quarta-feira, 30 de maio de 2012

Fogo de conselho

É uma reunião em torno de uma fogueira, uma actividade nocturna, feita ao ar livre onde nós confraternizamos, cantamos e dançamos, representamos peças, nos divertimos, nos alegramos, reflectimos e aprendemos. 

O Fogo de Conselho para os Escuteiros não deve ser uma simples reunião para contar e narrar aventuras. É algo sublime, cheio de inspiração e de felicidade, onde as actividades se encontram voltadas dentro do Espírito do Escutismo.

A promessa e a Lei Escuteira estão presentes à oração de abertura até ao silêncio final. A disciplina do Fogo de Conselho é a sua tónica mais característica, dando a esta actividade algo de romântico e atractiva para o jovem.

O Fogo de Conselho é uma cerimónia Escuteira, e como toda cerimónia, deve ser simples, singela e sincera. Em termos gerais, o Fogo de Conselho é uma tradição dentro do Movimento Escutista. Baden-Powell usou o Fogo de Conselho tanto para adestrar, quanto para entretenimento.

Simbolismo
O Fogo de Conselho é uma Cerimónia, durante a qual diante de um fogo simbólico, todos os membros de uma Secção ouvem com reverência e atenção, conselhos de Dirigentes mais experientes, narrativas amenas e alegres de outros membros juvenis, instruem-se e se divertem, expondo factos e histórias aproveitáveis, lembrando anedotas espirituosas e humorismo sadio, interpretando canções, recitando versos de fundo educativo, executando jogos e iniciativas de real aproveitamento para a vida prática...

É uma hora de expansão do bom humor, de alegria, de jovialidade, mas dentro da ordem e disciplina, moralizadoras de nosso movimento.

O fogo que ilumina e aquece, tingindo de vermelho os nossos semblantes alegres e felizes, simboliza a pureza, lembrada e preceituada no décimo artigo da Lei: "O Escuteiro é puro nos pensamentos, nas palavras e nas acções".

Não é o fogo que devasta e consome, o fogo que deixa, como sinal de sua passagem, o rastro da cinza e da destruição.

É o fogo que aquece para a vida e para a restauração, como o fogo da Sarça Bíblica, de cujas labaredas misteriosas saiu à voz de Javé para ordenar a Moisés a libertação do povo Israelita.

No fogo tudo se purifica. No fogo o ferro se liberta da ferrugem, para se tornar ígneo e  incandescente.
 
Assim, diante do fogo simbólico que crepita e arde no "Fogo de Conselho", um mundo de emoções nobres, de sentimentos dignos, de desejos invulgares de aperfeiçoamento do carácter, deve emergir de nossas almas.

Origens
O Fogo de Conselho, como muitas outras actividades que caracterizam a mística e ambientação do Programa Escutista, tem sua origem nas observações de Baden-Powell sobre os costumes, valores e tradições culturais dos povos que conheceu durante suas viagens.

Contudo vale salientar que as fogueiras ao ar livre já existiam muito antes do fundador ter imaginado o Escutismo e que os seus efeitos mágicos e práticos acompanham o homem desde a sua origem até hoje.

Muitos nativos da Ásia, África e América, reuniam-se à noite em torno do fogo, que com sua luz e calor espantava as trevas, o frio e os animais selvagens. Era o momento em que todos se encontravam para conversar, cantar, contar histórias, realizar cerimónias religiosas, planear caçadas, a guerra ou a paz.

Colonizadores, vaqueiros e homens que viviam no campo também se reuniam em torno de fogueiras com motivos semelhantes. Também era o local de reunião dos grupos familiares.

Muitas vezes essas reuniões em torno do fogo revestia-se de solenidade, quando se aproveitava a ocasião para levar a efeito de cerimónias ou Conselho, onde discutiam os problemas da Comunidade ou reverenciados a Deus.

Baden-Powell, ao criar o Fogo de Conselho, inspirou-se em rituais semelhantes. Os índios americanos faziam reuniões em torno das fogueiras, para comentar seus feitos do dia, as suas aventuras e as suas preocupações. Era ali que eram tomadas as grandes decisões. Já na África, aparecia a figura do "contador de histórias", o homem que sabia de cor toda a história da tribo e era o guardião de todas as tradições. Era ele quem, nas horas importantes, relembrava os exemplos mais adequados.

Mesmo com a descoberta de novas alternativas, o braseiro, a lareira, o forno e o fogão a lenha, que servem para preparar alimentos, aquecimento e até mesmo para reunir pessoas. No Movimento Escutista além de entreter tem finalidade educacional, cabendo ao Chefe/Dirigente preservar os Princípios do Movimento Escutista, onde eventuais situações inconvenientes devem ser tratadas com cortesia e firmeza.

Para o Escutismo, o Fogo de Conselho é uma reunião em que, à noite, iluminados por uma fogueira, todos se reúnem para se divertir, cantar, representar peças rápidas, danças folclóricas e também para reflectir ou aprender algo pela palavra do Chefe.

Finalidades:
A importância do Fogo de Conselho como elemento do Programa Escuteiro, é caracterizado pelos seguintes pontos:

Estimula a disciplina: A criança deve aprender a escutar, a aplaudir na hora certa, obedecer com alegria às ordens de sentar, levantar, cantar. Além de sua disciplina em esperar o momento da sua apresentação, bem como a disciplina que deve ter antes, durante o ensaio com a sua equipa (bando ou patrulha).

Diverte e relaxa: Essa é a finalidade mais óbvia. Depois de um dia no campo, depois de realizar uma série de actividades físicas, nada mais gratificante do que se reunir, contar e escutar algumas boas histórias.

Sociabiliza: A criança se vê forçada a participar como uma peça importante do todo. Mesmo que ela não participe como elemento principal ela é necessária, quer como plateia, quer como elemento secundário.

Além disso, todo Fogo de Conselho é uma grande dramatização. É nesse ambiente familiar e amigo que a criança sente-se encorajada a representar, e é através da observação dos outros que ela melhora e passa a reforçar a confiança em si mesma.

Relembra a Fraternidade Mundial: Sendo uma das tradições mais nobres. Além disso o dirigente do Fogo de Conselho, deve lembrar que em algum outro lugar outros escuteiros/lobitos estão reunidos com a mesma finalidade.

Reforça a mística: Estimula a imaginação, que é o tapete mágico que levará a criança aonde nós queiramos. Uma sala pode virar o que quisermos. É através dela que contaremos histórias e que, principalmente, falaremos sobre lealdade, dever, honra e felicidade de maneira sucinta.

Fortalece o espírito de Secção: É uma actividade exclusiva da secção e passa a ser vivida em conjunto. É um dos pontos mais altos do acampamento/acantonamento, e todos contribuem para isso.

Contribuição educacional do fogo de conselho: Criatividade, habilidade artística, Imaginação, expressão, autoconfiança, espiritualidade, sociabilidade e cultivo a tradições.
adaptado do "Manual do Curso Técnico do Ramo Escoteiro"
da União de Escoteiros do Brasil

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