terça-feira, 18 de março de 2014

Porzana pusilla, Franga-d’água-pequena

Taxonomia
Aves, Gruiformes, Rallidae.

Tipo de ocorrência
Estival nidificante.

Classificação
INFORMAÇÃO INSUFICIENTE - DD
Fundamentação: Não existe informação adequada para avaliar o risco de extinção. Com efeito desconhece-se com rigor a regularidade da espécie como nidificante em Portugal, a dimensão e tendência da população, e a sua distribuição.

Distribuição
Encontra-se distribuída pela Europa, região meridional da Ásia e grande parte da África (del Hoyo et al. 1996). Na Península Ibérica aparece distribuída localmente, encontrando-se os maiores núcleos populacionais no vale médio do Ebro e nas Marismas do Guadalquivir (Dies & Dies 2003).

Em Portugal a informação existente durante as últimas décadas é muito escassa. Durante a realização do primeiro atlas das aves de Portugal Continental (1978-1984) obtiveram-se somente dois registos, no estuário do Tejo e na lagoa de Sto. André (Rufino 1989).

Mais recentemente foram avistadas duas aves adultas em Abril de 1993, uma no Paul do Boquilobo (Catry & Costa 1995 in Costa & Neves 1995) e outra em Vale do Lobo (Phillips 1995 in Costa & Neves 1995). Um indivíduo a vocalizar foi ouvido em 05-06-1999 na Lagoa dos Patos (Moore & Neves 2001).

População
Durante o século XIX e até meados do século XX a franga-d’água-pequena deverá ter sido relativamente comum e bem distribuída nas áreas com habitat favorável em Portugal (Giraldes 1879, Bocage 1862 e 1869, Paulino d‘Oliveira 1896, Themido 1933), havendo diversos registos de nidificação no Paul do Boquilobo, em Esmoriz e em Vagos (Tait 1924, Coverley 1932).

À semelhança do verificado para outros ralídeos aquáticos, sofreu um declínio acentuado durante a segunda metade do século XX. Actualmente não se conhece com rigor a dimensão da população, nem mesmo se a espécie ainda será uma nidificante regular em Portugal. A informação existente durante as últimas décadas é muito escassa (ver distribuição) e insuficiente para poder inferir uma estimativa populacional ou mesmo se a espécie ainda é um visitante regular no nosso país (Catry 1999).

Em Espanha, foi classificada como com Informação  Insuficiente (DD) (Madroño et  al. 2004). A nível europeu a espécie é considerada como Rara, com declínios referenciados para o leste europeu (BirdLife International 2004).

Em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa, a espécie é considerada Rara, provisoriamente; a população europeia reprodutora é muito pequena (c. 760 casais) (BirdLife International 2004).

Habitat
O habitat da franga-d’água-pequena em Portugal parece consistir em zonas húmidas de água doce ou salobra, permanentes ou temporárias, com vegetação aquática emergente abundante (junco Juncus maritimus, bunho Scirpus spp., caniço Phragmites australis, junça Carex sp. e Paspalum sp.). Prefere zonas encharcadas ou de água pouco profunda, buscando alimento entre a vegetação.

Factores de Ameaça
Como se verifica para outros ralídeos aquáticos, a franga-d’água-pequena aparentemente encontra-se ameaçada principalmente pela perda e modificação dos seus habitats. No entanto, a escassez de informação para o nosso país não permite determinar com rigor as ameaças presentes. Na vizinha Espanha apontam-se ainda como ameaças uma elevada mortalidade por colisão com linhas eléctricas durante a migração, o abate a tiro, a caça com cães nas zonas húmidas, a morte acidental nas armadilhas de pesca ao lagostim-vermelho da Louisiana e a contaminação do meio aquático por pesticidas e efluentes industriais e domésticos (Dies & Dies 2003).

Medidas de Conservação
Dadas as lacunas de conhecimento sobre a situação da franga-d’água-pequena em Portugal, é difícil identificar medidas concretas para a sua conservação. Uma prioridade é conhecer a sua situação populacional e requisitos ecológicos. Por outro lado, a protecção das zonas húmidas com habitat favorável é também essencial. Uma parte significativa das zonas húmidas com habitat favorável encontra-se na rede nacional de áreas protegidas e/ou ZPE’s. No entanto, deveriam ser classificadas como áreas protegidas algumas zonas húmidas actualmente sem qualquer estatuto de protecção, nomeadamente algumas lagoas costeiras da região algarvia. A integração de medidas de gestão adequadas nos planos de gestão existentes ou a realizar, como a manutenção de níveis de água apropriados durante a primavera e a manutenção da vegetação palustre emergente (Tucker & Heath 1994), e a sua implementação afiguram-se essenciais.

in Livro Vermelho dos Vertebrados


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