Taxonomia
Aves, Accipitriformes, Accipitridae.
Tipo de ocorrência
Residente e Invernante.
Classificação
População residente: VULNERÁVEL - VU* (D)
Fundamentação: População muito reduzida (50-250 indivíduos maturos). No entanto, por se admitir que a população em Portugal poderá ser alvo de imigração significativa e não ser de esperar que a imigração das regiões vizinhas possa vir a diminuir, na adaptação à escala regional desceu uma categoria.
População invernante: VULNERÁVEL - VU (D)
Fundamentação: População reduzida (250-1.000 indivíduos maturos).
Distribuição
Nidifica no Paleárctico, desde a Península Ibéria e Marrocos até à Ásia Menor e Ásia Central, com populações residentes ou dispersivas no Oeste europeu e em toda a franja sul da sua área de distribuição, sendo as restantes migradoras (del Hoyo et al. 1994, Cramp 1998). Inverna principalmente nos países circum-mediterrânicos, incluindo França, na África subsariana e no subcontinente indiano (del Hoyo et al. 1994).
Em Portugal ocorre principalmente como nidificante junto à faixa litoral - nos estuários, rias, lagoas e pauis ou sapais dos troços terminais de rios -, mas existem evidências de casais nidificantes no interior do país, particularmente no Alentejo, junto a albufeiras, por exemplo (Rosa et al. 2001b, ICN dados não publicados). A população presente durante o Inverno aparenta distribuir-se essencialmente ao longo das zonas húmidas da faixa litoral, concentrando-se, tal como a população nidificante, maioritariamente em quatro zonas: Ria de Aveiro, Baixo Mondego, estuário do Tejo e estuário do Sado, que no conjunto contêm 70-92% do total de indivíduos recenseados (Fernandes et al. 1995, Rosa et al. 1998, Rosa et al. 2001b). Mais raramente, algumas aves são também observadas no interior do país (Fernandes et al. 1995, Costa 1998b, Onofre N dados não publicados), tal como acontece em Espanha (cf. de Juana et al. 1988).
População
A população nacional nidificante de tartaranhão-ruivo-dos-pauis estará compreendida entre 50-250 indivíduos maturos (64-69 casais, em 1998 segundo Rosa et al. 1998).
De acordo com os censos feitos por Fernandes et al. (1995) e Rosa et al. (1998), tem-se verificado um aumento dos seus efectivos, que será real e não o resultado de maiores esforços de detecção. Esta tendência já tinha sido sugerida por Costa et al. (1993) para o estuário do Tejo. Este aumento não torna a população portuguesa necessariamente menos vulnerável, pois tem-se traduzido principalmente num aumento da concentração de casais reprodutores nas áreas já tradicionais e não tanto numa expansão em área (Rufino 1989, Fernandes et al. 1995, Rosa et al. 1998). Sabe-se, por outro lado, que os riscos de diminuição da extensão e da qualidade do habitat nos estuários e lagoas litorais continuam a ser grandes (Leitão et al. 1996).
A nível europeu a espécie é considerada como Não Ameaçada (BirdLife International 2004), estando a sua população estável ou em aumento, facto que se pensa estar relacionado com a proibição do uso do DDT (Hagemeijer & Blair 1997). Em Espanha, esta espécie é considerada como Pouco Preocupante (LC) (Madroño et al. 2004), apresentando aumento em várias regiões (Jubete 2003). Assim, admitiu-se um risco de extinção mais reduzido para a população nidificante em território nacional, tendo-se por isso descido uma categoria na adaptação regional.
A população invernante em Portugal estará compreendida entre 250 e 1.000 indivíduos; foi estimada num mínimo de 135 indivíduos em 1990-94 (Fernandes et al. 1995, Leitão et al. 1996), e em 347 em 1998-99 (Rosa et al. 2001b). Este incremento no número de aves invernantes é atribuído, segundo estes autores, à recuperação dos efectivos nidificantes em Portugal e também nos países de proveniência.
Habitat
O habitat da população reprodutora em Portugal é formado por zonas húmidas (estuários, lagoas, pauis, sapais, albufeiras, etc.), nidificando principalmente em caniçais Phragmites australis, mas também em zonas mistas com tabúas Thypa spp., juncos Juncus spp., salgueiro Salix spp., tamargueira Tamarix spp.), sapais e caçando nos habitats abertos envolventes (caniçais, sapais, vala, arrozais, searas, pastagens e espelhos de água) (Costa et al. 1993, Fernandes et al. 1995, Leitão et al. 1996, Fernandes 1998, Rosa et al. 1998). Na Ria de Aveiro, os sapais e caniçais são os biótopos de caça preferidos (Fernandes 1998).
À semelhança da população nidificante, no Inverno está também associado a zonas húmidas, utilizando como dormitórios os caniçais, as zonas mistas de caniço e os sapais, e caçando nos habitats abertos acima descritos (Costa et al. 1993, Fernandes et al. 1995, Leitão et al. 1996, Costa 1998b, Rosa et al. 1998). No interior, as poucas aves observadas ocorre em cursos de água espraiados, canteiros de arroz e outras terras de regadio ou albufeiras (Costa 1998b; Onofre N dados não publicados).
Factores de Ameaça
Os principais factores de ameaça são a destruição e a degradação das zonas húmidas por meio de drenagem e mobilização para utilização agro-pecuária (destruição de caniçais e outra vegetação palustre, bem como dos habitats de caça envolventes), urbanização e desenvolvimento de infra-estruturas (Fernandes et al. 1995, Leitão et al. 1996, Rosa et al. 1998). Estes autores referem ainda outros factores, como a poluição da água com metais pesados e pesticidas provenientes de efluentes industriais e agrícolas. Também o saturnismo, que em Portugal constitui uma ameaça real para as aves que dependem das zonas húmidas (Rodrigues 1998), poderá afectar negativamente esta espécie tal como acontece em França e Espanha (Hagemeijer & Blair 1997, Jubete 2003). A importância do abate e da perturbação directa na população nidificante não está ainda esclarecida (Leitão et al.1996, Rosa et al. 1998.
A concentração da espécie num número reduzido de áreas torna-a, naturalmente, mais vulnerável à incidência destas ameaças.
A população invernante estará sujeita às mesmas ameaças, mas acresce uma maior vulnerabilidade e risco de abate por parte de caçadores que se deslocam às zonas húmidas para a caça a aves aquáticas durante a época venatória.
Medidas de Conservação
A conservação da espécie passa necessariamente por:
São observadas aves em passagem em Portugal, mas com expressão reduzida, sendo disso reflexo o pequeno número de aves avistadas na região de Sagres (Tomé et al. 1998).
Aves, Accipitriformes, Accipitridae.
Tipo de ocorrência
Residente e Invernante.
Classificação
População residente: VULNERÁVEL - VU* (D)
Fundamentação: População muito reduzida (50-250 indivíduos maturos). No entanto, por se admitir que a população em Portugal poderá ser alvo de imigração significativa e não ser de esperar que a imigração das regiões vizinhas possa vir a diminuir, na adaptação à escala regional desceu uma categoria.
População invernante: VULNERÁVEL - VU (D)
Fundamentação: População reduzida (250-1.000 indivíduos maturos).
Distribuição
Nidifica no Paleárctico, desde a Península Ibéria e Marrocos até à Ásia Menor e Ásia Central, com populações residentes ou dispersivas no Oeste europeu e em toda a franja sul da sua área de distribuição, sendo as restantes migradoras (del Hoyo et al. 1994, Cramp 1998). Inverna principalmente nos países circum-mediterrânicos, incluindo França, na África subsariana e no subcontinente indiano (del Hoyo et al. 1994).
Em Portugal ocorre principalmente como nidificante junto à faixa litoral - nos estuários, rias, lagoas e pauis ou sapais dos troços terminais de rios -, mas existem evidências de casais nidificantes no interior do país, particularmente no Alentejo, junto a albufeiras, por exemplo (Rosa et al. 2001b, ICN dados não publicados). A população presente durante o Inverno aparenta distribuir-se essencialmente ao longo das zonas húmidas da faixa litoral, concentrando-se, tal como a população nidificante, maioritariamente em quatro zonas: Ria de Aveiro, Baixo Mondego, estuário do Tejo e estuário do Sado, que no conjunto contêm 70-92% do total de indivíduos recenseados (Fernandes et al. 1995, Rosa et al. 1998, Rosa et al. 2001b). Mais raramente, algumas aves são também observadas no interior do país (Fernandes et al. 1995, Costa 1998b, Onofre N dados não publicados), tal como acontece em Espanha (cf. de Juana et al. 1988).
População
A população nacional nidificante de tartaranhão-ruivo-dos-pauis estará compreendida entre 50-250 indivíduos maturos (64-69 casais, em 1998 segundo Rosa et al. 1998).
De acordo com os censos feitos por Fernandes et al. (1995) e Rosa et al. (1998), tem-se verificado um aumento dos seus efectivos, que será real e não o resultado de maiores esforços de detecção. Esta tendência já tinha sido sugerida por Costa et al. (1993) para o estuário do Tejo. Este aumento não torna a população portuguesa necessariamente menos vulnerável, pois tem-se traduzido principalmente num aumento da concentração de casais reprodutores nas áreas já tradicionais e não tanto numa expansão em área (Rufino 1989, Fernandes et al. 1995, Rosa et al. 1998). Sabe-se, por outro lado, que os riscos de diminuição da extensão e da qualidade do habitat nos estuários e lagoas litorais continuam a ser grandes (Leitão et al. 1996).
A nível europeu a espécie é considerada como Não Ameaçada (BirdLife International 2004), estando a sua população estável ou em aumento, facto que se pensa estar relacionado com a proibição do uso do DDT (Hagemeijer & Blair 1997). Em Espanha, esta espécie é considerada como Pouco Preocupante (LC) (Madroño et al. 2004), apresentando aumento em várias regiões (Jubete 2003). Assim, admitiu-se um risco de extinção mais reduzido para a população nidificante em território nacional, tendo-se por isso descido uma categoria na adaptação regional.
A população invernante em Portugal estará compreendida entre 250 e 1.000 indivíduos; foi estimada num mínimo de 135 indivíduos em 1990-94 (Fernandes et al. 1995, Leitão et al. 1996), e em 347 em 1998-99 (Rosa et al. 2001b). Este incremento no número de aves invernantes é atribuído, segundo estes autores, à recuperação dos efectivos nidificantes em Portugal e também nos países de proveniência.
Habitat
O habitat da população reprodutora em Portugal é formado por zonas húmidas (estuários, lagoas, pauis, sapais, albufeiras, etc.), nidificando principalmente em caniçais Phragmites australis, mas também em zonas mistas com tabúas Thypa spp., juncos Juncus spp., salgueiro Salix spp., tamargueira Tamarix spp.), sapais e caçando nos habitats abertos envolventes (caniçais, sapais, vala, arrozais, searas, pastagens e espelhos de água) (Costa et al. 1993, Fernandes et al. 1995, Leitão et al. 1996, Fernandes 1998, Rosa et al. 1998). Na Ria de Aveiro, os sapais e caniçais são os biótopos de caça preferidos (Fernandes 1998).
À semelhança da população nidificante, no Inverno está também associado a zonas húmidas, utilizando como dormitórios os caniçais, as zonas mistas de caniço e os sapais, e caçando nos habitats abertos acima descritos (Costa et al. 1993, Fernandes et al. 1995, Leitão et al. 1996, Costa 1998b, Rosa et al. 1998). No interior, as poucas aves observadas ocorre em cursos de água espraiados, canteiros de arroz e outras terras de regadio ou albufeiras (Costa 1998b; Onofre N dados não publicados).
Factores de Ameaça
Os principais factores de ameaça são a destruição e a degradação das zonas húmidas por meio de drenagem e mobilização para utilização agro-pecuária (destruição de caniçais e outra vegetação palustre, bem como dos habitats de caça envolventes), urbanização e desenvolvimento de infra-estruturas (Fernandes et al. 1995, Leitão et al. 1996, Rosa et al. 1998). Estes autores referem ainda outros factores, como a poluição da água com metais pesados e pesticidas provenientes de efluentes industriais e agrícolas. Também o saturnismo, que em Portugal constitui uma ameaça real para as aves que dependem das zonas húmidas (Rodrigues 1998), poderá afectar negativamente esta espécie tal como acontece em França e Espanha (Hagemeijer & Blair 1997, Jubete 2003). A importância do abate e da perturbação directa na população nidificante não está ainda esclarecida (Leitão et al.1996, Rosa et al. 1998.
A concentração da espécie num número reduzido de áreas torna-a, naturalmente, mais vulnerável à incidência destas ameaças.
A população invernante estará sujeita às mesmas ameaças, mas acresce uma maior vulnerabilidade e risco de abate por parte de caçadores que se deslocam às zonas húmidas para a caça a aves aquáticas durante a época venatória.
Medidas de Conservação
A conservação da espécie passa necessariamente por:
- conservação e recuperação das zonas húmidas, nomeadamente manutenção, restabelecimento e gestão de caniçais, outra vegetação palustre e sapais;
- estudos sobre contaminação e efeitos de metais pesados e pesticidas (Fernandes et al. 1995, Leitão et al. 1996);
- acções de sensibilização para a conservação e recuperação das zonas húmidas e de demonstração da sua importância e vulnerabilidade em termos naturais e para as populações de tartaranhão-ruivo-dos-pauis, em particular (Fernandes et al. 1995);
- fiscalização da actividade venatória nas zonas húmidas e nas suas imediações e investigação sobre o real impacte do abate e perseguição por parte dos caçadores sobre a espécie (Leitão et al. 1996);
- proibição da utilização de bagos de chumbo pelos caçadores nas zonas húmidas.
São observadas aves em passagem em Portugal, mas com expressão reduzida, sendo disso reflexo o pequeno número de aves avistadas na região de Sagres (Tomé et al. 1998).
in Livro Vermelho dos Vertebrados
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