Usando a multitarefa, quase sempre teremos vários aplicativos carregados na memória, seja na memória RAM ou no arquivo de troca. Se não houvesse nenhum controle por parte do processador, um aplicativo poderia expandir sua área de memória, invadindo áreas de outros aplicativos e causando travamentos no microcomputador.
Um editor de imagens, por exemplo, precisa ocupar mais memória conforme as imagens vão sendo abertas ou criadas. Sem nenhuma orientação por parte do processador, simplesmente seriam ocupadas as áreas adjacentes, que poderiam tanto estar vazias, quanto estar ocupadas pelo processador de textos, por exemplo.
Para colocar ordem na casa, foi desenvolvido o recurso de protecção de memória, que consiste no processador isolar a área de memória ocupada por cada aplicativo, impedindo que ele ocupe outras áreas ao seu bel prazer. Se, por acaso, o programa precisar de mais memória, o próprio processador irá procurar uma área vazia de memória e ordenar ao aplicativo que ocupe a área reservada.
Existem basicamente dois tipos de multitarefa, denominadas multitarefa preemptiva e multitarefa cooperativa, que diferem justamente pelo uso ou não da protecção de memória.
O Windows 3.x, apesar de ser considerado um sistema operacional multitarefa, não é capaz de usar o recurso de protecção de memória, nele é usada a multitarefa cooperativa, que consiste em cada aplicativo usar os recursos do processador por um certo tempo, passar para outro programa e esperar novamente chegar sua vez para continuar executando suas tarefas. A alternância entre os programas neste caso não é comandada pelo sistema e sim pelos próprios aplicativos. Neste cenário, um aplicativo mal comportado poderia facilmente monopolizar o sistema, consumindo todos os recursos do processador por um longo período, ou mesmo invadir áreas de memória ocupadas por outros aplicativos, causando em qualquer um dos casos o famoso GPF, (“General Protection Falt”, ou “falha geral de protecção”) que tanto atormentava os usuários do Windows 3.x.
Experimente tentar fazer dois irmãos dividirem os mesmo brinquedo; pode funcionar durante um certo tempo, mas uma hora um não vai querer deixar o outro brincar e vai sair briga, exactamente como acontece com os aplicativos dentro da multitarefa cooperativa :-)
O Windows 95/98 por sua vez, usa a multitarefa preemptiva, isolando as áreas de memória ocupadas pelos aplicativos. Isto garante uma estabilidade bem maior do que a que temos no Windows 3.11. Porém, o modo como a multitarefa preemptiva é implementada no Windows 95 assim como do Windows 98 e do Windows Millennium, que são baseados no mesmo kernel (núcleo) do Windows 95, ainda possui dois problemas graves:
O primeiro é que, quando é executado um programa de 16 bits, o Windows 95 cai em multitarefa cooperativa para poder rodar o programa, deixando de proteger as áreas de memória e tornando-se tão vulnerável quanto o Windows 3.11.
Porém, mesmo usando apenas aplicativos de 32 bits os travamentos ainda são comuns, pois o Windows 95 os serviços do sistema não tem prioridade sobre os aplicativos. Isto significa que caso um aplicativo qualquer entre em loop, poderá consumir todos os recursos do processador, neste caso o sistema operacional ficará paralisado, simplesmente sem ter como fechar o aplicativo e restaurar o sistema, obrigando o usuário a efectuar o reset do computador e perder qualquer trabalho que não tenha sido salvo. Na verdade costuma-se dizer que o Windows 95/98 utiliza multitarefa semipreemptiva, pois não utiliza todos os recursos de uma verdadeira multitarefa.
A solução para este problema veio com o Windows NT. Desde suas primeiras versões, o Windows NT é bem estável neste aspecto, pois implementa a multitarefa preemptiva de forma completa. As tarefas executadas pelo sistema operacional, são priorizadas sobre as de qualquer outro aplicativo. Isto significa que em nenhuma situação, um aplicativo terá como passar por cima do sistema operacional e consumir todos os recursos do processador como acontece no Windows 95/98.
Na prática, significa que o sistema até pode travar devido a algum bug, mas se algum aplicativo travar ou tentar invadir uma área de memória não designada para ele, simplesmente será fechado, permitindo que todos os demais aplicativos continuem trabalhando sem problemas. Você logo notará quais aplicativos costumam dar problemas, bastando substituí-los por versões mais recentes que corrijam seus bugs ou mesmo passar a usar um programa concorrente.
Tanto o Windows 2000, quanto o XP são baseados no kernel do Windows NT e mantém o mesmo sistema de funcionamento. Por ter sido inspirado no Unix, o Linux utiliza multitarefa preemptiva desde suas primeiras versões, é por isso que o Linux é considerado um dos sistemas mais estáveis, a ponto de ser usado em vários dos mais importantes servidores do planeta.
O MacOS por sua vez, utilizou a multitarefa cooperativa durante muito mais tempo, até a versão 9.x. Os usuários dos Mac só passaram a ter disponível um sistema com multitarefa preemptiva a partir do MacOS X, que é baseado no FreeBSD, um sistema Unix de código aberto, semelhante ao Linux em vários aspectos. A Apple usou o FreeBSD para construir o Darwin, que é a base do sistema e completou a obra com a interface Aqua, que mantém a ideia de facilidade de uso das versões anteriores do MacOS.
in Manual de Hardware Completo
de Carlos E Marimoto
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