terça-feira, 31 de março de 2015

Locustella luscinioides, Cigarrinha-ruiva, Felosa-unicolor

Taxonomia
Aves, Passeriformes, Sylviidae.

Tipo de ocorrência
Estival nidificante.

Classificação
VULNERÁVEL - VU (D2)
Fundamentação: Espécie associada a habitat palustre, pouco representado em Portugal, que se admite ter área de ocupação muito restrita (inferior a 20 km2).

Distribuição
Como nidificante, distribui-se em latitudes médias e baixas no Paleárctico, desde a Europa Ocidental e África Noroeste até à Mongólia; é migrador transariano, invernando na África subsariana (Cramp 1992).

Em Portugal, ocorre na faixa litoral, desde o Minho ao Alentejo. As zonas principais de ocorrência incluem grandes complexos de zonas húmidas litorais, como sejam a Ria de Aveiro, o Baixo Mondego ou a Lagoa de Santo André. A área de ocupação da espécie é diminuta.

População
Estima-se que a população nacional esteja compreendida entre 1.000 e 10.000 indivíduos.

Durante a realização dos trabalhos do Novo Atlas, a espécie foi detectada em 20
quadrículas de 10x10 km (ICN dados não publicados), mas admite-se que o número total de quadrículas com presença da espécie se eleve a cerca de 25. Parece razoável admitir que existirão, em média, pelo menos 40 indivíduos maturos por quadrícula ocupada, o que dá um valor mínimo para a população superior a 1.000 indivíduos. Na Lagoa de Santo André, encontraram-se densidades variando entre 0 e 2,5 casais/ha em diversos tipos de caniçal Phragmites australis e 2,6 casais por hectare em juncal Scirpus maritimus (Catry 1997) e a população foi estimada em 34 casais em 1992 (Catry 1993).

No estuário do Tejo, encontraram-se densidades entre 0,18 casais/10 ha e 1,36 casais/10 ha (Leitão et al. 1998). Na Ria de Aveiro, encontraram-se densidades de aproximadamente 10 casais/10 ha, estimando-se o total da população da Ria em cerca de 400 casais (J Neto, com. pess.).

Não existem indícios concretos de que esta espécie esteja em decréscimo. No entanto, essa possibilidade não é de excluir, já que se tem vindo a assistir a uma degradação geral dos povoamentos palustres nas zonas húmidas nacionais, devida a fenómenos de drenagem, de pastoreio, de conversão em arrozais e de sucessão natural.

Em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa, a espécie é considerada Não Ameaçada, embora ainda provisoriamente; apresentou declínio de algumas populações marginais entre 1990-2000 (BirdLife International 2004).

Habitat
Habita zonas de vegetação palustre do tipo predominantemente herbáceo, dominadas por plantas dos géneros Phragmites, Typha, Scirpus, Carex e Juncus. Parece ter preferência por povoamentos relativamente extensos e diversificados e por zonas não sujeitas à influência do regime das marés (Teixeira 1982, Catry 1997).

Factores de Ameaça
De entre as ameaças conhecidas, realça-se a drenagem ou alteração de zonas húmidas para aproveitamento agrícola, pastoreio ou outros usos do solo. A sucessão natural, transformando povoamentos palustres herbáceos em outros, dominados por arbustos ou árvores, afecta também as populações desta espécie. Acresce ainda que a alteração das zonas de invernada em África constitui uma ameaça potencial.

Medidas de Conservação
Manutenção de povoamentos palustres extensos e diversificados, através da proibição de usos lesivos e do controlo da sucessão natural. Embora uma parte importante das áreas de cria da cigarrinha-ruiva se encontrem dentro de áreas protegidas, a verdade é que, em geral, não existem planos de gestão do habitat que favoreçam esta espécie, isto apesar de tais planos serem tecnicamente possíveis e relativamente fáceis de implementar.

in Livro Vermelho dos Vertebrados


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