terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Columba trocaz, Pombo da Madeira, Pombo-trocaz

Taxonomia
Aves, Columbiformes, Columbidae.
 
Tipo de ocorrência
Residente. Endémica da Madeira.
 
Classificação
VULNERÁVEL - VU (D2)
Fundamentação: Espécie com uma distribuição circunscrita às manchas de floresta Laurissilva, pelo que apresenta um número de localizações muito restrito.

Distribuição

Espécie endémica da ilha da Madeira, o pombo-trocaz ocorre ao longo da floresta laurissilva que se distribui de uma forma continua ao longo de toda a costa norte da ilha e nalgumas bolsas a sul.

População
Após um crescimento marcado que se verificou após a implementação da proibição da caça em 1989 (Oliveira et al. 1999), a população tem vindo a decrescer de uma forma marcada e acentuada pelo menos desde 1995. Em 1999 a estimativa efectuada indicou uma população de cerca de 8.500 indivíduos (Oliveira et al. 2003a). Os resultados do último censo (2003) ainda estão em fase de tratamento, mas admite-se que actualmente a população seja inferior àquele valor, uma vez que a análise das densidades relativas revelou que foram mais baixas em cerca de 13 dos 17 transectos realizados (Oliveira P, Menezes D, Ferreira J & Monteiro P dados não publicados). A redução verificada nos últimos anos (1995-2003) é assumida como dependente de factores estocásticos e terão a ver com flutuações naturais da população (Oliveira et al. 2003a). Por outro lado, é um facto que muito pouco se sabe sobre a flutuação de espécies de columbiformes em Ilhas, pelo que é importante continuar uma monitorização regular da população.

É uma espécie globalmente classificada como Quase Ameaçada (NT) (IUCN 2004a), que em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa é considerada Rara, embora ainda provisoriamente (BirdLife International 2004).

Habitat
O pombo-trocaz vive associado à floresta laurissilva, apesar de ser frequentemente visto em zonas de floresta exótica adjacentes a esta. Apresenta uma clara preferência pelo til Ocotea foetens, árvore que é bastante procurada ao longo de todo o ano (Oliveira 2003).

Os estratos herbáceos e arbustivos são também usados ao longo de todo o ano, com especial relevo para os períodos em que existe menor disponibilidade de baga (Oliveira et al. 2002).

Factores de Ameaça
Em termos históricos devem ser realçadas duas grandes ameaças e factores limitantes para a espécie: redução e degradação do seu habitat, hoje em dia reduzido a 1/5 do existente na altura da chegada do homem à ilha no século XV (Neves et al. 1996), e caça e envenenamento continuado devido aos estragos que causa nos campos agrícolas.

Hoje em dia a grande ameaça relaciona-se com este último aspecto (Oliveira & Jones 2001). Se a caça ilegal e o envenenamento não constituem ameaças directas e com muita expressão, a impopularidade que esta ave tem junto das populações resulta em fortes pressões sobre as entidades com responsabilidade na área da conservação, no sentido de diminuir o estatuto de protecção legal da espécie, o que poderia abrir as portas à sua caça legal. Por outro lado esta impopularidade limita muito as acções de conservação que são levadas a cabo nestas áreas.

Medidas de Conservação
A floresta laurissilva, classificada como Património Mundial Natural da Humanidade sob a égide da UNESCO, está totalmente integrada no Parque Natural da Madeira com o estatuto de Reserva Integral ou Reserva Parcial, pelo que o problema de perda e degradação do habitat é uma ameaça que já não se põe.

Como medida de gestão implementada no terreno, têm fundamentalmente sido dados apoios aos agricultores através da distribuição de métodos de minimização dos estragos causados nas culturas. Actualmente são disponibilizados de forma gratuita dois tipos de dispositivos: os espanta pássaros a gás e as redes de protecção (Oliveira & Jones 2001).

in Livro Vermelho dos Vertebrados

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