de campo, a distância à frente e atrás do plano de focagem em que os objectos ficam razoavelmente focados.
 
A profundidade de campo é inversamente proporcional em relação à abertura. Quanto maior for a abertura, menor será a profundidade de campo e vice-versa. Muitos fotógrafos amadores deixam-se confundir porque uma "abertura maior" significa ter um número de abertura menor. Por exemplo, com uma abertura de 1.4 a profundidade de campo é muito menor do que aquela que se obtém com uma abertura de 11. 
Pequena profundidade de campo (grande abertura do diafragma)
f 2.8 - 1/640s
Profundidade de campo média (abertura média do diafragma)
f 5.6 - 1/125s
 
Grande profundidade de campo (pequena abertura do diafragma)
f 11 - 1/30s
A escolha da profundidade é uma das opções mais importantes quando se define a abertura e o tempo durante o qual que se expõe um fotograma. Por exemplo, quando se fotografa uma pessoa podemos querer isolá-la do fundo, usando a menor profundidade de campo possível. Pelo contrário, ao fotografar uma paisagem grandiosa podemos querer que tudo o que vemos fique focado, desde os objectos mais próximos até ao infinito, para o que devemos usar a maior profundidade de campo possível. Mas atenção, porque quanto menor for a abertura, mais tempo se terá que expor a película e maior será o risco de tremer a fotografia. Para que isso não aconteça, podemos usar um bom tripé ou seguir a regra simples segundo a qual é possível obter fotografias nítidas segurando a máquina com as mãos desde que se use um tempo de exposição igual ou inferior ao inverso da distância focal da objectiva (em milímetros). Assim, poderemos segurar à mão tranquilamente uma máquina com uma objectiva de 50mm desde que o tempo de exposição seja no máximo de 1/50 de segundo ou, usando o ponto da escala mais próximo, 1/60.
 
Sensibilidade do filme

Para além das variáveis de exposição que se controlam para cada fotografia (a abertura e o tempo de exposição) também temos que considerar a sensibilidade do filme que está na máquina. A emulsão de um filme fotográfico pode ser mais ou menos sensível à luz, necessitando por isso de uma maior ou menor exposição.
 
A sensibilidade das películas é expressa numa escala ISO (anteriormente designada ASA). Também esta escala é logarítmica, pelo que um filme com uma sensibilidade de 400 ISO precisa de metade da luz do que um rolo de 200 ISO para produzir a mesma exposição. Usando filmes mais sensíveis (mais "rápidos") podemos usar menores aberturas para obter maiores profundidades de campo. Mas na fotografia nada se obtém de graça. Quanto maior for a sensibilidade de um filme menor será a sua definição e mais grão terá a fotografia. A menor definição e o grão serão tanto mais visíveis quanto mais se ampliar a imagem. 
A gama de filmes disponíveis em quase todas as lojas de fotografia abarca as seguintes sensibilidades: 25, 50, 100, 200, 400 e 800 ISO. Também se encontram filmes com valores intermédios de sensibilidade, por exemplo 160 ISO (2/3 de ponto mais rápido do que um filme de 100 ISO). Mas a sensibilidade de cada filme é apenas um indicador da exposição para a qual um filme foi concebido. Pode-se escolher na máquina outro índice de exposição que não a sensibilidade indicada para o filme. Se as condições de iluminação o exigirem, e não tivermos um filme mais rápido connosco, podemos "puxar" qualquer rolo em até 2 pontos, ou seja, por exemplo, podemos fotografar com um rolo de 200 ISO como se ele fosse de 400 ou 800 ISO (regulando manualmente o índice de exposição da máquina). Também esta facilidade tem o seu preço e obteremos fotografias com mais grão e maior contraste. Mas atenção, para que um rolo "puxado" seja correctamente revelado temos que informar o laboratório do índice que utilizámos para o expor. 

f 3,2(note que o fundo fica desfocado)  
 
f 5
f 9,0(note que o fundo fica mais visível, mais focado, porem mais escuro)

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