terça-feira, 22 de março de 2011

Tarentola bischoffi, Osga das Selvagens

Taxonomia
Reptilia,  Sauria,  Gekkonidae.
 
Tipo de ocorrência
Residente.  Endémica  do  Arquipélago  das  Selvagens.
 
Classificação
VULNERÁVEL  –  VU  (D2) 
Fundamentação:  Espécie  cuja  população  tem  uma  área  de  ocupação  inferior  a 2 km2 e um número de localizações inferior a 5, de tal forma que está vulnerável aos efeitos dos acontecimentos estocásticos, podendo a curto prazo num futuro incerto, passar ao estatuto de Criticamente em Perigo (CR) ou Extinto (EX).
 
Distribuição
Espécie  endémica  do  Arquipélago  das  Selvagens  (Joger  1984),  ocorre  em  três subpopulações isoladas entre si, correspondendo às três ilhas maiores que constituem  o  Arquipélago  das  Selvagens  -  Selvagem  Grande,  Selvagem  Pequena  e Ilhéus de Fora (Wagner 2002a,b).
 
População
Os dados demográficos, apontam para uma população com um efectivo populacional que não ultrapassa os 10.000 indivíduos.

A espécie ocupa, com densidades distintas, cerca de 70% da área da Selvagem Grande (Wagner 2002b), admitindo-se que esta taxa de ocupação seja idêntica para as outras duas ilhas.
 
Habitat
Esta espécie ocorre em matos de arbustos semi-desérticos com solo pedregoso, encontrando-se sob pedras planas bem ajustadas ao solo e com vegetação nas proximidades  (Suaeda  vera)  (Wagner  2002a,b).  Evita  zonas  de  nidificação  de aves  marinhas  (Procellariiformes),  locais  habitados  por  murganhos  (Mus domesticus), assim como o litoral e as escarpas.

Factores de Ameaça
A distribuição muito restrita da espécie, com duas das três subpopulações localizadas  em  ilhas  de  pouca  altitude,  leva  a  que  ameaças  naturais,  incluindo  o  mar, possam constituir um factor de ameaça considerável. Adicionalmente, a reduzida dimensão da área de distribuição conduz a que factores como espécies não-indígenas, parasitas, doenças e inclusive um aumento exagerado das áreas de nidificação  de  aves  marinhas  autóctones,  possam  afectar  gravemente  a  espécie.

Esta osga possui como predadores os murganhos (Mus domesticus), espécie introduzida (Wagner 2002a,b) e a lagartixa da Madeira Lacerta (=Teira) dugesii, espécie autóctone, suspeita de predar as suas posturas.

Segundo  Wagner  (2002b)  os  relatos  verbais  anteriores  apontavam  para  - ..uma osga debaixo de cada pedra -, situação que não se confirmou em censos realizados em 2002 e 2003. Suspeita-se assim que, recentemente, a população tenha vindo a  diminuir.  Para  esta  situação,  poderá  ter  contribuído  o  combate  realizado  pelo Parque Natural da Madeira contra a planta infestante Nicotiana glauca, que teria levado à perda da -base de alimentação- dos murganhos (Mus domesticus), com o consequente aumento da pressão predatória destes sobre a osga das Selvagens.

Medidas de Conservação
As medidas de conservação mais adequadas para esta espécie são as relativas à conservação do seu habitat e ainda ao controlo ou erradicação das espécies não-indígenas que possam ser competidoras ou predadoras da espécie.

A campanha de erradicação de murganhos e de coelhos por envenenamento, levada a cabo pelo Parque Natural da Madeira em 2003, irá provavelmente beneficiar a espécie ao eliminar um seu importante predador. Refere-se que, por precaução, durante os períodos de envenenamento foi considerado conveniente manter em cativeiro no próprio arquipélago várias centenas de indivíduos desta osga.

É ainda de destacar que a área de distribuição desta espécie está incluída numa Reserva  Natural  cujo  acesso  é  condicionado.

Outra Bibliografia consultada
Joger (1985); Barbadillo (1987); Nogales et  al. (1998); Carranza et  al. (2000).

in Livro Vermelho dos Vertebrados

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