terça-feira, 13 de março de 2012

Aythya ferina, Zarro

Taxonomia
Aves, Anseriformes, Anatidae.

Tipo de ocorrência
Residente e invernante.
 
Classificação
População residente: EM PERIGO - EN* (D)
Fundamentação: População extremamente reduzida (c. 15 casais), sendo o número de localizações onde nidifica inferior a cinco. Na adaptação à escala regional desceu uma categoria, por se admitir que a população nacional pode ser alvo de imigração significativa e não ser de esperar que a imigração das regiões vizinhas possa vir a diminuir.
População  invernante:  VULNERÁVEL - VU* (A2c+3c+4c;C2a(ii))
Fundamentação: A acentuada redução dos locais de ocorrência da espécie e do número de indivíduos censados leva a admitir que tenha ocorrido, nos últimos 10 anos, uma redução do tamanho da população que poderá ter sido superior a 50%; as causas dessa redução não terão cessado, prevendo-se que possam continuar a fazer sentir-se no futuro próximo. A população tem um  tamanho muito reduzido (entre 250 e 1.000 indivíduos maturos) e encontra-se em declínio continuado, com todos os indivíduos concentrados numa única subpopulação. No entanto, por ser um taxon visitante não reprodutor cujas condições não se estão a deteriorar nem fora nem no interior da região, o que leva a admitir um risco de extinção mais reduzido em Portugal, desceu uma categoria na adaptação à escala regional.

Distribuição
É uma espécie com distribuição Afro-eurasiática, encontrando-se desde a Islândia, Península Ibérica e Noroeste de África até à Ásia Central, Sudeste asiático e Japão. É parcialmente migradora e durante o Inverno encontra-se na região mediterrânica, Este de África e região subsariana, Médio Oriente, Mar Cáspio, Paquistão, Índia, Sudeste asiático e Japão. Encontram-se indivíduos durante todo o ano em regiões temperadas e mediterrânicas, incluindo Portugal. Durante o Inverno juntam-se a estes, indivíduos de populações que nidificam no Centro e Nordeste da Europa (del Hoyo et al. 1992,
Wetlands International 2002).

Em Portugal, distribui-se de modo disperso por várias zonas húmidas do Sul do país, mas ocupando uma área restrita (inferior a 20 km2). O principal núcleo nidificante encontra-se no Paul do Boquilobo e no complexo do Ludo-Quinta do Lago.
 
População
Os censos de anatídeos realizados durante a época de reprodução (Encarnação V dados não publicados) estimam a população nidificante de zarro em 15 casais, e indicam que estará estável.

Os efectivos recenseados desta espécie nos últimos dez anos, no âmbito dos censos anuais de aves aquáticas invernantes, registam valores entre os 250 e os 1.000 indivíduos (Rufino 1993, Costa & Guedes 1996, Costa & Rufino 1993, 1996 e 1997, Encarnação V & Guedes RS dados não publicados). A análise dos resultados dos censos feitos entre 1972 e 2000 indica uma tendência populacional de reduzido declínio, com um declínio continuado que em 10 anos foi superior a 10% (Sousa 2002b). A acentuada redução dos locais de ocorrência da espécie e do número de indivíduos censados leva a admitir que tenha ocorrido, nos últimos 10 anos, uma redução do tamanho da população que poderá mesmo ter sido superior a 50%.

As populações invernantes na Europa Ocidental apresentam-se estáveis ou em aumento (Wetlands International 2002). Esta tendência, juntamente com o facto de se admitir que o habitat não esteja em declínio em Portugal, levou a assumir um risco de extinção da população invernante no nosso território mais reduzido, tendo descido uma categoria na adaptação à escala regional.

Em  termos  de  estatuto  de  ameaça  a  nível  da  Europa,  a  espécie  é  considerada Em Declínio, embora ainda provisoriamente, apresentando um declínio recente moderado (BirdLife International 2004). Em Espanha, é classificada como Pouco Preocupante (LC) (Madroño et al. 2004). É referido que a população nidificante neste país sofreu um importante incremento populacional nas últimas décadas (Corbacho 2003b), o que leva a admitir um risco de extinção da população nidificante em Portugal mais reduzido, tendo-se descido uma categoria na adaptação regional.

Habitat
Prefere zonas húmidas naturais ou artificiais de água doce, pouco profundas, calmas e abertas, que ofereçam vegetação emergente abundante com margens suaves ou ilhas, e que não sofram grandes alterações dos níveis de água. Evita planos de água agitada, marinhos ou salobros.

No Inverno, concentra-se em lagoas, albufeiras e zonas abrigadas de estuários.

Factores de Ameaça
Entre os factores de ameaça desta espécie destacam-se a drenagem e destruição de zonas húmidas, a poluição da água, por efluentes domésticos, industriais e agrícolas.

É também muito sensível a alterações do nível de água, o que em muitos casos o leva a frequentar planos de água artificiais.

Medidas de Conservação
Esta espécie, tal como a maioria das espécies aquáticas, é favorecida com a manutenção dos níveis de água nas áreas onde nidifica, bem como com a minimização da perturbação nos locais de nidificação e de invernada.

Por outro lado, é uma espécie que beneficiará largamente da melhoria da eficácia do controlo e tratamento das descargas de efluentes.

Importa também assegurar a monitorização dos efectivos residentes e invernantes.
 in Livro Vermelho dos Vertebrados

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