Ao desenvolver o projecto do K6, os projectistas da AMD estavam convencidos de que o mais importante num processador era o seu desempenho em números inteiros. Em parte eles estavam certos, se já teve um 486 ou um Pentium I, quantos jogos 3D chegou a jogar nele?
Poucos não é mesmo? Quantas projectos fez no Cad ou quantas imagens 3D renderizou no 3D Max?
Mas, houve um pequeno erro de cálculo neste raciocínio: as aplicações 3D não eram populares na época não por falta de interesse, mas por falta de potência dos processadores para rodá-los decentemente. Quando perceberam isso, o K6 já estava sendo produzido.
O coprocessador aritmético do K6 é um projecto bastante simples e elegante. Apenas uma unidade de execução faz todo o trabalho. Isto permitiu eliminar todos os componentes de controle que equipam o coprocessador aritmético de processadores como o Pentium III e o Athlon que possuem respectivamente 2 e 3 unidades de execução no coprocessador aritmético.
Com apenas uma unidade de execução também é possível ter uma latência mais baixa, ou seja, conseguir intervalos mais curtos entre cada instrução processada. Apesar de tudo, isso não foi o suficiente para dar condições para o K6 competir em pé de igualdade com o Pentium II em ponto flutuante.
Desenvolver um projecto de coprocessador aritmético demora anos. Por isso, a AMD novamente optou por uma solução elegante para tentar corrigir este problema no K6-2, seguiu o exemplo da Intel e incorporou novas instruções ao seu processador, o conjunto 3D-Now!, formado por 27 novas instruções que tem o objectivo de agilizar o processamento de imagens tridimensionais, funcionando em conjunto com uma placa aceleradora 3D. Como acontece com as instruções MMX, é necessário que o software usado faça uso do 3D-Now!, caso contrário não existe proveito algum.
Além das novas instruções, os novos K6-2 trouxeram mais uma novidade (pelo menos para a época) que foi o uso de bus de 100 MHz. Lembre-se que o K6-2 ainda utiliza cache L2 na placa mãe. Como o cache opera na mesma frequência que o restante da placa, utilizar placas de 100 MHz trouxe uma grande vantagem para o K6-2, o cache L2 ficou 50% mais rápido, sem falar na memória RAM, que teve seu desempenho aumentado na mesma proporção.
Apesar disso, a AMD continuou produzindo seus processadores K6-2 com o multiplicador desbloqueado. Isso permite instalar processadores K6-2 em placas antigas, que trabalham a apenas 66 MHz, desde claro, que a placa suporte a tensão de 2.2v (ou 2.4v nas versões mais recentes) utilizada pelo processador.
Um K6-2 de 300 MHz pode ser utilizado tanto numa placa mãe configurada para operar a 100 MHz com multiplicador de 3x, quanto numa outra, configurada para operar a 66 MHz com multiplicador de 4.5x. Naturalmente, o desempenho será melhor na placa de 100 MHz, pela diferença na frequência da memória e do cache L2.
Também foi mantida a compatibilidade com as instruções MMX, com a possibilidade de executar até 2 instruções MMX por ciclo de relógio. Todos os K6-2 são fabricados usando-se uma técnica de produção de 0.25 mícron. É por isso que o K6-2 chegou a apenas 550 MHz, antes de dar lugar ao Athlon e ao Duron, que trouxeram a resposta para a maior parte dos seus problemas.
in Manual de Hardware Completo
de Carlos E Marimoto
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