terça-feira, 31 de agosto de 2010

Atherina boyeri, Peixe-rei

Taxonomia
Actinopterygii, Atheriniformes, Atherinidae.

Tipo de ocorrência
Residente.

Classificação
INFORMAÇÃO INSUFICIENTE . DD
Fundamentação: Não há informação adequada para aplicar os critérios da IUCN, devido essencialmente à falta de dados sobre os efectivos populacionais.

Distribuição
Distribui-se pelo litoral mediterrânico, Mar Negro, Atlântico desde o Sul de Espanha, Marrocos, costas Sul e Ocidental de Portugal e alguns núcleos muito localizados no Mar da Irlanda, Mar do Norte e Canal da Mancha (Quignard & Pras 1986, Quéro & Vayne 1997, Doadrio 2001a).

Em Portugal continental está presente em todas as principais bacias hidrográficas, ocorrendo em meios salobros e dulciaquícolas (Almeida 2002).

População
Considera-se que a população de peixe-rei existente em Portugal deverá ser superior a 10.000 indivíduos maduros. Não há dados que permitam calcular a percentagem da sua redução, se tem sofrido declínio continuado ou se apresenta flutuações no número de indivíduos maduros.

Habitat
Ocorre no litoral costeiro adjacente aos estuários, zonas estuarinas, lagoas costeiras e em ambientes dulciaquícolas (Gon & Ben-Tuvia 1983, Maitland & Linsell 1986, Quéro & Vayne 1997, Doadrio 2001a).

Factores de Ameaça
Os principais factores de ameaça resultam da perda e degradação do habitat, em especial devido à construção de barragens e à poluição aquática. Doadrio (2001a) refere que o desaparecimento da espécie em Espanha, nos rios que desaguam no Atlântico, terá resultado da interrupção da continuidade longitudinal desses cursos de água em consequência dos numerosos empreendimentos hidráulicos neles construídos. É importante ter em linha de conta que os ecossistemas salobros frequentados pela espécie também sofrem degradação, nomeadamente devido à poluição. A pressão predatória das espécies piscívoras não-indígenas nos ambientes dulciaquícolas é igualmente um problema a ter em consideração.

Medidas de Conservação
O peixe-rei está abrangido pela legislação nacional de defeso. É necessária a realização de estudos científicos que abordem as questões de índole populacional, biologia e ecologia, avaliação do estado do habitat, inventariação e quantificação das ameaças à preservação da espécie e, se necessário, definição de medidas de conservação. É aconselhável também implementar um programa de monitorização que registe as suas tendências populacionais.

Para a conservação desta espécie é preciso efectuar a recuperação dos seus habitats. Nos ambientes dulciaquícolas a implementação de planos de ordenamento, designadamente os Planos de Bacia Hidrográfica e ainda da Directiva-Quadro da Água, deverá atingir a melhoria permanente da qualidade dos habitats aquáticos e contribuir para melhorar as condições para a espécie.

Notas
A família Atherinidae está representada por três espécies nas águas nacionais, Atherina boyeri, A. hepsetus Linnaeus, 1758 e A. presbyter Cuvier, 1829, morfologicamente muito semelhantes, e simpátricas nos meios salobros e marinhos (Quignard & Pras 1986, Quéro & Vayne 1997). Destas espécies, apenas A. boyeri ocorre com alguma frequência em meios dulciaquícolas (Bauchot & Pras 1986, Quéro & Vayne 1997), existindo mesmo referências a populações residentes na bacia hidrográfica do Guadalquivir (Doadrio 2001a). A escassez de trabalhos dedicados a esta espécie, em particular fora das zonas salobras, faz com que não exista muita informação disponível sobre este taxon. Para além disso, há dúvidas sobre a identificação da espécie em vários locais para onde foi referenciada, pelo que a sua área de distribuição no passado e no presente não pode ser indicada com exactidão.

Apesar de Quignard & Pras (1986) referenciarem esta espécie igualmente para a Madeira, é pouco provável que ocorra nos sistemas dulciaquícolas daquele arquipélago, não sendo de excluir a hipótese de a informação ter resultado de uma confusão com a sua congénere A. presbyter, à semelhança do que foi referido para as bacias hidrográficas continentais, ou mesmo com A. hepsetus referida como muito vulgar na costa madeirense por Noronha & Sarmento (1948).

Outra bibliografia consultada
Fernández-Delgado et al. (1988); Creech (1991,1992); Trabelsi et al. (1994).

in Livro Vermelho dos Vertebrados