terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Ixobrychus minutus, Garçote, Garça-pequena


Taxonomia
Aves, Ciconiiformes, Ardeidae.

Tipo de ocorrência
Estival nidificante.

Classificação
VULNERÁVEL - VU (D1)
Fundamentação: Espécie com população reduzida (menor que 1.000 indivíduos maturos).

Distribuição
A sua área de distribuição abrange todos os continentes com excepção da Antártida e América.

No Paleártico Ocidental distribui-se do Atlântico aos Montes Urais e da Finlândia até ao Golfo Pérsico. Na Europa, não se encontra presente em Inglaterra, Irlanda e Escandinávia.

No entanto tem ocorrido ocasionalmente nos Açores, Ilhas Canárias, Ilhas Féroe, Reino Unido, República da Irlanda, Islândia, Madeira, Noruega e Suécia (Cramp & Simmons 1977).

A população europeia passa o Inverno na África Oriental, desde do Sudão e da Etiópia até ao Congo e o Sul de África do Sul (Cramp & Simmons 1977).

A sua distribuição em Portugal Continental estende-se de norte a sul do País, ao longo dos rios e ribeiras principais e em lagoas e albufeiras, embora aparentemente esteja melhor distribuída na zona centro do País. Associada a um tipo de habitat específico, a sua área de ocupação será inferior a 2.000 km2.

População
Estima-se, com base no acompanhamento de algumas áreas, nos resultados de capturas e de censos realizados (Encarnação V dados não publicados) e na distribuição obtida com os trabalhos do Novo Atlas (ICN dados não publicados), que a população nacional esteja compreendida entre os 250 e 1.000 indivíduos maturos, admitindo-se igualmente uma tendência de decréscimo do efectivo.

Em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa, a espécie é considerada Depauperada, embora ainda provisoriamente, tendo apresentado um declínio histórico acentuado (BirdLife International 2004).

Habitat
Frequenta normalmente zonas com abundante vegetação palustre. Inclui lagoas costeiras, valas em zonas de arrozal, cursos de água, pauis, açudes e barragens. Apresenta grande dependência deste habitat específico, cuja qualidade se admite estar em redução, principalmente ao longo dos rios e em lagoas fora de áreas protegidas.

Factores de Ameaça
Entre os factores de ameaça a esta espécie destaca-se a drenagem e destruição de caniçais para aproveitamento agrícola e pecuário e a má gestão dos recursos hídricos. Com efeito, tratando-se de uma ave extremamente sensível a alterações do nível da água, pode ser negativamente afectada por intervenções hidráulicas associadas a alterações dos níveis de água, com origem na gestão de açudes e barragens. Também alterações do uso do solo nas áreas circundantes às colónias que são utilizadas como locais de alimentação, nomeadamente o abandono da cultura de arroz ou conversão para a cultura de sequeiro ameaçam a conservação desta espécie. O corte e queima dos caniçais também prejudicam esta espécie, dado que o caniço é utilizado para a construção do ninho e é também no seu interior que esta ave se alimenta. É uma espécie extremamente sensível a qualquer tipo de perturbação nas áreas de nidificação, sendo negativamente afectada pelas acções de perturbação associadas ao turismo, caça e pesca. Dada a sua grande dependência do meio aquático, é muito afectada pela poluição da água, por efluentes domésticos, industriais e agrícolas e ainda pela utilização de adubos, pesticidas e herbicidas nas zonas de alimentação, contaminando os recursos alimentares.

Medidas de Conservação
A conservação desta espécie requer a manutenção e incremento das áreas de habitat de suporte potencial para nidificação da espécie, nomeadamente de manchas de caniço, bem como das condições nos habitats de alimentação, assegurando a existência de zonas ricas em peixe e anfíbios. É uma espécie que beneficiará largamente da melhoria da eficácia do controlo e tratamento das descargas de efluentes. Carece também de medidas que visem reduzir a perturbação nos locais de nidificação e de invernada. A criação e implementação de Planos de Ordenamento para áreas ecologicamente sensíveis onde a espécie ocorre, que integrassem estas orientações, asseguraria a sua conservação à escala nacional.
 
A monitorização dos efectivos nidificantes é fundamental.

A informação e sensibilização das populações em geral e das entidades responsáveis para a conservação da espécie, foi também identificada como tendo um papel importante na preservação desta ave.

in Livro Vermelho dos Vertebrados


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