terça-feira, 17 de maio de 2011

Vipera seoanei, Víbora de Seoane

Taxonomia
Reptilia,  Serpentes,  Viperidae.
 
Tipo de ocorrência
Residente.
 
Classificação
EM PERIGO – EN  (B1ab(i,ii,iii,iv,v)  +  2ab(i,ii,iii,iv,v))
Fundamentação: Espécie com extensão de ocorrência e área de ocupação inferiores  a  cerca  de  2.000  e  200  km2,  respectivamente.  Apresenta  fragmentação elevada e um declínio continuado da extensão de ocorrência, área de ocupação, qualidade  dos  habitats,  do  número  de  localizações  e  do  número  de  indivíduos maduros.

Distribuição
Esta espécie distribui-se pelo Noroeste de Portugal Continental, Norte de Espanha e  em  áreas  de  reduzidas  dimensões  no  extremo  Sudoeste  de  França (Gasc et  al. 1997).

Em Portugal, ocorre no Minho e em Trás-os-Montes, com uma distribuição restrita a  1,3%  do  território  continental  português  (Godinho  et  al.  1999,  Ferrand de Almeida et al. 2001).
 
População
A víbora de Seoane apresenta um reduzido efectivo populacional, repartido por três subpopulações isoladas entre si: (i) Paredes de Coura; (ii) Castro Laboreiro e Soajo  e  (iii)  Tourém,  Montalegre  e  Larouco  (Godinho  et  al.  1999,  Ferrand  de Almeida et  al. 2001, Brito & Crespo 2002). Estas subpopulações encontram-se associadas a zonas fragmentadas de habitat favorável, cuja progressiva perda e degradação  sugerem  declínio  nos  seus  efectivos  populacionais.

Habitat
Ocorre principalmente em zonas de lameiros, pastagens, prados e matagais, frequentemente rodeados por muros de pedra, com cobertura arbustiva baixa, mais ou menos densa, na proximidade de cursos de água. Pode ainda ocorrer em zonas de floresta (Ferrand de Almeida et al. 2001, Brito & Crespo 2002, Brito 2003c).

Factores de Ameaça
As  principais  ameaças  que  têm  vindo  a  afectar  as  populações  da  víbora  de Seoane são a perda e a degradação do habitat por acção antropogénica devido fundamentalmente a: (i) fogos; (ii) abandono da agricultura tradicional, nomeadamente, o corte dos fenos com gadanha em favor das máquinas industriais e (iii) a implantação de infra-estruturas urbanas. Estes factores de ameaça são comuns às populações que ocorrem na Galiza (Braña 1997, Galán 1999, Braña 2002) e têm  contribuído  para  a  fragmentação  das  áreas  de  habitat  favorável  para  esta espécie, tornando-se problemática a sobrevivência, a longo-prazo, destes isolados.

Constituem  ainda  factores  de  ameaça  com  efeitos  consideráveis  a  mortalidade por atropelamento nas estradas e a perseguição directa em virtude da aversão ou de crenças populares (Brito 2003c, Brito & Álvares 2004).

Para além destes factores, a víbora de Seoane apresenta um conjunto de características biológicas, tais como crescimento lento, maturação sexual tardia, frequência de  reprodução  bienal,  mobilidade  reduzida,  bem  como  elevada  especialização trófica e na utilização dos habitats (Braña 1978, Braña et al. 1988, Braña 1997, Brito & Crespo 2002, Brito 2003c). Estas características dificultam a colonização de novos habitats favoráveis que se encontrem mesmo a curta/média distância.

Assim,  a  espécie  encontra-se  bastante  vulnerável  a  alterações  e  perdas  de habitat.
 
Medidas de Conservação
É  fundamental  proceder-se  à  manutenção  e  conservação  dos  seus  habitats, sendo considerado relevante: (a) empreender acções mais eficazes na prevenção de incêndios florestais; (b) conservar as sebes e muros de pedra que servem para delimitar os lameiros e terrenos agrícolas; (c) conservar as áreas florestais autóctones; (d) conservar habitats de montanha e ainda (e) procurar manter, sempre que possível, as práticas agrícolas tradicionais, nomeadamente incentivar o corte dos fenos a uma altura ligeiramente superior em relação ao solo.

Consideram-se também necessárias iniciativas de educação a nível escolar, bem como campanhas de sensibilização. São também relevantes as acções de investigação  dirigidas  para  a  determinação  dos  efectivos  populacionais  e  da  área  de distribuição, principalmente no núcleo de Paredes de Coura, onde a situação das suas  populações  é  desconhecida.

Outra bibliografia consultada
Saint-Girons & Duguy (1976); Saint-Girons (1981); Brito (2003a).

in Livro Vermelho dos Vertebrados

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