quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O disco rígido pifou, e agora?


Sem dúvida, esta não é uma experiência muito agradável não é mesmo? Existem companhias especializadas em recuperação de dados de discos rígidos com defeito, algumas equipadas com salas limpas e outros tipos de equipamentos, o grande problema é o preço deste tipo de trabalho, que facilmente pode ultrapassar os 2000 reais. Além disso, nunca existe garantia de que os dados realmente serão recuperados. Se você prefere tentar você mesmo, a seguir vão algumas dicas úteis:


Os dados foram apagados mas o HD funciona
O modo através do qual os dados são gravados no disco rígido, permite que praticamente qualquer dado anteriormente apagado possa ser recuperado. Na verdade, quando apagamos um arquivo, seja através do DOS ou do Windows Explorer, é apagada apenas a referência a ele na FAT, a tabela gravada no início do disco rígido que armazena a localização de cada arquivo no disco.

Com o endereço anteriormente ocupado pelo arquivo marcado como vago na FAT, o sistema operacional considera vaga a parcela do disco ocupada por ele. Porém, nada é realmente apagado até que um novo dado seja gravado subscrevendo o anterior. É como regravar uma fita cassete: a música antiga continua lá até que outra seja gravada por cima.

O Norton Utilities possui um utilitário, chamado “Rescue Disk”, que permite armazenar uma cópia da FAT em disquetes. Caso seu HD seja acidentalmente formatado por um vírus, ou por qualquer outro motivo, você poderá restaurar a FAT com a ajuda destes discos, voltando a ter acesso a todos os dados como se nada tivesse acontecido.

Além do Norton, existem vários outros programas extremamente amigáveis especializados em recuperação de dados, mesmo caso não exista backup algum da FAT. A Ontrack tem o seu Easy Recovery (chamado de Tiramissu, em versões anteriores) com versões para Fat 16, Fat 32, NTFS, Novel Netware e discos Zip/Jaz. Estes programas são capazes de recuperar arquivos apagados, ou mesmo um disco rígido inteiro vítima da acção de vírus, mesmo que qualquer vestígio da FAT tenha sido apagado. Ele faz isso baseando-se nas informações no final de cada cluster, e baseado em estatísticas. Realmente fazem um bom trabalho, recuperando praticamente qualquer arquivo que ainda não tenha sido reescrito. Estes não são exatamente programas baratos. A versão Personal, custa 179 dólares, enquanto a Professional, que oferece alguns recursos avançados, custa absurdos 489 dólares. Existe uma demonstração gratuíta que apenas mostra os arquivos que podem ser recuperados. Os programas podem ser comprados em: http://www.ontrack.com.

Na mesma categoria, temos também o Lost and Found da Power Quest. O modo de recuperação é bem parecido com o usado pelo Easy Recovery, e a eficiência também é semelhante, sua vantagem é ser bem mais barato, e ter versão em Português. Existe ainda um demo que pode ser baixado gratuitamente. Informações disponíveis em http://www.powerquest.com.br.

Usando qualquer um dos dois programas, a chance de recuperar dados que ainda não tenham sido reescritos é muito grande, isso caso o disco rígido não tenha nenhum defeito de hardware claro.

Mais uma dica é que alguns vírus podem bloquear o acesso ao disco rígido, fazendo com que você não consiga aceder a ele nem mesmo usando um disco de boot. Neste caso, dê boot via disquete e use o Manual de Hardware Completo 3º ed. - Carlos E. Morimoto – http://www.guiadohardware.net comando FDISK /MBR, isto apaga o sector de boot do disco rígido. Em seguida, passe um antivírus actualizado. Pode ser que você nem precise do programa de recuperação de dados.


O disco rígido não é sequer detectado pelo BIOS
Existe um truque que costuma dar certo, e vale à pena tentar primeiro pois não traz riscos.

Coloque o disco rígido dentro de um plástico hermeticamente fechado e deixe no congelador por 4 horas ou mais. Parece estranho, mas tem sua lógica, o frio altera a posição das marcas magnéticas nos discos (contração do material) e alguns componentes do disco rígido funcionam melhor a baixas temperaturas. Reinstale rapidamente o disco rígido, cruze os dedos. Existem uma possibilidade razoável dele voltar a funcionar durante alguns minutos, tempo suficiente para fazer uma cópia dos dados mais importantes e reformá-lo definitivamente. Por incrível que pareça, isso também costuma funcionar com CDs riscados que não lêem mais.

Experimente também passar no site do fabricante e configurar o disco rígido manualmente no Setup, dando o número de pistas, sectores e cilindros, como nos computadores antigos, resolve em alguns casos raros. Experimente também dar boot usando um disquete com o boot manager do fabricante, muitas vezes ele é capaz de aceder ao drive, mesmo sem ter sido reconhecido pelo BIOS.

Se você ouvir o ruído dos discos girando, seguido de um "click", "click", "click", significa que a placa lógica está tentando posicionar as cabeças de leitura, mas não está conseguindo. Este defeito é comum em discos rígidos antigos. Experimente apoiar o disco rígido sobre uma mesa, na vertical e dar uma
pancada sobre o lado superior. Um pancada leve, pois como os discos rígidos estão girando uma pancada mais forte pode danificar os discos magnéticos e aí que os dados não vão mais ser recuperados mesmo.

Lembre-se que sempre, seja usando um programa de recuperação, seja usando algumas das outras dicas, você precisará manter um segundo disco rígido instalado para onde possa copiar os dados.


O disco rígido "morreu", nem ouço o ruído dos discos girando
Neste caso, existem duas hipóteses, o motor de rotação não está girando ou existe algum defeito grave na placa lógica. Comece testando as voltagens do plug alimentação, só para eliminar a possibilidade de defeitos na fonte. Também experimente instalá-lo na segunda controladora IDE ou em outro computador, verificar o jumpeamento, o cabo IDE, etc. Apenas para eliminar estas possibilidades mais banais.

Em seguida, examine a placa lógica do disco rígido em busca de algum dano visível. Tente descobrir também as circunstâncias em que o disco rígido parou de funcionar.

O motor de rotação do disco rígido não para de uma vez, é como um cooler, que vai perdendo potência gradualmente. Se o problema for mesmo no motor de rotação, experimente dar uma pancada no disco rígido, cerca de 2 ou 3 segundos após ligar o computador. Na maioria dos casos, o motor volta a girar com a "pancada". Como no caso anterior, recupere imediatamente os dados que forem importantes, pois ele pode voltar a falhar.

Se a pancada não funcionar, você pode tentar uma pancada um pouco mais forte, ou mesmo usar algum objecto, o cabo de uma chave de fenda por exemplo. Como os discos não estão girando, a possibilidade de "terminar de danificar o drive" são pequenas. Desde que os impactos estejam dentro do razoável claro, não adianta bater com uma marreta.

Outra coisa, que às vezes dá certo é segurar o disco rígido e girá-lo rapidamente, no sentido anti-horário logo após ligar o computador. Este é o sentido de rotação dos discos. Caso tenha sorte, a lei da inércia se encarregará de dar o "empurrãozinho" que o motor de rotação precisa.

Se for encontrado algum defeito na placa lógica, trilhas quebradas, capacitores queimados, algum CI que explodiu, etc. etc. as opções são tentar corrigir o defeito, caso seja simples, ou então tentar encontrar outro disco rígido da mesma marca e modelo e pegar "emprestada" a placa lógica.

Recupere os dados, devolva a placa ao doador e aposente o disco rígido defeituoso.


Não tenho mais nada a perder, mais alguma sugestão?
As dicas a seguir devem ser usadas apenas após ter esgotado todas as anteriores, pois permitirão fazer o disco rígido funcionar por mais alguns minutos ou horas, tempo suficiente para fazer uma cópia dos dados importantes, mas, em troca, o disco rígido será definitivamente condenado. Depois deste último fôlego servirá no máximo para fazer um relógio de parede.

Mas, se você acha que não tem mais nada a perder, está ponto de arrancar os cabelos e jogar o finado disco rígido pela janela, vamos lá:

O último recurso para tentar recuperar os dados é abrir o disco rígido. Tente fazer isso num ambiente com o ar mais limpo possível. De qualquer forma, o disco rígido estará condenado apartir do momento que abri-lo. A poeira que entrar começará a lentamente destruir os discos magnéticos. Mas, antes disso você terá tempo de recuperar os dados.

Depois de aberto, ligue o cabo de força e o cabo flat. Ligue o computador e veja que é o comportamento do disco rígido. Se ele não estiver girando, use o dedo para dar um empurrãozinho, se o motor estiver desgastado, isto fará com que ele gire. Com isto bastará reconhecê-lo no Setup e recuperar os dados. Toque o dedo no eixo de rotação, e não nos discos magnéticos.

Se os discos estiverem girando, mas as cabeças de leitura estiverem fazendo o click, click, click, como no exemplo anterior, peque uma caneta, ligue o computador e empurre o braço de leitura cerca de 2 segundos após ligar o computador. Na maioria dos casos, isto fará a placa lógica se achar" e prosseguir com o boot. Novamente, faça backup o mais rápido possível.

Lembre-se que os dados ficam armazenados nos discos magnéticos do disco rígido, o resto do mecanismo tem a função de dar acesso aos dados gravados. Uma possibilidade é sempre encontrar um outro drive do mesmo modelo, abrir ambos e trocar os discos magnéticos. Com isto o HD "bom" será aproveitado para ler os dados armazenados nos discos do HD ruim. Claro que isto deve, ou deveria ser feito dentro de uma sala limpa, o velho problema da poeira. Mas, se não for possível enviar o disco rígido para nenhuma companhia especializada, e não houver possibilidade de encontrar uma sala limpa, você pode, em último caso tentar fazer isto sem o uso da sala, claro, que como no caso anterior, será só o tempo de fazer backup dos dados.


Apagando dados com segurança
Como você viu, é perfeitamente possível recuperar dados, mesmo que o disco rígido tenha sido formatado.

Na verdade, técnicas mas avançadas de recuperação de dados, utilizadas por algumas empresas especializadas e, em geral, pelos próprios fabricantes, são capazes de recuperar dados anteriormente gravados mesmo que já tenham sido subscritos. Ou seja, mesmo que você tenha formatado o disco e gravado dados por cima, ainda é possível recuperar os dados anteriores, a partir de subtis vestígios deixados na superfície magnética sempre que um bit é alterado.
 
Claro que estas técnicas exigem aparelhos especiais e são extremamente trabalhosas e caras, mas não deixam de ser uma possibilidade. Segundo a Ontrack, para realmente não haver possibilidade de recuperação de dados, devem ser feitas pelo menos 7 regravações sobre os dados originais.

Isto nos trás outro problema, e se realmente precisássemos apagar os dados gravados no disco rígido, de modo a ninguém ter como recuperá-los posteriormente? Você poderia formatar o disco e subscrever os dados várias vezes, ou então utilizar um programa que faz esta tarefa automaticamente, como o Data Eraser, da Ontrack. A principal vantagem é que o programa faz a regravação em poucos minutos, enquanto o processo manual demoraria muito mais tempo.

in Manual de Hardware Completo
de Carlos E Marimoto


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