terça-feira, 30 de setembro de 2014

Gallinago gallinago, Narceja


Taxonomia
Aves, Charadriiformes, Scolopacidae.

Tipo de ocorrência
Continente: Nidificante, que se desconhece se é residente ou migrador.
Açores: Residente.

Classificação
População nidificante no Continente: CRITICAMENTE EM PERIGO –- CR (D)
Fundamentação: Espécie com população extremamente reduzida (inferior a 50 indivíduos maturos).
Açores: INFORMAÇÃO INSUFICIENTE - DD
Fundamentação: Não há informação adequada para avaliar o risco de extinção. Com efeito não são conhecidos parâmetros básicos referentes a esta espécie, como o tamanho da população e tendências populacionais.

Distribuição
Norte e Centro da Europa, Ásia e América do Norte. A subespécie que ocorre em Portugal distribui-se desde as ilhas britânicas, Escandinávia e Oeste da Europa, abrangendo o Norte e Centro da Eurásia até ao estreito de Bering (del Hoyo et al. 1996, Hagemeijer & Blair 1997).

Em Portugal continental a distribuição actual é muito restrita, no Norte do território, provavelmente num único local. A sua área de distribuição tem diminuído durante as últimas décadas (Santos 1979, Rufino 1989, Pimenta & Santarém 1996, ICN dados não publicados).

Nos Açores a espécie ocorre em todos os grupos do arquipélago, não existindo contudo confirmação da nidificação em todas as ilhas.

População
Em Portugal Continental existem poucas estimativas fiáveis da sua abundância, admitindo-se que a sua população contenha menos de 50 indivíduos maturos. A sua nidificação foi raramente confirmada durante as últimas décadas; desde a última confirmação de nidificação, nos finais da década de 1970 (Santos 1979), o mais recente registo de nidificação confirmada foi registado em 2003, ano em que se detectaram 3 ninhos (Pimenta & Santarém in prep.).

Em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa, a espécie é considerada Em Declínio, embora ainda provisoriamente, apresentando um declínio recente moderado (BirdLife International 2004). Em Espanha, foi classificada como Em Perigo (EN) (Madroño et al. 2004); no entanto, durante a última década, a sua população tem mantido valores estáveis (Salvadores et al. 2003).

Nos Açores a espécie tem sido registada durante a execução dos trabalhos de campo do Novo Atlas (ICN dados não publicados), não tendo no entanto sido alvo de censos dirigidos. Não existem dados pormenorizados sobre a sua abundância a nível regional.

Habitat
No continente, os habitats utilizados para nidificação são caracterizados por solos com elevado conteúdo de matéria orgânica, rico em invertebrados e com cobertura herbácea.

Por essa razão prefere zonas húmidas de altitude, nomeadamente matos higrófilos e lameiros abandonados (lameirões).

Nos Açores, a espécie nidifica em terras alagadiças, nomeadamente em zonas de turfeira.

Factores de Ameaça
No Continente a espécie é ameaçada principalmente por factores intrínsecos, nomeadamente a sua densidade baixa e distribuição restrita. A sua dependência de habitats de nidificação específicos torna esta população muito vulnerável á perda ou degradação de habitat (por acção do Homem), nomeadamente a alteração do regime de gestão dos locais de nidificação confirmados (e.g. drenagem).

Nos Açores, a destruição de zonas húmidas e a caça excessiva constituem as principais ameaças para esta população.

Medidas de Conservação
No Continente, a maior parte das zonas onde a espécie poderá nidificar encontram-se abrangidas no Parque Nacional da Peneda-Gerês, Zona de Protecção Especial da Serra do Gerês, Zona Importante para as Aves Serras da Peneda e Gerês (Costa et al. 2003).

No entanto, nenhuma medida de conservação dirigida para a espécie foi implementada até este momento. Como esta população está muito dependente dos esforços de conservação em Espanha, a protecção das restantes zonas de nidificação na Galiza são essenciais para a viabilidade da população portuguesa, nomeadamente a expansão do Parque Natural Baixa Limia-Serra do Xurés (Espanha) (Martí & del Moral 2003). Neste contexto são necessários dois tipos de medidas: a estimativa do efectivo populacional e da sua distribuição, bem como a manutenção e conservação do habitat de nidificação.

Nos Açores não tem sido alvo de acções específicas de conservação, encontrando-se protegida por legislação nacional e internacional no âmbito das normas gerais de protecção das aves e dos seus habitats. Nesta região, as prioridades de conservação incluem a obtenção de dados sobre a biologia de reprodução, distribuição e abundância de narceja a nível regional.

Notas
Em Portugal Continental ocorre ainda uma população invernante, numerosa e de
distribuição alargada, que se encontra em situação Pouco Preocupante (LC). Ocorre também como migrador de passagem.

in Livro Vermelho dos Vertebrados


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