Com o lançamento do Pentium II, a Intel abandonou a fabricação do Pentium MMX, passando a vender apenas processadores Pentium II que eram muito mais caros. O problema com esta estratégia foi que a Intel passou a perder terreno rapidamente no mercado de PCs de baixo custo, para os processadores K6 e 6x86 respectivamente da AMD e da Cyrix, que apesar de apresentarem um desempenho ligeiramente inferior, custavam menos da metade do preço de um Pentium II com a mesmo velocidade.
Tentando remediar a asneira, a Intel resolveu lançar uma versão de baixo custo do Pentium II, baptizada de Celeron, do Latin “Celerus” que significa velocidade. O Celeron original, nada mais era do que um Pentium II desprovido do Cache L2 integrado e do invólucro plástico, responsáveis por boa parte dos custos de produção do Pentium II, ou seja, vinha “despido”. É impossível evitar uma comparação com o 486SX, que não passava de uma versão “castrada” do 486DX.
As primeiras versões do Celeron, que incluem todos os de 266 MHz e alguns dos de 300 MHz, não traziam cache L2 e por isso apresentavam um desempenho muito fraco na maioria dos aplicativos, apesar de ainda conservarem um desempenho razoável em jogos e programas que utilizam muito o coprocessador aritmético.
O Cache L2 é um componente extremamente importante nos processadores actuais, pois apesar da potência dos processadores ter aumentado quase 10,000 vezes nas últimas duas décadas, a memória RAM pouco evoluiu em velocidade. Pouco adianta um processador veloz, se a todo o instante ele tem que parar o que está fazendo para esperar dados provenientes da memória RAM.
É justamente aí que entra o cache secundário, reunindo os dados mais importantes da memória para que o processador não precise ficar esperando. Retirando o cache L2, a performance do equipamento cai em quase 40%, só não caindo mais por que ainda conservamos o cache L1.
Justamente por isso, além de perder para o seu irmão mais velho, o Celeron sem cache perdia até mesmo para processadores mais antigos. De fato, um Celeron sem cache de 266 MHz perde até mesmo para um 233 MMX em muitas aplicações.
Devido ao seu baixo desempenho, o Celeron sem cache não conseguiu uma boa aceitação no mercado, sendo inclusive muito criticado pela imprensa. Numa nova tentativa de remediar a asneira cometida, a Intel resolveu equipar as novas versões do Celeron com 128 KB de cache L2, que ao contrário do cache encontrado no Pentium II, funciona na mesma frequência do processador. Todos os Celerons à venda actualmente possuem cache, isto inclui todas as versões a partir do Celeron de 333 MHz e a maioria dos de 300 MHz. Para não haver confusão, a versão de 300 MHz com cache é chamada de 300A.
Enquanto no Pentium II o cache é formado por chips separados, soldados na placa de circuito do processador, no Celeron o cache L2 faz parte do próprio núcleo do processador. Estes 128 KB de cache fazem uma diferença incrível na performance do processador. Enquanto um Celeron antigo é quase 40% mais lento que um Pentium II do mesmo clock, o Celeron com cache é menos de 6% mais lento, chegando a empatar em algumas aplicações. Isto acontece pois apesar do Celeron possuir uma quantidade 4 vezes menor de cache, nele o cache L2 funciona duas vezes mais rápido, compensando em grande parte a diferença. Claro que isso depende do programa que estiver sendo executado.
Alguns programas, como o Word por exemplo, necessitam de uma grande quantidade de cache. Neste caso, mesmo sendo mais lento, o cache do Pentium II acaba sendo muito mais eficiente por ser maior. Em compensação, programas que manipulam imagens em geral necessitam de um cache L2 mais rápido, pois os dados a serem manipulados são menos repetitivos. Neste caso, o cache do Celeron acaba sendo tão ou até mesmo mais eficiente do que o cache encontrado no Pentium II.
Outro ponto a favor do Celeron é seu coprocessador aritmético, que, sendo idêntico ao do Pentium II, é muito mais rápido que o do MMX ou do K6, o que lhe garante um bom desempenho em aplicações gráficas.
Propositadamente, todas as versões do Celeron (com exceção dos Celerons de 800 MHz em diante) utilizam barramento de apenas 66 MHz. Esta é outra diferença em relação ao Pentium II e ao Pentium III. Apesar de em termos de processamento o Celeron chegar às vezes a bater um Pentium II da mesma velocidade, acaba sendo mais lento por utilizar um multiplicador mais alto.
Por exemplo, um Pentium II de 400 MHz utiliza bus de 100 MHz e multiplicador de 4x. Um Celeron de 400 MHz por sua vez utiliza bus de 66 MHz e multiplicador de 6.0x. Apesar de nos dois casos o processador trabalhar na mesma frequência, no caso do Celeron a placa mãe e a memória RAM funcionam mais lentamente, acabando por atrapalhar o desempenho do processador. É por isso que muitas vezes o Celeron acaba ficando 10, até 15% atrás do Pentium II nos benchmarks.
Se por um lado isto atrapalha o desempenho, por outro torna os computadores baseados no Celeron ainda mais baratos, e facilita também na hora do upgrade, já que é possível continuar utilizando antigas memórias de 66 MHz e, em muitos casos, a mesma placa mãe utilizada em conjunto com os Pentium II de 266 e 300 MHz.
in Manual de Hardware Completo
de Carlos E Marimoto
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