terça-feira, 8 de maio de 2012

Bulweria bulwerii, Alma-negra, Pardela de Bulwer

Taxonomia
Aves, Procellariiformes, Procellariidae.
 
Tipo de ocorrência
Açores: Estival nidificante.
 
Classificação
Açores: EM PERIGO EN (B2ab(iii); D)
Fundamentação: Espécie colonial que nidifica em apenas três ilhéus, apresentando área de ocupação muito reduzida (inferior a 0,3 km2); está restrita a apenas 3 localizações e apresenta declínio continuado da extensão e da qualidade do habitat; apresenta ainda população muito pequena (estimada entre 100 e 140 indivíduos maturos).

Distribuição
A nível mundial a espécie distribui-se pelos oceanos tropicais Atlântico e Pacífico. No Atlântico a espécie é relativamente rara distribuindo-se pelos Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde. (Tucker & Heath 1994).

No Arquipélago dos Açores a espécie nidifica nas ilhas Graciosa e Santa Maria (Monteiro et al. 1999) em apenas 3 colónias, em 3 ilhéus distintos, que perfazem uma área total aproximada de 0,3 km2.

População
As crónicas históricas do século XVI, de Gaspar Frutuoso, referem a existência de colónias abundantes desta espécie no arquipélago dos Açores (Instituto Cultural de Ponta Delgada 1998). Censos realizados entre 1996 e 1998 registaram 3 colónias distribuídas pelo Ilhéu de Baixo (Graciosa), Ilhéu da Praia (Graciosa) e Ilhéu da Vila (Santa Maria), tendo sido estimada para o arquipélago uma população reprodutora de 50-70 casais (Monteiro et al.1999).

Em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa, a espécie é considerada Rara, embora ainda provisoriamente (BirdLife International 2004).

Habitat
Espécie estival que se reproduz em colónias, em falésias costeiras e em ilhéus. No Arquipélago dos Açores nidifica em cavidades pouco profundas no período entre Abril e Setembro (Monteiro et al. 1996a). Nas Desertas, as zonas com maior densidade de ninhos são compostas por cascalheira.

Factores de Ameaça
Quer nos Açores quer na Madeira esta espécie, em tempos abundante, foi intensamente caçada desde a colonização destas Ilhas até poucas décadas atrás. Hoje em dia a principal ameaça é a destruição do habitat de nidificação. Esta destruição ocorre directamente através da ocupação humana da zona costeira (zonas urbanas, estradas, portos, etc.) e indirectamente com a introdução de plantas e animais exóticos. A predação pode conduzir a um declínio rápido da população e a presença de predadores diminui drasticamente o habitat de reprodução disponível. A presença regular de predadores naturais, como a gaivota-de-patas-amarelas Larus cachinnans atlantis, constitui outra ameaça para esta espécie (Monteiro et al. 1996b).

Medidas de Conservação
As colónias mais representativas do arquipélago dos Açores, onde poderão ocorrer mais de 75% da população, estão em Zonas de Protecção Especial. O regime de protecção dessas Zonas foi reforçado através da elaboração de planos de gestão e da sinalização e vigilância das mesmas. Ao abrigo do programa LIFE “Conservação de comunidades e habitats de aves marinhas nos Açores”, um programa de investigação sobre a biologia e a ecologia das aves marinhas dos Açores definiu medidas prioritárias de conservação e assegurou a monitorização da distribuição e das tendências populacionais nessa região. Foram ainda realizadas acções de sensibilização ambiental sobre as aves marinhas que nidificam nos Açores para as quais foram produzidos materiais promocionais e didácticos adequados. As prioridades de conservação a espécie nesta região incluem a erradicação de mamíferos exóticos e o restauro dos habitats naturais dos ilhéus e a monitorização contínua das populações dos arquipélagos em que ocorre. Na área de investigação constituem prioridades a obtenção de dados sobre selecção de habitat e sucesso reprodutor bem como a avaliação do impacto das diferentes ameaças.

Notas
Na Madeira, a espécie encontra-se em situação Pouco Preocupante (LC), apresentando uma população numerosa. Está presente ao longo de todas as ilhas deste arquipélago da Madeira, constituindo as Desertas provavelmente a maior concentração mundial desta espécie. Não existe um levantamento exaustivo desta espécie nesta região, mas as observações efectuadas indicam que os efectivos populacionais serão superiores aos 10.000 indivíduos, concentrados fundamentalmente nas  Desertas e Selvagens (Oliveira 1999).
in Livro Vermelho dos Vertebrados

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