sábado, 1 de outubro de 2011

Gasterosteus gymnurus, Esgana-gata

Taxonomia
Actinopterygii,  Gasterosteiformes,  Gasterosteidae.

Tipo de ocorrência
Exibe populações migradoras anádromas e populações residentes.
 
Classificação
EM  PERIGO  –  EN  (B2ab(iii,v)c(iv))
Fundamentação:  Espécie  com  área  de  ocupação  muito  reduzida  (menor  que 30 km2) associada a uma distribuição severamente fragmentada e ainda a um declínio continuado da qualidade do habitat. A inexistência de informação relativa à tendência  populacional abre  a  possibilidade  de  poder  ter  ocorrido  um  declínio continuado  no  número  de indivíduos  maduros  ou  estar  sujeita  a  uma  flutuação acentuada  dos  seus  efectivos.

Distribuição
Ocorre nos rios que desaguam no Mediterrâneo e na costa europeia do Atlântico a sul do Canal da Mancha e ao longo da costa oeste das Ilhas Britânicas e na bacia hidrográfica do Reno (Kottelat 1997).

Em  Portugal  a  sua  presença  está  confirmada  nas  bacias  hidrográficas  dos  rios Minho, Lima, Cávado, Ave, Vouga, Mondego, Tejo, Sado, Mira e algumas ribeiras do Algarve (Almeida 2002, Mesquita & Coelho 2002).

População
Calcula-se que o número de indivíduos maduros seja superior a 10.000. Esta espécie é mais abundante nas bacias hidrográficas do norte do país.

Com base na informação referente às populações espanholas (Doadrio 2001a), é muito provável que tenha existido uma redução no efectivo populacional nos últimos anos, resultante do declínio da qualidade do habitat, em particular devido à poluição do meio aquático.

Existe  um  profundo  desconhecimento  desta  espécie  em  Portugal,  razão  pela qual não é possível determinar se ocorreu um declínio continuado da sua população. 

Contudo, observações pontuais efectuadas pelos autores em determinadas bacias hidrográficas, fazem pressupor que o seu efectivo populacional poderá estar sujeito a acentuadas flutuações interanuais, observando-se uma tendência geral de decréscimo.

Habitat
Os rios permanentes constituem o principal habitat das populações dulciaquícolas desta espécie. No caso dos núcleos populacionais anádromos, o habitat utilizado inclui  o  litoral costeiro  adjacente  aos  estuários,  as  zonas  estuarinas  e  os  ambientes  dulciaquícolas (Viegas  1949,  Maitland  &  Linsell  1986,  Almaça  1996, Doadrio  2001a).

Factores de Ameaça
Os  principais  factores  de  ameaça  estão  relacionados  com  a  perda  de  habitat resultante  da  construção  de  barragens  e  açudes,  da  extracção  de  inertes,  da poluição  aquática  e  da  introdução  de  espécies  não-indígenas  piscívoras,  em particular  o  lagostim-vermelho  Procambarus  clarkii  (Doadrio  2001a,  Foster et al. 2003).

Medidas de Conservação
Esta espécie está abrangida pela legislação nacional de defeso. Nos ambientes dulciaquícolas a implementação de planos de ordenamento, designadamente os Planos de Bacia Hidrográfica e as medidas preconizadas na Directiva-Quadro da Água deverão atingir a melhoria permanente da qualidade dos habitats aquáticos e melhorar as condições para a espécie. Para a conservação do esgana-gata é preciso efectuar a recuperação dos seus habitats.

As  lacunas  de  conhecimento  relativas  a  esta  espécie  justificam  a  realização  de estudos científicos no domínio da dinâmica populacional, biologia e ecologia, estado do habitat e ameaças. É igualmente aconselhável um estudo que determine quais as medidas de conservação adequadas à espécie e pôr em prática um plano de monitorização que avalie periodicamente a tendência demográfica das populações  nacionais.

Notas
No caso da outra espécie de esgana-gata Gasterosteus aculeatus L. são conhecidos núcleos populacionais ocorrentes na mesma bacia hidrográfica que exibem características distintas no que concerne a fenómenos migratórios. Snyder (1991) descreve para a mesma bacia hidrográfica a existência de uma população estuarina que evidencia uma marcada anadromia, invernando na zona marinha costeira e efectuando uma migração reprodutora para os ambientes dulciaquícolas durante a Primavera e ainda duas populações dulciaquícolas, uma sedentária e outra migradora que utiliza duas zonas distintas, uma para passar o Inverno e outra para se reproduzir.  Embora  não  existam  informações consistentes  para  as  populações portuguesas de esgana-gata, é muito provável que a situação descrita anteriormente para G. aculeatus se verifique igualmente em Portugal com G. gymnurus.

Outra bibliografia consultada
Rebelo & Pombo (2001); Wood (2003).

in Livro Vermelho dos Vertebrados

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