sábado, 3 de novembro de 2012

O Movimento dos Cursilhos de Cristandade

ESSÊNCIA E FINALIDADE

Deus é uma realidade patente em todos: na sua claridade ou na sua problemática, na sua presença ou na sua ausência, na superfície ou no fundo.

Todas as religiões, de uma maneira ou de outra, manifestam o que o homem fez e faz, para aproximar-se de Deus.

A Religião Cristã - a de Cristo - consiste em crer e tratar de evidenciar com a vida, a onda expansiva que produz o dar crédito à realidade do que Deus fez para aproximar-se do homem.

O Movimento dos Cursilhos consiste em:
  • Proclamar a melhor notícia da melhor realidade: que Deus, por Cristo, nos ama;
  • comunicada pelo melhor meio: que é a amizade;
  • até ao melhor de cada um: que é o seu ser de pessoa.
Este é o enquadramento, o foco, o ponto de mira, de onde se pode captar, melhor e mais optimamente, o essencial do Movimento, e a finalidade que com o Cursilho se quer conseguir, que é ir aprendendo a viver a vida à luz e ao impulso desta verdade, tratando de realizá-la na nossa realidade, tal e como se nos apresenta o nosso quotidiano viver, tentando perceber, valorizar e apreciar as coisas, os acontecimentos e as pessoas, desde a perspectiva do amor que Deus nos tem.

O conhecimento, o convencimento, a vivência e a convivência do FUNDAMENTAL CRISTÃO - (do amor que cremos nos tem Deus) - que no Cursilho se vive, nos dá notícia da sua existência, ocasião de afirmar e testemunhar a nossa convicção, experiência da possibilidade de fazê-la vida, e comprovação da sua eficácia. Nos ensina também o rumo certo do viver, despregando-nos e catalisando-nos o orgulho, a ambição e o egoísmo específico que nos lastra, propiciando-nos a decolagem das nossas qualidades pessoais, até à sua plenitude. Simplificando-nos e estimulando-nos a integração em um NÓS fraternal quente e humano; pois o que se compartilha de verdade e se realiza em companhia, é o caminho da distância que medeia entre o que de verdade nós somos, e o que se esforça honradamente em ser, num clima de autenticidade, que faz emergir a própria e verdadeira realidade de cada um, sem auto-enganos que a desfigurem ou disfarcem. Há quem perde o caminho da sua identidade para dirigir-se, com a melhor vontade a metas boas em si, mas que no lugar de levá-lo a uma maior plenitude e a um gozo gratificante, lhe nublam o panorama do seu normal viver e lhe azedam a vida com culpabilidades que, além de não serem verdadeiras, não contam para nada.

Tudo isto e muito mais, é o que em cada um, quer conseguir e na maioria das vezes consegue, o Movimento dos Cursilhos, com o fim de que as pessoas, conhecendo o autêntico sentido que tem a vida, possam ir vivendo-a, vendo com olhos novos as coisas de sempre.

PRÉ-CURSILHO

Qualquer homem ou mulher, tenha a idade que tiver, desde que tenha personalidade: (capacidade de convicção, de decisão e de constância), podem viver a experiência de um Cursilho, mas a essência mesma do que se pretende conseguir com ele, exige que esta experiência tenha que viver-se necessariamente em singular, já que o que se pretende fazer fermentar num cristão, é precisamente a singularidade, a originalidade e a criatividade específica de cada um, portanto, indo juntos marido e mulher, noivo e noiva, rapazes e raparigas, se embota e se reduz, quando não se anula, a sua finalidade ao desvirtuar-se a potência do conseguível, já que se parte de uma situação sociológica e convencional, que não permite que a mensagem do Cursilho chegue à raiz do seu próprio existir, por dar por supostos uns supostos que sempre é demasiado supor supô-los.

O encontro de cada um consigo mesmo, é o ponto mais ignorado do Movimento dos Cursilhos, apesar de ser o ponto chave onde radica a sua eficácia, é sem dúvida o mais difícil de captar por quem, desde sempre, situou o seu viver cristão no estacionamento pacífico da sua habitual e rotineira religiosidade, sem opção pessoal nenhuma, de onde costumam observar a realidade onde os homens de hoje se debatem, como quem vê passar um desfile de soldados de a pé, desde a tribuna das autoridades.

CURSILHO

O Cursilho é a reunião de uns quantos - de 25 a 35 - (mais os Dirigentes), num mesmo lugar, isolados da sua vida quotidiana durante três dias, onde em vivo e em directo, se vivem e se convivem umas realidades evangélicas feitas vida nos Dirigentes que se esforçam de verdade por vivê-las e anseiam por encarna-las.

O Cursilho é a evidência de um triplo encontro: consigo mesmo, com Cristo e com os irmãos,

Manifestando-se e proclamando-se numa conduta, ali pode provar-se e comprovar-se que a verdade vibra no coração do homem ante os valores cristãos, quando estes são vividos em plenitude y oferecidos gratuitamente.

O Cursilho proporciona ao que assiste e atende com a disposição devida que consiste em trazer a sua ilusão, a sua entrega e o seu espirito de caridade, o clima e o meio para: aceitar-se como é, compreender que pode ser melhor, e fazer o caminho em companhia.

Aceitar-se, com as suas qualidades e limitações. Ir compreendendo que sempre é possível melhorar, e saber viver e conviver em amizade.

O Cursilho não é uma mudança no sistema, mas sim uma mudança de sistema.

O Cursilho não é um acontecimento da vida, mas sim que é a maneira de ir logrando que a vida seja um continuo acontecimento.

O Cursilho não é um projecto que se realiza, mas sim uma realização que se projecta.

O Cursilho não é só uma realidade realizável na história, mas sim um giro que temos de dar à história.
 
REUNIÃO DE GRUPO

A Reunião de Grupo é a vida como realidade, partilhada em amizade.

Uma reunião de pessoas que, são amigas porque são cristãs, que se propõe a ser mais amigas para ser mais cristãs, e ser mais cristãs para ser mais amigas.

A Reunião de Grupo re-cria o termo amigo e lhe dá um sentido e um poder libertador e criativo.

A Reunião de Grupo se vai integrando pela disposição, o clima e a amizade dos seus componentes.

A Reunião de Grupo facilita e simplifica a continuação dos três encontros que o Cursilho iniciou e propiciou: consigo mesmo, com Cristo e com os irmãos. Não somente não esquecendo, mas sim remarcando e enfatizando que, dos três encontros, o primeiro é o mais importante, já que constitui a indispensável estrutura para que possam ir dando-se os outros dois.

O encontro consigo mesmo é o eixo, o pivot e o apoio de todo o Movimento dos Cursilhos. Quem compreende bem o Movimento, sabe que há mais distância da pele do homem a dentro do homem, que da pele do homem à Lua. Dinamizar o ânimo para ir percorrendo este caminho até ao centro dele mesmo, com o optimismo e a alegria que cria a proximidade amiga, desde a íntima convicção ao detalhe, é o principal objectivo que a Reunião de Grupo persegue e consegue, quando se põe os meios previstos, adequados e concretos para consegui-lo.

ULTREIA

A Ultreia é a circunstância que possibilita que o melhor de cada um, chegue aos mais possíveis, ali, simplesmente, sem complicações desnecessárias que o enredam, celebramos a festa de o encontrarmos, a alegria de nos sabermos unidos e o gozo de nos sentirmos motivados pelo mesmo.

Num lugar concreto, por um tempo determinado, pela Graça de Deus, a participação dos amigos e dos irmãos que assistem, e as orações de muitos, na Ultreia genuína, onde não a complicaram com ingredientes pios que a distorçam, pelo contacto com pessoas que o vivem, que o querem viver o que lhes doí não vivê-lo, o verdadeiro se faz oportuno, o bom se faz atractivo e o possível se faz concreto.

Na Ultreia, quando os Dirigentes cumprem o seu dever, que é portar-se como no Cursilho, sugerindo as oportunas Reuniões de Grupo, se vive e se convive o mesmo clima do Cursilho, e é dínamo de comunidades, aberta à inquietude do mundo e a sua ressonância na Igreja, entendida como comunidade de pessoas, movidas pelo amor de Cristo, pessoal neles pela Graça, e colectivo em todos pela caridade.

Eduardo Bonnín

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