O estuário do Sado apresenta ao nível das populações fito, zoo, e ictioplantônicas, valores de densidade e diversidade elevados, evidenciando por isso uma boa qualidade ambiental (Bruxelas et al., 1992).
A riqueza destas populações constitui a base da cadeia alimentar para comunidades superiores, nomeadamente os peixes; Sobral e Gomes (1997) referem cerca de 55 espécies existentes no estuário, sendo claro que para algumas delas a zona estuarina actua como viveiro natural (nursery), facto que se reveste de grande importância e que deverá ser tido em conta na gestão da área, numa perspectiva de sustentabilidade global. No vasto conjunto de espécies presentes há a registar a captura de espécies de grande valor comercial, nomeadamente a enguia Anguilla anguilla, o robalo Dicentrarchus labrax, o salmonete Mullus surmuletus, o sargo Diplodus sp., o besugo, o goraz Pagellus bogaraveo, a dourada Sparus aurata e o linguado Solea senegalensis, além de muitas outras de menor valor, mas cuja captura assume também significado económico para as comunidades piscatórias locais, como sejam as raias Raja sp, o biqueirão Engraulis encrasicolus, a faneca Trisopterus luscus, o carapau Trachurus trachurus, o ruivo Trigla lucerna, a solha Platichthys flesus e o charroco Halobatrachus didactylus; este último especialmente apreciado em Setúbal e profundamente ligado à vivência do rio, pois os habitantes ribeirinhos de Setúbal são conhecidos por esse nome, registando-se ainda a sua representação na toponímia, cujo melhor exemplo é o grupo de salinas da Encharroqueira, já assim designado no século XVI.
Herpetofauna
A presença de zonas húmidas constitui um factor determinante para a ocorrência de anfíbios. A existência na Lezíria do Sado de uma tipologia muito diferenciada destes habitas, como sejam salinas abandonadas, arrozais, charcas, canais de rega e pequenos açudes, possibilitam a presença de uma comunidade de anfíbios rica e diversificada.
A comunidade de répteis está igualmente bem representadas, quer por espécies de hábitos marcadamente aquáticos como as cobras-de-água e os cágados, quer por outras típicas de biótopos diferentes bem representados igualmente da área de estudo, como as áreas de substrato arenoso das quais dependem várias espécies de hábitos marcadamente psamófitos.
No entanto, a área do estuário e sua envolvente não assumem uma importância decisiva, no contexto nacional, para nenhuma espécie destes dois grupos faunísticos.
in Reserva Natural do Estuário do Sado
Uma contribuição para o plano de gestão
Instituto de Conservação da Natureza
2004
Uma contribuição para o plano de gestão
Instituto de Conservação da Natureza
2004
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