Monachus monachus, Lobo-marinho

Taxonomia
Mammalia, Pinnipedia, Phocidae.

Tipo de ocorrência
Residente.
 

Classificação
CRITICAMENTE EM PERIGO - CR (D)
Fundamentação: A espécie tem uma população extremamente pequena (menos de 50 animais maduros) e uma área de ocupação muito restrita.
 

Distribuição
O lobo-marinho ocorre numa área limitada à bacia do Mediterrâneo, costa noroeste-africana (Mauritânia e Marrocos) e às Ilhas Desertas e Madeira (Marchessaux 1989, Neves & Pires 1999).

População
Apesar de ter sofrido uma elevada redução populacional no passado (cerca de 80% nas últimas décadas), a população da Madeira encontra-se presentemente em crescimento. O Parque Natural da Madeira (2003) estima a existência de 25 animais em toda a área do Arquipélago da Madeira.

Habitat
A espécie ocorre em mar aberto durante os períodos de deslocação entre ilhas e, em redor das ilhas, em zonas de profundidade superior a 6 metros. Utiliza ainda zonas de baixa profundidade (inferior a 6 m) junto à costa (incluindo baías e zonas de baixios), costas rochosas com falésias abruptas em cuja base existem grutas (formadas pela erosão das ondas) e ainda, praias de calhaus rolados ou areia.

Dadas as características oceânicas (ausência de plataforma continental de que resultam águas profundas próximo de costa) das Ilhas Desertas e da Madeira, é de supor que estes animais não se afastem muito da costa (menos de 2 milhas).

Factores de Ameaça
Os principais factores de ameaça desta espécie são: a captura acidental em artes de pesca, principalmente redes de emalhar; pesca ilegal com recurso a dinamite; possibilidade de ocorrência de derrames de crude ou outras substâncias poluentes, resultantes de acidentes no mar ou de lavagem de tanques; possibilidade de desmoronamentos de terras que poderão provocar o fecho da entrada das grutas (ou abatimento dos tectos das grutas); alterações na dinâmica e distribuição das presas (Freitas 1994, Neves & Pires 1999).

Diversas ameaças a esta espécie podem actuar em consequência de certas características da biologia da espécie (tais como a dispersão limitada dos efectivos populacionais, baixa taxa de crescimento da população, a possibilidade de ocorrência de elevada mortalidade juvenil e a vulnerabilidade a factores patogénicos que provoquem elevadas mortalidades num curto espaço de tempo (e.g. infecção por morbillivirus)) (Freitas 1994).

Medidas de Conservação
Foi levado a cabo um vasto leque de medidas, das quais se destacam: o desenvolvimento e implementação de legislação a nível regional; a criação de áreas protegidas (Área de Protecção Especial das Ilhas Desertas, Reserva Natural da Rocha do Navio, Sítio de Importância Comunitária da Ponta de S. Lourenço); a gestão comunitária, através da conversão de artes de pesca, designadamente a substituição de redes de emalhar por aparelhos de anzol; a formação de guardas e vigilantes e incremento das acções de vigilância e fiscalização (Neves & Pires 1999).

Estão em curso as seguintes medidas: desenvolvimento de acções de educação e sensibilização ambiental; acções de vigilância e fiscalização; acções de investigação orientadas para a avaliação e distribuição dos efectivos populacionais, estudos de biologia e ecologia; monitorização continuada da população; bem como um incremento de novas medidas de conservação (Neves & Pires 1999).

Outra bibliografia consultada
Sergeant et  al. (1978), Pires & Neves (2001).

 in Livro Vermelho dos Vertebrados