Taxonomia
Reptilia, Squamata, Lacertidae.
Reptilia, Squamata, Lacertidae.
Tipo de ocorrência
Residente. Endémica da Península Ibérica.
Classificação
VULNERÁVEL – VU (B1ab (ii,iii,iv,v)+2ab (ii,iii,iv,v); E)
Fundamentação: Espécie com extensão de ocorrência e área de ocupação inferiores a 500 e 60 km2, respectivamente. Admite-se que apresente um número de localizações superior ou igual a 6 e um declínio continuado na sua extensão de ocorrência, área de ocupação, qualidade dos habitats, número de localizações e número de indivíduos maduros. Foi realizada uma análise quantitativa que demonstra que a probabilidade de extinção na natureza poderá variar entre 15 e 45%, durante os próximos 50 anos.
Distribuição
A espécie ocorre em Portugal Continental e no Norte de Espanha, sendo um endemismo ibérico confinado à Cordilheira Cantábrica, Galiza e Serra da Estrela.
Em Portugal, está restrita ao Planalto Central da Serra da Estrela, ocorrendo desde os 1.400 m de altitude até ao cume do Planalto (1.993 m). Contudo, está ausente ou ocorre em baixas densidades, no sector Este deste Planalto (área envolvente das Penhas da Saúde) e a Norte do Planalto (área envolvente das Penhas Douradas) (Moreira et al. 1999).
População
Em Portugal esta espécie é representada por uma única população isolada, ocupando uma área de 57 km2, sem estruturação aparente em várias subpopulações e apresentando uma elevada concentração espacial: cerca de dois terços dos efectivos ocorrem apenas em 20 km2, correspondendo à zona de maior altitude da Serra da Estrela.
Os dados relativos aos efectivos populacionais foram obtidos por estudo directo da população da Serra da Estrela durante os anos de 1993 a 1996 e mostram uma população com um efectivo entre 400 e 700 mil indivíduos (Moreira 1996, Moreira et al. 1999).
Diferentes densidades populacionais foram detectadas em diferentes tipos de habitats, variando entre menos de 50 indivíduos/ha a 1.550 indivíduos/ha. De acordo com Moreira et al. (1999), a população parecia estável. Contudo, o estudo baseou-se apenas em resultados de três/quatro anos. Observações posteriores sugerem variações interanuais na população até 30% dos seus efectivos. A progressiva redução e degradação dos habitats aumenta a possibilidade da população estar em declínio.
O número de localizações, calculado em função do factor de ameaça mais provável é de difícil determinação. Admitiu-se, contudo, que a acção conjugada da crescente ocupação humana da área, com o impacto dos incêndios e o aumento da instabilidade climática, levou a considerar que o número de localizações seria superior ou igual a 6.
Com base na análise demográfica da população foi possível verificar que, sob certas condições de estocasticidade ambiental com incidência na variabilidade de alguns parâmetros demográficos, a população tem apreciável risco de se extinguir nos próximos 50 anos. Em Moreira et al. (1999) a análise de viabilidade populacional aponta para uma probabilidade de extinção na natureza que poderá variar, durante os próximos 50 anos, entre 0,15 e 0,45.
Habitat
A lagartixa-da-montanha ocorre fundamentalmente em mosaicos constituídos por áreas de substrato rochoso, associadas a matos de altitude, densos ou pouco densos, frequentemente dominados por urze ou giesta, ou associadas a arrelvados e cervunais, no topo da Serra da Estrela.
Factores de Ameaça
Os principais factores de ameaça para esta espécie são a degradação, fragmentação e redução, por acção antropogénica, da área de habitat de alta qualidade disponível. Estas ameaças são fundamentalmente devidas à implantação de infra-estruturas turísticas e à alteração do regime de gestão das áreas não agricultadas, em virtude da actividade turística e da pastorícia. Os incêndios de grandes proporções actuam também como um factor com possíveis consequências negativas em grande parte da área de distribuição da espécie.
A elevada concentração espacial da população bem como o facto desta ser única e, aparentemente, não estruturada em diversas subpopulações poderá constituir uma das mais importantes ameaças à sua sobrevivência e torná-la particularmente sensível a alterações climáticas, quer estas se traduzam por um aumento da temperatura média, quer pelo aumento da instabilidade climática.
Medidas de Conservação
As medidas de conservação mais importantes para esta espécie consistem fundamentalmente na protecção dos habitats de montanha que constituem o Planalto Central.
Encontrando-se a população principal dentro dos limites do Parque Natural da Serra da Estrela, e ocupando uma área que é simultaneamente uma Reserva Biogenética, a adequada implementação da legislação existente, bem como o reforço da fiscalização, são medidas da maior importância.
Paralelamente, e atendendo à vulnerabilidade desta espécie, acções de monitorização são fundamentais para detectar possíveis declínios acentuados que possam vir a registar-se.
Notas
A recente publicação sobre a existência de uma nova população desta espécie na Serra de Montesinho (Antunes et al. 2003) não foi confirmada em observações posteriores e portanto não foi incluída nesta análise.
É de referir que a população da Serra da Estrela, a nível subespecífico – Lacerta monticola monticola –, constitui um endemismo de Portugal.
in Livro Vermelho dos Vertebrados
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