segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O ponto de vista dos outros

Nossa atitude no Movimento Escutista deve ser de não querermos estar em conflito com quaisquer políticas, sejam educacionais, religiosas, ou de outras entidades, mas de ficarmos felizes com seus conselhos ou sugestões.

É nosso objectivo estar em paz com todos e fazermos o melhor em nossa própria linha.

Provavelmente a maioria de nós está em sintonia com ideais socialistas, embora talvez não vejamos com um mesmo olhar a viabilidade de seus detalhes ou de seus métodos.

Nós, no escutismo, desejamos não somente corrigir os males sociais presentes, como também prevenir sua recorrência nas novas gerações, tentar reduzir o grande desperdício de vidas humanas actualmente existentes nas cidades onde tantos milhares de seres humanos vivem uma existência de miséria pelo desemprego, isto nem sempre por sua própria culpa, mas simplesmente por nunca lhes terem dado uma chance.

O nosso principal esforço é atrair os jovens e colocá-los em um caminho correto para o sucesso em sua vida, nos empenharmos para equipá-los – especialmente os mais pobres – com “carácter” e habilidades manuais para que cada um possa pelo menos ter um trabalho. Se após isto ele fracassa, então é sua culpa e não daqueles que estão em posição de ajudar nossos irmãos menos favorecidos, como acontece actualmente.

O fato é que a justiça e a honestidade nem sempre fazem parte dos currículos escolares. Se os nossos jovens são treinados para enxergarem o ponto de vista de seus companheiros antes do seu próprio no julgamento em um litígio, que diferença faria na maturidade de seu carácter!

Esses rapazes não seriam levados pelo primeiro orador que cativa os seus ouvidos sobre qualquer assunto, como comumente acontece actualmente, mas desejariam também ouvir o que a outra parte tem a dizer sobre a questão, reflectindo por si mesmos como adultos.

E assim é com quase todos os problemas da vida, o poder de julgamento individual é essencial, quer seja nas escolhas políticas, religião, profissão, desportos – metade dos fracassos e três quartos dos sucessos parciais entre nossos filhos são devidos a carência disto.

Queremos que nossos homens sejam homens, e não cordeiros. E na grande proposição da Paz Internacional, tenho para mim que antes de abolir armamentos, antes de se fazer tratados de paz, antes de construir palácios para os delegados das nações se reunirem, o primeiro passo é a formação de todas as novas gerações – em cada nação – guiadas por um absoluto sentimento de justiça. Quando os homens tiverem como instinto na condução das tarefas da vida, olhar as questões com imparcialidade de ambos os lados antes de se tornarem partidários de um deles, então, ao surgir crise entre duas nações, estariam naturalmente mais dispostos a reconhecer a justiça de cada caso e adoptarem uma solução de paz, o que é impossível enquanto seus espíritos estiverem acostumados a entrar em guerra como único argumento.

No movimento escutista temos ao nosso alcance grandes oportunidades para introduzir ensinamentos práticos em justiça e honestidade, como jogos e competições de campo, e através de arbitragens, cortes de honra, ensaios e debates na sede.

Julho de 1912.
Pensamentos de B-P
contribuições de Baden-Powell para "The Scout"
 

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