domingo, 8 de junho de 2008

O melhor custo-beneficio

Simplesmente comprar o melhor microcomputador que o dinheiro pode pagar, não é uma tarefa muito difícil, basta comprar os melhores e em geral mais caros componentes, encher de memória RAM e voilà. 
Porém, a não ser que seja algum milionário excêntrico, esta provavelmente não será uma boa ideia. Você já deve ter percebido que no mundo da informática as coisas evoluem muito rápido. A cada semana, novos componentes são lançados. Mas, prestando um pouco de atenção na ciranda dos preços, você vai perceber duas coisas: 
1 - Em geral os fabricantes lançam novos componentes com pequenos avanços sobre os anteriores, porém com um grande aumento de preço. No ramo dos processadores por exemplo, os novos modelos são sempre apenas 33 ou 50 MHz mais rápidos que os anteriores. Na família Pentium III, por exemplo, tivemos em menos de um ano, lançadas versões de 450, 500, 533, 550, 600, 650, 667, 700, 733, 750, 800 e 1000 MHz. Sempre que uma nova versão é lançada, as anteriores caem de preço e as muito antigas são retiradas do mercado. A diferença de preço entre a versão topo de linha e a anterior, que é em geral apenas 5 ou 6% mais lenta, pode chegar a quase 50% e a diferença entre a versão mas rápida e a versão mais lenta encontrada à venda (que em geral tem um desempenho apenas 35 ou 50% menor) pode ser de mais de 10 vezes! Por exemplo, logo que o Pentium III de 1 GHz foi lançado, custava nos EUA, quase 1.000 dólares. Na mesma época, as mesmas lojas (nos EUA), vendiam um Celeron de 500 MHz por cerca de apenas 50 dólares! Em Portugal os preços claro são um pouco mais altos, mas a proporção é a mesma. 
Vendo isso, logo perceberá que simplesmente não vale à pena comprar o processador mais rápido, mas sim pagar 3 ou 4 vezes menos por um processador apenas um pouco mais lento.
Em outras áreas, como no ramo de placas de vídeo 3D, a diferença não é tão gritante assim, mas as placas topo de linha em geral custam 2 vezes mais do que as versões anteriores, sendo em geral 25 ou 30% mais rápidas. No caso da memória RAM, não existe uma grande evolução em termos de velocidade, porém muitas vezes é preciso trocar os módulos de memória ao actualizar um sistema antigo. No caso do disco rígido, o factor mais importante é a capacidade, mas o desempenho também é fundamental. Muitas vezes um disco rígido menor é muito mais rápido do que um de maior capacidade. No capítulo sobre discos rígidos encontrará uma tabela comparativa entre os principais discos rígidos à venda.
 
2 - Nos últimos anos, os equipamentos evoluíram muito mais rapidamente do que os requisitos dos programas. Ao contrário do que tínhamos a alguns anos atrás, um microcomputador de há dois anos atrás, completamente ultrapassado pelos padrões actuais, pode utilizar com desenvoltura quase todos os aplicativos mais actuais. A menos que trabalhe em uma área muito crítica em termos de desempenho, como edição de vídeo por exemplo, muitas vezes sequer notará muita diferença entre o desempenho de um microcomputador topo de linha e um equipamento um pouco mais antigo, desde claro, que ambos estejam correctamente configurados. 
Actualmente, temos apenas dois tipos de aplicativos que realmente utilizam todo o poder de processamento de um microcomputador topo de linha: aplicativos profissionais de renderização de imagens e edição de vídeo e os jogos mais actuais. Isso não significa que estes aplicativos não funcionem ou fiquem muito lentos em um microcomputador um pouco ultrapassado, mas que ficam mais rápidos, ou com mais detalhes (no caso dos jogos) num microcomputador topo de linha. Se vale à penas gastar duas vezes mais num microcomputador topo de linha para ter apenas um pouco mais de desempenho aí já é consigo, mas na minha opinião realmente não vale à pena, a menos que realmente trabalhe com este tipo de aplicativo, o que é raro. 
Em aplicações mais leves, como processamento de textos, acesso à Internet, jogos um pouco mais antigos (lançados a mais de 18 meses) e mesmo programas gráficos (com excepção apenas de filtros e operações mais demoradas) a diferença para o utilizador é mínima. Não se iluda muito com os resultados mostrados nos benchmarks; qual seria a diferença, para você, se uma imagem demorasse 2.5 segundos ao invés de apenas 1.5 segundos para ser aberta no Photoshop, ou se o Word demorasse 0.5 segundo ao invés de apenas 0.35 segundo para abrir uma nova janela? Para alguém que trabalha editando imagens e aplicando filtros e efeitos que muitas vezes demoram horas para serem processados, talvez um ganho de 10 ou 15% de desempenho resultasse em um grande ganho de produtividade, mas será que este é o seu caso?
Além de saber escolher os componentes com relação à qualidade, preocupe-se em se perguntar “será que realmente vou precisar de tudo isso” quando for comprar um novo microcomputador. Claro que não vale à pena comprar um equipamento muito ultrapassado, mas também não vale a pena comprar um topo de linha. O ponto ideal está em algum lugar destes dois extremos.

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