quarta-feira, 1 de junho de 2011

O número de Identificação

Sem dúvida, o recurso incluído no Pentium III que gerou mais polémica, foi a inclusão de um número de identificação, único para cada processador. O uso de números de identificação em processadores, não é nada novo; se examinar o seu processador actual, perceberá que ele possui um número de  identificação estampado em alguma parte de seu encapsulamento. Este número de série geralmente indica a série do processador, o ano de fabricação e algumas outras informações sobre a procedência do chip.

O problema é que no Pentium III, o número de identificação é gravado de forma digital em circuitos dentro do processador. O número de identificação é único para cada processador, e por isso, pode ser usado para identificar o computador dentro da Internet.

Por um lado, a existência do número de identificação poderia garantir uma maior segurança em transacções online, já que seria possível para sites que vendem produtos via Internet, casinos digitais, etc. vincular o número de identificação que é único, à ficha do cliente, tendo como verificar se é realmente ele quem está fazendo a compra, podendo inclusive tornar desnecessário o fornecimento do número de cartão de crédito ou senhas nas compras online e serviços pagos fornecidos via Internet.
 
Porém, esta ideia que a princípio pode parecer boa, apresenta algumas falhas estratégicas que tornaram difícil uma boa aceitação. O número de série é informado pelo processador depois de uma certa chamada gerada pelo programa que deseja saber o número. Não seria muito difícil para alguém competente, criar um software que interceptasse esta chamada e retornasse ao software indagador um número falso, que poderia ser inclusive o de outro utilizador (!!!). Pode parecer improvável, mas como o Windows 95/98 oferece acesso direto ao hardware, passando por cima inclusive do BIOS, isto é perfeitamente possível, apesar de obviamente não ser uma coisa fácil de realizar na prática.

Outro uso para o número de série poderia ser o combate à pirataria de software, já que o número de identificação poderia ser vinculado à cópia do programa, evitando que ele fosse instalado em mais de uma máquina. Mas, e se o utilizador resolvesse fazer um upgrade do processador e depois, por um motivo qualquer, precisasse reinstalar o programa? Ligações Internacionais para pedir um novo número de registo?

A crítica mais grave ao número de identificação, porém, está sendo feita por representantes de associações de defesa da privacidade, que alegam que o número de identificação é uma ameaça à privacidade de quem usa a Internet.
 
Temendo boicotes, a Intel resolveu que o número de identificação poderia ser activado ou desactivado a gosto do utilizador, através de um programa que funciona sobre o Windows. Esta medida porém não convenceu, já que a fraca segurança fornecida por este programa poderia ser facilmente quebrada por cavalos de Tróia, como possíveis novas versões do Back Orifice e similares e, além disso, muitos utilizadores principiantes simplesmente não saberiam como activar ou desactivar o número. 

Outra solução foi apresentada pelos fabricantes de placas mãe, através da inclusão de uma opção no CMOS Setup que permitia desactivar a identificação, encontrada em muitas placas.

A inclusão do número de série, parece ser mais uma jogada de Marketing da Intel para pressionar os utilizadores a mudar de processador, do que um benefício real. De qualquer maneira, vendo a indignação de muitos utilizadores que temem ter sua privacidade na Internet ameaçada, parece que a inclusão do número de série está prejudicando as vendas do Pentium III ao invés de impulsioná-las.

in Manual de Hardware Completo
de Carlos E Marimoto

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