sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Como Funciona o seu Sistema de Exposição

Os sistemas de exposição das câmaras digitais funcionam todos com base nos mesmos princípios gerais. O fotómetro mede continuamente a luz reflectida pelo assunto e utiliza essa medição quando o botão do obturador é premido até meio para calcular e definir a abertura e a velocidade do obturador.

O fotómetro da sua câmara mede, em parte ou na íntegra, a luz reflectida pela área da cena enquadrada no visor ou no ecrã. A cobertura do fotómetro (a quantidade da cena que é incluída na sua medição) muda em concordância com as alterações do enquadramento consoante altera a sua distância ao assunto ou define uma distância focal diferente na objectiva. Supondo que se acerca do assunto ou o aproxima através do zoom para enquadrar apenas um detalhe no visor, esse pode ser mais escuro ou mais luminoso que outros assuntos à volta. As definições da abertura e da velocidade do obturador sugeridas para os detalhes e para a cena em geral serão diferentes.
 
Medição média e cinzento médio
O fotómetro não “vê” uma cena da mesma forma que nós vemos. O que ele vê assemelha-se mais à visão que teríamos de uma cena através de um vidro fosco.

O seu fotómetro “vê” uma cena como se estivesse a olhar
através de um vidro fosco. Não reconhece detalhes, apenas
calcula a média dos tons.
Ao posso que nós
vemos um padrão
quadriculado (no topo),
a câmara reconhece
apenas uma média de
tons cinzentos
(em baixo).
Cada cena que fotografa assemelha-se um pouco ao que acontece com o padrão quadriculado desta construção (à esquerda), mas talvez mais complexa. Algumas partes de uma cena são completamente pretas, brancas ou de qualquer um dos tons possíveis entre estes extremos. O fotómetro e os controlos do sistema de exposição da câmara não podem “pensar”. Indiferentes à cena propriamente dita, ao seu assunto fotográfico, cor, brilho, ou composição, o fotómetro tem apenas uma função – ele mede a luminosidade geral, ou o quão clara ou escura é uma cena. Depois, o sistema de exposição automática calcula e define a abertura e a velocidade do obturador para transformar esse nível de brilho num “cinzento médio” na fotografia. Na maioria das situações isso funciona bem, pois, grande parte das cenas têm uma luminosidade média correspondente a um cinzento médio. Mas em algumas cenas e situações não isso não acontece e aí a exposição automática pode deixá-lo ficar mal. Vamos ver porquê.

A maioria das cenas são formadas por uma gama continua de tons, desde preto puro numa das extremidades, até branco puro na outra – a escala de cinzentos. Quando fotografa em JPEG há 256 tons na escala (28) e quando capta imagens em RAW há mais de 65 536 (216). O tom situado no centro destas gamas é o cinzento médio, que reflecte exactamente 18% da luz que incide sobre ele.

A escala de cinzentos captada nesta imagem corresponde a
uma gama de tons desde preto puro até branco puro.
Quando fotografa um assunto, o sistema de autoexposição da sua câmara define a exposição de forma a que a luminosidade geral da imagem seja vista como um cinzento médio. Como resultado, sempre que fotografa uma cena com uma luminosidade geral mais clara ou mais escura que um cinzento médio, a imagem final ficará mais clara ou mais escura que a cena. Por exemplo, se fotografar um cartão branco, um cartão cinzento e um cartão preto, tendo em atenção que cada um deles preenche o enquadramento no visor quando faz a leitura da exposição, cada um desses cartões será de um cinzento médio na imagem capturada.

Devido ao funcionamento do seu sistema de exposição, se
fotografar um cartão cinzento, um branco e um preto
(fila de cima), o sistema de exposição define a câmara para
captar cada um deles como um cinzento médio (fila de baixo).
Para registar realisticamente uma imagem que não seja de um cinzento médio, tem de recorrer às compensações da exposição ou a qualquer outra forma de controlo da exposição para clarear ou escurecer a fotografia.

Os modos de medição
incluem a Matricial (em
cima), Ponderada ao
Centro (ao centro) e
Pontual (em baixo). Os
pequenos quadrados
representam as áreas
de foco que pode
escolher.
Tipos de Medição
Nem todas as áreas de uma cena são igualmente indicadas para determinar a melhor exposição para a sua imagem. Numa paisagem, por exemplo, a exposição do plano de fundo normalmente é mais importante que a exposição do céu. Por este motivo, algumas câmaras oferecem mais que um método de medição, incluindo os seguintes:

• A medição Matricial, por vezes chamada avaliativa, divide as áreas da imagem numa grelha e compara o padrão de medição com uma série de cenas típicas para seleccionar a melhor exposição possível par a imagem em questão. Este modo muitas vezes está programado para ignorar algumas secções da grelha, como os reflexos de um espelho, que de outra forma poderiam “enganar” o fotómetro.

• A medição Ponderada ao Centro avalia a imagem na íntegra, mas dá maior importância ao centro do fotograma, onde normalmente estão os objectos principais.

• A medição Pontual, ou parcial, avalia apenas uma pequena área da cena. Isto permite-lhe basear a sua exposição numa zona específica da cena, em vez de fazer uma leitura geral. Este modo é o ideal para fotografar assuntos contra fundos claros ou escuros. Em algumas câmaras o ponto de medição encontra-se no centro do visor ou do monitor. Noutras pode deslocá-lo por outras áreas da cena.

• A medição Pontual AF utiliza para a medição a mesma área que seleccionou para a focagem. Uma vez que muitas câmaras avançadas permitem escolher uma de entre várias áreas de focagem, isto dá-lhe a possibilidade de definir a leitura da exposição e o foco para um assunto descentrado.

A medição centrada pode causar alguns problemas. Por exemplo, um objecto escuro colocado descentradamente sobre um fundo muito luminosos pode não ficar bem exposto, porque a sua localização não corresponde com a área que o fotómetro está a enfatizar. Ou, em alguns casos, quando utiliza a câmara na vertical, o fotómetro pode dar mais ênfase apenas a uma parte da imagem. Estas situações não são comuns, mas quando ocorrem pode utilizar o bloqueador ou as compensações da exposição para conseguir uma boa leitura. Estas técnicas serão abordadas neste capítulo.

Controlando a leitura, a exposição desta cena centrou-se no
aquário e por isso as pessoas no primeiro plano ficaram
subexpostas.
Para servir de guia aos
fotógrafos de filme, o
sistema de Zonas dividia a
gama de cinzentos em nove
zonas, desde preto puro a
branco puro. Cada zona era
exposta mais ou menos um
incremento (stop) que as
anterior ou posterior,
respectivamente. Uma
exposição normal da câmara
corresponde à Zona V.
Encontrar o valor
Se já teve a oportunidade de ver uma impressão de Ansel Adams, provavelmente ficou maravilhado com a forma como ele usava a gama tonal completa para captar detalhes quer nas altas luzes quer nas sombras. As suas provas reflectem o controlo incrível que tinha sobre as suas imagens, através do Sistema de Zonas, que desenvolveu. Expondo e revelando correctamente a película, ele podia expandir ou restringir a gama tonal de um negativo para que coincidisse com a gama tonal de uma cena. Apesar de o sistema de Ansel Adams ser científico e muito técnico muitos dos resultados que conseguiu podem ser obtidos com uma câmara digital e um programa de edição fotográfica, como o Lightroom ou o Photoshop. O Sistema de Zonas baseia-se num princípio geral que consiste em expor para as sombras e revelar para as altas luzes. Em fotografia digital, a exposição normalmente é feita de forma a que os píxeis mais luminosos não fiquem sem informação, e muitas câmaras, incluindo as reflex, mostram um histograma para verificar se o conseguiu. Depois basta usar um programa de edição de imagem para ajustar os tons para que coincidam com a zona pretendida.

Para começar, deve utilizar as compensações da exposição para “encontrar o valor”. Para isso, seleccione a área mais importante da cena e faça uma leitura aproximada ou utilize o modo de medição Pontual. O segredo para encontrar uma leitura específica consiste em preencher a área de medição da câmara com a parte da cena que se pretende medir, Depois tem de decidir que tom quer que esta parte adquira na imagem final. Uma vez que a autoexposição a vai transformar em cinzento médio, terá de alterar a exposição para a colocar numa outra zona. No modo Manual pode fazê-lo através da alteração da velocidade do obturador ou da abertura. Nos outros modos utilize a compensação da exposição para a colocar em duas zonas diferentes em cada direcção (negativa e positiva).

Cartões Cinzentos
Tendo em conta que o sistema de exposição foi concebido para definir a exposição de forma a captar um cinzento médio (Zona V), em muitas situações, é possível conseguir exposições perfeitas utilizando um cartão cinzento. Quando preenche o enquadramento ou utiliza a medição pontual com um destes cartões e prime o obturador até meio, a sua câmara irá indicar a melhor exposição sem ter em consideração o quão clara ou escura é a cena. Depois, pode utilizar o bloqueador da exposição (AE Lock) para capturar a imagem com estas definições.

Quando preenche o visor ou as áreas de medição com um cartão
cinzento e prime o obturador até meio, a câmara indica a melhor
exposição, sem considerar o quão clara ou escura é a cena.

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